Zygmunto Bauman, o filósofo e sociólogo polonês, famoso pelo seu conceito modernidade líquida, tão fértil que foi aplicado ao amor (líquido), a arte (líquida), ao medo (líquido), ao tempo (líquido) e assim a qualquer coisa, publica o ensaio 44 cartas a partir do mundo líquido [no Brasil publicado pela Zahar].
Bauman esteve em Madri para receber o prêmio Príncipe Asturias de Comunicação e Humanidades 2010 e para realizar uma conferência no Matadero sob o título Tem futuro a solidariedade? No sábado à tarde, no mesmo horário da manifestação mundial dos indignados, fizemos uma conversa em um hotel a menos de 100 metros da praça de Atocha, onde, entre a multidão, não cabia um alfinete.
Reportagem de Vicente Verdú publicada no El País, 17-10-2011. A tradução é do Cepat.
Pergunto ao professor emérito da Universidade de Leeds (Inglaterra) se lhe parece que essas grandes manifestações massivas, pacíficas e tão heterogêneas conseguirão enfrentar os abusos dos mercados, promover uma democracia real, reduzir as injustiças e, em suma, melhorar a equidade no capitalismo global, mas como professor que é, não responde a questão de uma vez só.
Em sua opinião, a origem de todos os graves problemas da crise atual tem sua principal causa na “dissociação entre as escalas da economia e da política”. As forças econômicas são globais e os poderes políticos nacionais. “Essa descompensação arrasa as leis e as referências locais se convertem à crescente globalização. Daí que efetivamente, os políticos se pareçam como marionetes ou como incompetentes, quando não corruptos”. (mais…)