O escritor Uruguaio Eduardo Galeano, em sua obra As Veias Abertas da América Latina, descreve que a história desse continente é uma história de exploração, para não dizer de saque.
Sem querer, a rigor, estabelecer uma simetria, nos últimos anos a Universidade Federal de Rondônia tem visto escorrer pelas suas artérias, e se perder nos desvãos da impunidade, substanciais somas de recursos – suficientes para irrigar e sanear as débeis estruturas físicas, administrativas e acadêmicas da UNIR.
O que impede a aplicação correta e eficiente dos recursos destinados ao bom funcionamento dessa Instituição de Ensino?
1. Uma administração comprometida com a sociedade Rondoniense, em sua maioria carente, necessitando de estudos e projetos, não somente para os grandes empreendimentos, mas sobretudo para as pessoas e grupos excluídos da sociedade.
2. A inexistência de uma assessoria, cujo papel deveria consistir numa atuação eficiente, auxiliando a gestão superior na orientação correta das suas funções.
Longe disso, o que assistimos, é um grupo de fiéis escudeiros, sempre prontos a contrapor qualquer tipo de crítica ou denúncia – por mais factuais que sejam – contra a a atual gestão, sem nenhuma capacidade de estabelecer critérios de impessoalidade ou imparcialidade, condições necessárias no desempenho do serviço público.
Agem mais como bajuladores, sempre prestes a defender incondicionalmente as ações da Reitoria, abdicando da sua verdadeira função, qual seja: primar pela qualidade, eficiência e racionalidade da gestão.
3 – Os desvios de funções que privilegiam os que estão mais próximos, indicando-os para determinadas funções, sem que estejam minimamente qualificados, em detrimento de profissionais aptos ao exercício dessas atividades.
4 – A relação de cumplicidade que se estabelece entre Reitoria e as diversas unidades dos campi da UNIR, deixando em evidência a promiscuidade, que ao sabor dos mútuos interesses, beneficia segmentos específicos, excluindo de forma injusta o conjunto da comunidade universitária que passa ao largo das principais decisões que deveriam favorecer a todos.
5 – As emendas parlamentares, que a princípio se constituem num instrumento eficiente de alocação de recursos para a Instituição, no tempo da sua efetiva aplicação, acabam por sofrer determinadas interveniências, vindas quem sabe do além, subtraindo valores significativos do montante total a que é destinado.
6 – O grau de intencionalidade do gestor, face aos objetivos reais do projeto de Universidade que se quer produzir, e as articulações que vão se construindo, face às diversas frações de poder e interesses que estão em disputa.
Estes são alguns dos aspectos que, “juntos e misturados”, configuram o pano de fundo de uma estrutura que, ao se constituir frágil, fica à mercê e ao sabor dos ataques daqueles que a querem dilapidar e fazê-la sangrar até a última gota das suas veias.
É nessa perspectiva que constatamos uma série de irregularidades na presente Gestão Superior da UNIR, algumas já devidamente comprovadas pelo Ministério Público Estadual e pela Controladoria Geral da União.
Temos uma oportunidade ímpar de colocarmos um basta nesse estado de coisas. O nosso movimento é legítimo e se fortalece a cada instante. Todos estamos indignados com a frouxidão do MEC e a leniência de algumas autoridades que querem fazer vistas grossas para algo que não é mais possível contemporizar: o alto nível de desvios de recursos, as irregularidades nos Editais, a corrupção, enfim os incontroláveis desmandos na UNIR.
A greve na UNIR não representa apenas as lutas pelas condições de trabalhado dos docentes e condições de estudos, mas a ética no serviço público. Ou seja, as questões extrapolaram o cotidiano, para se estabelecer nos projetos da construção de uma sociedade justa e fraterna. Faz-se necessário, neste momento, que toda a sociedade se engaje na defesa do que seja verdadeiramente correto, como neste caso, a aplicação devida dos recursos públicos.
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Informações e vídeos sobre o que está acontecendo na UNIR em http://comandodegreveunir.blogspot.com/.