URGENTE: Afinal, qual a vocação da Marinha da Bahia? Massacrar descendentes dos sobreviventes dos navios negreiros?

Às 18:11, postamos a matéria abaixo. A informação que acaba de chegar  é de que a comunidade de Rio dos Macacos acaba de ser cercada pela Marinha, com os militares portando armas de alto calibre. Tudo indica que @s Quilombolas serão expulsos durante a madrugada ou, no máximo, ao amanhecer.

É urgente que essa informação seja repassada para os canais competentes, e que eles não se omitam!

Ou será que a Marinha brasileira, que sempre agiu como a mais aristocráticas das Forças Armadas, gostaria na verdade de ter uma experiência como responsável não pelo comando de navios negreiros, mas pelo massacre dos descendentes daqueles e daquelas que neles foram transportados?

BA – Comunidade Quilombola Rio dos Macacos poderá ser expulsa do seu território sexta-feira, dia 4. Vamos ajudar a impedir!

Por racismoambiental, 31/10/2011 18:11

A Comunidade Quilombola Rio dos Macacos vive há mais de 200 anos no Recôncavo baiano, com suas casas, plantações, fruteiras e provas históricas de sua existência que incluem até mesmo sítios arqueológicos. Há 50 anos, a Marinha se instalou na região e, assim como vem acontecendo com o Quilombo da Marambaia, no Rio de Janeiro, está usando das mesmas estratégias – que incluem o cerceamento do direito de ir e vir, entre outros – para ameaçar e, pela via judicial, expulsar a comunidade.

Ano passado, quando receberam a ação de despejo, uma das mais antigas moradoras da comunidade morreu do coração, aos 115 anos. Atualmente, há idosos de até 111 anos, entre as 43 famílias. E são exatamente as pessoas que dizem que não se deixarão expulsar!

A comunidade havia entendido que, com a emissão da certidão de autorreconhecimento, o parecer favorável do Ministério Público Federal e a audiência pública na presença do Juiz da 10a. Vara, Evandro Reimão dos Reis, a situação havia sido contornada. No entanto, a notícia que agora têm é de que a expulsão será mantida para o dia 4, sexta-feira, próxima. E a Prefeitura se limita a prometer disponibilizar uma escola para abrigar 10 das 43 famílias!

Os Movimentos aliados e a comunidade estão pedindo ajuda sob a forma de cartas e mensagens para os órgãos e pessoas abaixo relacionadas, pedindo garantia para manter seu território. Pedem também ajuda na divulgação desta denúncia. Por favor, vamos apoiar! TP.

Abaixo, a denúncia original recebida por este Blog, assim como os nomes e endereços:

NOTA PÚBLICA: COMUNIDADE QUILOMBOLA RIO DOS MACACOS DA BAHIA PODERÁ SER DESPEJADA DO SEU TERRITÓRIO NO PRÓXIMO DIA 04.11.2011

Nós, do movimento dos Pescadores, Pescadoras e Quilombolas da Região do Recôncavo da Bahia, conclamamos a sociedade a apoiar a Comunidade Quilombola Rio dos Macacos e denunciamos a ação truculenta da Marinha do Brasil

A entrada do mês da consciência negra na Bahia, no ano de 2011, poderá ser inaugurada com o despejo de uma comunidade quilombola bicentenária, a qual está ameaçada de sofrer com uma decisão liminar de despejo decretada pelo juiz da 10ª Vara Federal a pedido da Marinha do Brasil, que se instalou nesta região há apenas 50 anos. Se isto acontecer, serão 43 famílias, com mais de 160 crianças, que estarão sem eira nem beira e somente com promessa da prefeitura de alojá-los provisoriamente em uma escola do município de Simões Filho.

No próximo dia 4 de novembro de 2011, a comunidade poderá ter destruído todo seu patrimônio histórico, suas casas, suas fruteiras, as ruínas que guardam restos mortais dos escravos que habitaram o território, as marcas do cativeiro, instrumentos de tortura, as plantações e toda sua história.

A comunidade Rio dos Macacos é uma comunidade negra rural que se auto-identifica comunidade quilombola, já certificada pela Fundação Cultural Palmares e com processo aberto para regularização fundiária pelo INCRA. Esta comunidade habita este território há mais de 200 anos, e tem várias pessoas idosas, com mais de 100 anos, que já nasceram na comunidade. E a Marinha, agora, os acusa de invasores e entrou com uma ação Reivindicatória para desalojar a comunidade do seu território, a fim de ampliar o condomínio para os seus oficiais.

