Guarani-kaiowá: um grito de desespero. Entrevista especial com Egon Heck

O Conselho Indigenista Missionário – Cimi vem a público denunciar e repudiar os ataques terroristas e genocidas desferidos contra os guarani-kaiowá, da comunidade Pyelito Kue, em Iguatemi, no estado do Mato Grosso do Sul, ocorridos nos dias 23 de agosto e 5 de setembro. Além de terem seus pertences destruídos, vários indígenas foram covardemente agredidos por homens fortemente armados.

Para o Cimi, o fato de terem sido encontrados, no local dos ataques, cartuchos de munição calibre 12 antitumulto, as chamadas “balas de borracha”, constitui-se em mais um forte indício de formação de milícia armada, no Mato Grosso do Sul, com a finalidade de cometer crimes contra os indígenas daquele estado.

O coordenador do Cimi-MSEgon Heck, em entrevista concedida à IHU On-Line, por email, acredita que a situação de Pyelito KueMbaraka’y, no município de Iguatemi, representa bem a estratégia do agronegócio e da classe dominante de impedir, a qualquer custo, a volta dos índios a seus tekohá, territórios tradicionais. “Quatro vezes foram expulsos, seus barracos queimados, feridos com balas antimotim e afugentados como animais indesejáveis. Por outro lado, revela a capacidade de resistência e estratégia de luta dos guarani-kaiowá, a partir de sua cultura, religiosidade e sabedoria secular”, salienta o coordenador. (mais…)

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Neonazistas brasileiros saem da toca?

Antropóloga aponta principais características dos grupos no Brasil

Eduardo Sales de Lima, da Redação

O jovem punk Johni Raoni Falcão Galanciak foi assassinado na madrugada do dia 4 de setembro. No dia 29 do mesmo mês, a Justiça condenou a 31 anos e 9 meses de prisão, Vinícius Parazatto, um dos skinheads acusados de obrigar dois jovens (que usavam camisetas com nomes de bandas punks), a pular de um trem em movimento, em Mogi das Cruzes, em 2003. Um deles morreu, o outro perdeu um braço. Entretanto, cabe recurso a Vinícius.

Os dois fatos reacendem mais uma vez a luz sobre o crescimento de grupos de extrema direita no país, sobretudo na região metropolitana de São Paulo.

No Brasil, a partir da década de 1980, surgiam os “Carecas do ABC”, em contraposição ao movimento popular e sindical, capitaneado então por Luiz Inácio Lula da Silva.

Anos depois, o contexto atual pode ser explicado, em grande parte, pelo acalorado debate nas eleições presidenciais no ano passado. É o que pensa a antropóloga Adriana Dias, da Unicamp, que estuda a questão do neonazismo no Brasil desde 2002.“A questão do preconceito aos nordestinos, que apareceu no ano passado, vem desde as eleições do Lula. Na eleição da Dilma, isso se radicalizou muitíssimo porque foi levantada a questão do aborto, do casamento gay”, lembra Adriana. (mais…)

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Elite ‘higienizada’ quer remover abrigo para pobres; promotor considera ‘ato de nazismo’

Higienópolis faz escola em SP
Residentes da região negam que haja preconceito com os moradores do abrigo, mas os querem bem distantes. Medo de se ‘sujarem’?

Em um pedido com 1,2 mil assinaturas levado ao Ministério Público Estadual (MPE) no dia 29, moradores de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, tentavam impedir que um albergue para moradores de rua no bairro fosse transferido para uma área da Rua Cardeal Arcoverde. Mas o efeito foi inverso. Ontem, o promotor Maurício Antonio Ribeiro Lopes comparou a iniciativa às tomadas na Alemanha nazista.

Lopes indeferiu o pedido e enviou os nomes de seis síndicos que assinaram a petição para a Delegacia de Polícia Especializada em Crimes Raciais de Delitos de Intolerância(Decradi). Todos serão alvo de inquérito por intolerância social, prevista na Constituição (art. 5.º, inciso 41).

