Investimento de Belo Monte já alcança R$ 28 bi

Josette Goulart, Valor Econômico

O número oficial dos investimentos na usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, já é da ordem de R$ 28 bilhões, corrigidos pela inflação medida pelo IPCA.  Ontem, pela primeira vez, números mais detalhados sobre o empreendimento foram divulgados oficialmente ao mercado de capitais.  A responsável pela abertura de dados foi a Cemig, junto com sua controlada Light, ambas recém agregadas à sociedade Norte Energia e que informaram que o valor do investimento com números de abril de 2010 atinge R$ 25,8 bilhões.  As duas companhias esperam ter um retorno real de 10% com o investimento na usina.

O diretor financeiro da Cemig, Luiz Fernando Rolla, disse em teleconferência com investidores que a decisão de entrar agora no empreendimento se deveu a uma série de fatores que mitigaram os riscos de construção e também a melhora das condições de financiamento.  Além disso, a maior parte dos custos já está fixada, além de a receita estar garantida.  Mesmo os 30% da energia que ficou disponível para o mercado livre e autoprodutores já têm receita mínima.

Levando em conta os R$ 78,00 a que foram vendidos os 70% da energia assegurada para o mercado cativo, a média do preço da energia de Belo Monte ficou em R$ 100 o Mwh, segundo Rolla.  Os 20% para o mercado livre ficaram em R$ 130 o Mwh com garantia de compra pelo prazo da concessão pela Eletrobras.  Com isso, alguns agentes do mercado estimam que o preço dos 10% da energia para a Vale e a Sinobras, que são os autoprodutores, seja de R$ 112 o Mwh.

Os retornos apresentados pela Cemig são só expectativas porque as condições gerais do financiamento do BNDES ainda não foram fechadas.  A empresa informou que o banco deve financiar 80% do empreendimento.  Os outros sócios de Belo Monte esperam que com a saída das pequenas construtoras e a entrada da Cemig as condições do restante do financiamento seja melhorada, já que a estatal junto com a Light têm melhor risco de crédito.

Outro ponto que pode alterar a taxa de retorno é o risco de escavação do canal que liga as duas casas de força da usina.  A contratação das construtoras para essa parte foi feita por meio de preço unitário.  O diretor da Cemig, Fernando Schuffner, disse, entretanto que estes riscos estão bem menores do que aqueles percebidos na época do leilão em função do grande números de novos estudos realizados na região.  Os executivos estão otimistas, inclusive, quanto a uma possível melhora no retorno.  Rolla disse ainda que o motivo de entrar na usina foi que o retorno esperado é melhor do que o de novas usinas que tiveram energia vendida nos últimos leilões.

A Cemig entrou no projeto junto com a Light por meio de uma Sociedade de Propósito Específico (SPE) chamada Amazônia Energia em que a Light tem 51% das ações ordinárias para manter o controle privado.  Do capital total da Amazônia Energia, a Cemig terá 75%.  O investimento da empresa será de R$ 600 milhões, valores de abril de 2010, por seis anos.  Como a primeira turbina entra em operação em 2017, os outros três anos de investimento podem ser feitos com o caixa da própria usina.  As explicações da Cemig agradaram o mercado e as ações da empresa tiveram a maior alta do Ibovespa ontem, com 4% de valorização.

http://www.amazonia.org.br/noticias/noticia.cfm?id=397356

 

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