Vale Rica, Maranhão Pobre

A contar pela quantidade de riqueza que passa pelo Estado do Maranhão, via estrada de ferro que somam 892 km de extensão que vai de Parauapepas, no Pará, ao Porto do Itaqui, em São Luís capital do Maranhão.

O preço disso é um saldo de gente surda, matança de gente e animais, barulho ensurdecedor, prostituição, pobreza, rachadura nas paredes das casas, problemas de saúde e outros males que também chegam pelos trilhos ou mesmo por rodovias. Os moradores que moram às margens (literalmente) da Estrada de Ferros de Carajás (EFC), são conscientes de que a riqueza passa a poucos metros de suas casas e lamentam que nada fique nos municípios.

Só para que se tenha uma ideia da riqueza exportada e que passa na porta dos maranhenses, de acordo com pesquisa, o consumo de minério de ferro, até 2015, atingirá aproximadamente 1,7 bilhão de toneladas, um aumento de 70%, em relação a 2010. Cerca de 2 mil funcionários da empresa Odebrecht chegaram para trabalhar na região a partir de 2010. Para a duplicação da estrada de ferro serão despendidos cerca de 7,8 bilhões de dólares, até 2014, maior projeto da indústria de minério de ferro do mundo. O projeto é o S11D, na Serra Sul de Carajás, em Canaã dos Carajás, Pará. A previsão é que todo esse investimento aumente a capacidade de produção dos atuais 100 milhões de toneladas ao ano para 230 milhões em 2015. Acrescente-se a duplicação da ferrovia, um ramal ferroviário de 100 km que ligará a mina de Canaã à EFC, em Parauapepas e ainda a construção de um quarto píer, na Ponta da Madeira, em São Luís.

Um corredor do minério dos Carajás – no município de Parauapepas , no sul do Pará, onde se situa o programa de mineração Grande Carajás, até o Porto do Itaqui, em São Luís. Para que se tenha uma noção, toda essa riqueza é um verdadeiro contraste com a pobreza em que vive grande parte de maranhenses que moram ao longo da ferrovia,  moradores das cidades como Bom Jesus das Selvas, Açailândia e outras, incluindo à zona rural. Paredes rachadas, matança de seres humanos e animais, mutilações, prostituição, exploração sexual, inchaço das cidades e pobreza: esse o resultado.

As novas obras de duplicação da ferrovia atingirão áreas indígenas, quilombolas, de conservação ambiental, de patrimônio histórico e arqueológico e para reforma agrária. Os números são trágicos e com piores prenúncios, pois serão retiradas 1.168 unidades de referências que incluem casas, quintas, plantações e povoados. Esse é uma dado que causa pânico, mas não mais que a estatística de que no município de Bom Jesus das Selvas 50% da população vive em pobreza extrema, com menos de 70,00 por mês.

http://www.jornaldeitapecuru.com.br/2012/2/6/vale-rica-maranhao-pobre-152.htm

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