“É de provocar inveja a qualquer higienista social do Terceiro Reich a demonstração de tal insensibilidade. A ideia – ou que ocupa o que deveria ser o seu lugar – associando pobreza e criminalidade e violência não tem guarida teórica e ética”, escreveu. “Esse pedido é muito revoltante”, disse ele. (mais…)

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Abaixo-assinado Manifesto dos Povos Indígenas Kaiabi, Munduruku e Apiaká sobre os Aproveitamentos Hidrelétricos Teles Pires, São Manoel e Foz dos Apiacás

Para:Presidente da República Federativa do Brasil; FUNAI; MPF; MPE; Ministério de Minas e Energia; Ministério da Justiça

Nós lideranças e representantes indígenas reunidos na Aldeia Kururuzinho, entre os dias 21 e 22 de setembro de 2011, vimos através deste manifestar nossa indignação em relação aos Aproveitamentos Hidrelétricos pensados pelo governos Lula e seguido pela sua sucessora a Presidenta Dilma, previstos para serem construídos no Rio Teles Pires.

Nós que vivemos dos recursos naturais dessa região por gerações e gerações sabemos muito bem os graves problemas que essas hidrelétricas irão causar quando alterarem as condições naturais do rio, da floresta, dos animais, dos peixes e dos espíritos que habitam nesse local. Aldeias antigas e cemitérios dos nossos antepassados serão destruídos e inundados. Nossos velhos e pajés sempre nos aconselham a respeitar nossa natureza e falam sobre a importância de preservarmos nossa história e nossos recursos. Mesmo sabendo de tudo isso, as lideranças Kayabi e Apiacá aceitaram a realização dos estudos do componente indígena para que pudéssemos ter maiores esclarecimentos técnicos sobre os impactos desses empreendimentos. (mais…)

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A quem interessa a queda da Ministra Luiza Bairros?

Paulo César Pereira de Oliveira*

Com certeza não interessa ao povo negro brasileiro, nem ao movimento negro autônomo, comprometido e protagonista, que luta por políticas públicas efetivas de combate o racismo e à discriminação racial, e que se pauta pelo compromisso indelével com a população negra, que, apesar dos propalados avanços da última década, ainda enfrenta a violência racial em sua vida cotidiana.

No momento em que circulam fortes rumores na ESPLANADA, de que o PLANALTO pretende “esvaziar” os ministérios voltados para a defesa de direitos (SDH, SPM, SNJ e SEPPIR), que seriam substituídos por um único GRANDE MINISTÉRIO, jogando mulheres, negros, juventude, torturados da ditadura, entre outros, mais uma vez, numa vala comum, no famoso CALDEIRÃO DA DIVERSIDADE, o que tem um grande apelo no imaginário racista brasileiro, que insiste em nos negar identidade, história, cultura e especificidades, não é de se estranhar, que o ‘jornal a Folha de São Paulo’, cumprindo o seu papel histórico, inicie o processo de desgaste de três ministras, exatamente de três das pastas “INDESEJADAS”.

O que nos surpreende é ver determinados segmentos do Movimento Negro cerrando fileira com esta reação conservadora, dando um verdadeiro tiro no pé. Entendemos o descontentamento desses setores, acostumados a uma relação de compadrio, de balcão, sem editais ou chamada pública, e que agora se sentem “desprestigiados”, “não apoiados”, na gestão da ministra Luiza Bairros. A Função da SEPPIR não é, e não pode ser, a de atender às demandas individuais e individualistas, de uma ou outra pessoa, de uma ou outra Entidade. Um ministério de promoção da igualdade racial só se justifica se for capaz de pensar e traçar políticas públicas para a maioria desta nação, formada por nós, negros e negras. (mais…)

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Sacerdote pede saída de Luiza Bairros

Afropress –  Líder da FENATRAB pede saída de Luiza Bairros

Itapecerica/SP – O jornalista, sacerdote do Candomblé de tradição Angola/Congo, presidente da Federação Nacional da Tradição e Cultura Afro-Brasileira (FENATRAB) e do Conselho de Ministros do Instituto Latino-Americano de Tradições Afro-Bantu (ILABANTU), Walmir Damasceno, defendeu publicamente ontem (10/10) a substituição da ministra chefe da SEPPIR, socióloga Luiza Bairros, pois considera sua gestão “ineficiente e voltada apenas para o grupinho político que a cerca”.