Desde que a Marinha passou a ocupar aquele espaço tornou a vida da comunidade um verdadeiro inferno: passou a impedir o direito de ir e vir da comunidade; a intimidar as famílias; ameaçar homens, mulheres, idosos e crianças com armas de alto calibre; limitar a visita de familiares; espancar trabalhadores que trabalhavam na roça a fim de impedir a subsistência e deslegitimar a ocupação da comunidade. Além disso, impediu o direito de crianças irem estudar, tendo como conseqüência o alto índice de analfabetismo da comunidade; impediu que a comunidade pescasse, prendendo, espancando sempre que encontrasse os pescadores exercendo a atividade; impediu a comunidade de ter acesso a água tratada, energia e melhoria da estrada; e derrubaram casas de moradores. Sempre impediu que o serviço de emergência chegasse à comunidade, acarretando mortes e partos na estrada por falta de socorro. Já prenderam inúmeras vezes, na  Base Naval, pessoas da comunidade quando retornavam do trabalho.

A Marinha entrou com um pedido de despejo da comunidade junto à 10ª Vara Federal em 2009. A comunidade procurou a Defensoria Pública da União, que atuou no caso sem recorrer da decisão do Juiz. Só recentemente a comunidade passou a contar com apoio jurídico e de movimentos sociais. Várias famílias que não participaram do processo pediram na justiça o embargo da liminar. O Ministério Público Federal visitou a área e comprovou a existência da comunidade, as irregularidades, e entrou com uma Ação Civil Pública. E, em audiência no último dia 20 de outubro, o juiz deu a entender que iria manter a liminar.

Pedimos a todos que apoiem a comunidade, mandando cartas para o Juiz da 10ª Vara, Evandro Reimão dos Reis; para Presidenta Dilma Roussef, para que intermedeie junto ao Ministério da Defesa e a AGU. À AGU, a fim de que suspendam a ação e instalem um processo de diálogo com a comunidade; ao Ministério da Defesa, a fim de que medeie com a Marinha do Brasil para que parem com as ações arbitrárias e suspendam a ação. Para a Fundação Palmares e o INCRA, para que entrem urgente no caso como partes da ação e concluam com a maior brevidade possível a titulação das terras pertencentes à Comunidade Quilombola. Para o Governador Jaques Wagner, para que medeie o conflito em favor da comunidade.

Certos do compromisso e solidariedade, agradecemos a colaboração de todos!

Movimento dos Pescadores, Pescadoras e Quilombolas – Regional Recôncavo

Endereços para encaminhar solicitações e ofícios:

10 VARA FEDERAL CIVEL – BAHIA
DR. EVANDRO REIMÃO REIS
Av. Ulysses Guimarães nº 2631, Fórum Teixeira de Freitas, Edifício-sede,
2ª andar, Suçuarana, Salvador, Bahia – CEP 41213-970
Tel/Fax:             (71) 3617-2632

 

MINISTÉRIO DA DEFESA
Dr. Celso Amorim
Esplanada dos Ministérios, Bloco Q Brasília – DF – CEP 70.049-900
[email protected] Tel: 61. 3312-8731 Fax: 61-3312-8521

 

ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO
Dr. Luís Inácio Lucena Adams
Ed. Sede I – Setor de Autarquias Sul – Quadra 3 – Lote 5/6, Ed. Multi Brasil Corporate – Brasília-DF – CEP 70.070-030
[email protected] Fax: 3344-0241 Telefone: (61) 3105-8510/8513/8500

 

FUNDAÇÂO CULTURAL PALMARES
Presidente: Eloi Ferreira de Araujo
Telefone:             (61) 3424-0175       Fax: (61) 3226-0351
E-mail: [email protected]

Departamento de Proteção ao Patrimônio Afro-Brasileiro
Diretor: Alexandro Reis
Telefone:             (61) 3424-0101       Fax: (61) 3424-0145
E-mail: [email protected]

INCRA – Instituto nacional de Colonização e Reforma Agrária
Presidente Celso Lisboa de Lacerda
[email protected]
SBN Qd. 01 Bloco D – Edifício Palácio do Desenvolvimento – CEP: 70.057-900 – Brasília-DF -PABX:            (61)3411-7474

SECRETARIA DE POLITICAS DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL
Esplanada dos Ministérios, bloco A, 9º andar Brasília/DF – CEP: 70.054-906
Ministra Dra. Luiza Bairros
Telefone (s):             (61)2025-7006       Fax: (61)2025-7088 E-mail: [email protected]

Enviada por Maria José Honorato Pacheco.

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