As próximas Raposas Serra do Sol


No Mato Grosso do Sul, indígenasreivindicam demarcação de terras, mas enfrentam resistência de governo e violência dos fazendeiros. Foto: Cimi

Há mais de dez anos tramitam no Senado e na Câmara duas Propostas de Emendas à Constituição (PEC) que visam compartilhar com o Poder Legislativo a decisão sobre quais áreas poderão se tornar reservas indígenas. Os projetos estavam parados no Congresso até 2008, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a demarcação da reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. A decisão reavivou as PECs 38 e 215, ambas de autoria de parlamentares roraimenses.

Qualificadas como “extremamente danosas aos povos indígenas”, pelo secretário-executivo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Cléber Buzatto, as PECs causam arrepios em defensores dos direitos indígenas. “Se a proposta for aprovada, representará um passo atrás na luta desses povos”, afirma Sarah Shenker, da ONG internacional Survivor.

Na Câmara, o projeto é de autoria do ex-deputado Almir Sá (do então PPB de Roraima). Hoje o responsável pelo texto é o deputado paranaense Osmar Serraglio (PMDB-PR), relator da PEC 215 (2000) na Comissão de Constituição Justiça e Cidadania da Câmara – segundo quem “não há o que temer”. Para ele, a PEC 215 respeita o pacto Federativo e dá mais participação aos estados no que se refere à questão indígena.

“Após o episódio Raposa Serra do Sol, o STF determinou que os estados devem possuir maior participação nas questões de demarcação de terras indígenas. E o que a PEC 215 propõe é que a participação dos estados se dê no Congresso Nacional, por meio dos senadores e deputados federais”, diz Serraglio. (mais…)

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Os livros de concursos públicos

Por Ignácio Loyolla – Da Carta Potiguar

HOMO CONCURSEIRUS

Faria uma boa análise sociológica quem se debruçasse sobre os livros de auto-ajuda que educam para passar em concursos públicos. Carregados de pregação moral e frases de ordem, este tipo de literatura não tem a pretensão, apenas, de ensinar como os concursandos devem estudar. Há todo um modo de vida que é (im) exposto.

A tônica é sempre a da disciplina e da memorização. Os alunos são incentivados a refazerem suas práticas em favor de uma rotina completamente voltada para a apreensão daquilo que é necessário para ser aprovado em uma seleção para ocupar um cargo no Estado. Porém, a reflexão, quase que via de regra, é deixada de lado. “Só estude o que interessa”, diz o autor de um livro da área. A ideia de formação se resume, neste sentido, a um programa de um edital. Como me disse certa vez um amigo: “para ser juiz não preciso saber aonde fica o Chile”.

A capacidade de estabelecer uma relação crítica com o assunto é quase que completamente apagada. O código da lei do servidor, sempre presente no conteúdo das seleções, é lido sem a menor pretensão de questionar qual o tipo de relação trabalhista que ele expressa. Reter as informações “relevantes”, com todo o viés do que implica algo relevante neste contexto, é o que importa.

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Cúpula dos Povos: contraposição ao discurso da Rio+20

or Luiz Felipe Albuquerque, Da Página do MST

Em paralelo à Conferência da Rio+20, acontece na cidade do Rio de Janeiro a Cúpula dos Povos, entre os dias 15 a 23 de junho.

O evento que reunirá diversos povos das mais variadas partes do mundo, organizações, entidades, movimentos sociais, centrais sindicais, etc, pretende debater e desmascarar as atuais soluções que estão sendo propostas e discutidas pelas nações e pelo mercado em relação aos problemas ambientais.

O tema central que permeia o debate da Rio+20 foca-se na chamada “economia verde”, classificada pelas organizações críticas a tais propostas como “falsas soluções”.

Nesse sentido, Marcelo Durão, da Via Campesina Brasil, discute sobre as perspectivas em torno da Conferência, o que está por trás do conceito de “economia verde”, além de explicar o que será e o que pretende a Cúpula dos Povos. Confira a entrevista: (mais…)

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Jornalista 4 vezes ganhador do Prêmio Esso perde no STJ e desiste de recurso

Lúcio Flávio Pinto é processado no Pará por chamar dono de construtora de ‘pirata fundiário’

Gabriel Manzano, de O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO – Um dos mais polêmicos processos envolvendo a imprensa, na história recente do País, está prestes a ser decidido – e contra o jornalista. Na terça-feira, dia 28, vence o prazo do recurso que o ex-correspondente do Estado Lúcio Flávio Pinto, de Belém (PA), poderia apresentar ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), no processo em que um grande empresário lhe cobra uma indenização “por dano moral”. Cansado de brigar, sem recursos, sob o peso de 33 processos em duas décadas, o jornalista decidiu que não vai mais recorrer.

“Não tenho meios para sustentar uma representação desse porte. Muito menos para arcar com a indenização que me foi imputada”, informou Lúcio Flávio em seu blog Jornal Pessoal, assim que o STJ decidiu arquivar o caso. “Eu teria ainda de me submeter outra vez a um tribunal no qual não tenho mais fé alguma”, disse ele sobre o Tribunal de Justiça do Pará, onde um juiz-substituto, que só atuou por um dia, atravessou o andamento do processo e o condenou.

O empresário que o processou era Cecílio do Rego Monteiro, dono de uma grande construtora e morto em 2008. Em uma reportagem, em 1999, Lúcio Flávio o chamou de “pirata fundiário” por se apossar de imensa área de terras do Vale do Rio Xingu – que, segundo a própria Justiça Federal, pertencem à União. (mais…)

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STF – Recebida denúncia contra senador por trabalho escravo

A denúncia contida no Inquérito (INQ 2131) contra o senador João Batista de Jesus Ribeiro (PR-TO) foi recebida, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por suposta prática de crime de submissão a trabalho escravo contra trabalhadores, em fazenda de sua propriedade localizada em município paraense. A decisão ocorreu durante sessão plenária desta quinta-feira, por votação majoritária.

O caso

A denúncia foi formulada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) que apontou, em tese, prática de aliciamento fraudulento de trabalhadores (artigo 207, parágrafo 1º, do Código Penal – CP) em Araguaína (TO), para trabalharem na Fazenda Ouro Verde, no município de Piçarra (PA). A denúncia envolve, também, os delitos de frustração de direito assegurado pela legislação trabalhista (artigo 203 do CP) e redução de trabalhador à condição análoga à de escravo (artigo 149 do CP), ambos com a incidência da causa de aumento de pena prevista para a contratação de menor (parágrafo 2º dos artigos).

Formulada no Inquérito (INQ) 2131, a denúncia resultou de inspeção feita em fevereiro de 2004 na propriedade rural do senador por um grupo móvel de auditores-fiscais do Ministério do Trabalho, após informações de um trabalhador à Comissão de Pastoral da Terra (CPT) de Araguaína (TO) sobre suposto trabalho escravo. A denúncia abarca também o suposto administrador da fazenda, Osvaldo Brito Filho. (mais…)

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