“Lamentavelmente, a SEPPIR não funciona e não vem contemplando o atendimento das reivindicações da população negra brasileira e está a serviço de um grupinho aqui, um grupinho ali. Ora, não foi prá isso que ela foi constituida pelo Governo do Presidente Lula, atendendo a uma reivindicação do movimento negro brasileiro”, afirmou.

O jornalista e sacerdote, que mantém as tradições do candomblé Angola-Kongo no Brasil, disse que, antes mesmo de tomar conhecimento da matéria de Afropress e do Jornal Folha de S. Paulo de que a presidente Dilma pretende trocar a ministra na reforma ministerial prevista para fevereiro do próximo ano, já cogitava enviar ao líder da bancada do PT, deputado Paulo Teixeira, um documento expressando a posição. (mais…)

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O tempo em que podemos mudar o mundo

Immanuel Wallerstein, provocador: capitalismo está condenado: resta saber quê irá substituí-lo. Transição não será apocalíptica: dependerá das escolhas que fizermos agora

Entrevista a Sophie Shevardnadze
Tradução: Daniela Frabasile

A entrevista durou pouco mais de onze minutos, mas alimentará horas de debates em todo o mundo e certamente ajudará a enxergar melhor o período tormentoso que vivemos. Aos 81 anos, o sociólogo estadunidense Immanuel Wallerstein, acredita que o capitalismo chegou ao fim da linha: já não pode mais sobreviver como sistema. Mas – e aqui começam as provocações – o que surgirá em seu lugar pode ser melhor (mais igualitário e democrático) ou pior (mais polarizado e explorador) do que temos hoje em dia.

Estamos, pensa este professor da Universidade de Yale e personagem assíduo dos Fóruns Sociais Mundiais, em meio a uma bifurcação, um momento histórico único nos últimos 500 anos. Ao contrário do que pensava Karl Marx, o sistema não sucumbirá num ato heróico. Desabará sobre suas próprias contradições. Mas atenção: diferente de certos críticos do filósofo alemão, Wallerstein não está sugerindo que as ações humanas são irrelevantes. (mais…)

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Indígenas universitários lançam portal sobre a história dos índios no Brasil

Adital – Com o objetivo de auxiliar professores e alunos no estudo da História e das Culturas Indígenas no Brasil, um grupo de seis índios universitários lançou na última quarta-feira, dia 12 de outubro, o site “Índio Educa”. A proposta conta com o apoio da ONG Thydêwá e faz parte do Plano de Ação Conjunto Brasil – Estados Unidos para a Promoção da Igualdade Racial e Ética (Japer).

Através de textos e conteúdos multimídias, os estudantes Alex Macuxi e Sabrynna Taurepang (Roraima), Amaré Krahô-Kanela (Tocantis), Aracy Tupinambá (Rio de Janeiro), Marina Terena e Micheli Kaiowa (Mato Grosso do Sul), irão dialogar com os visitantes sobre as seguintes temáticas: “O que é ser índio hoje?”, “Índio come gente?”, ”Índio mora em Oca?”, ”Índio anda nu?” e “Mitos e Verdades”.

Relembrando o dia 12 de outubro de 1492, quando Cristovão Colombo pisou na América e iniciou os processos de invasão e genocídio, os estudantes decidiram inaugurar o site, no último dia 12, buscando alertar as pessoas, principalmente as crianças, para as diversas realidades que os povos indígenas vivem na sociedade.

Os interessados podem conhecer o site através do endereço: www.indioeduca.org

 

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SP – Agora é em Pinheiros que não querem “gente diferenciada”?

Por Raquel Rolnik

Hoje de manhã ouvi uma notícia na CBN que me chamou a atenção. Um grupo de moradores e comerciantes de Pinheiros recolheu mil e duzentas assinaturas num abaixo-assinado contra a instalação de um albergue para moradores de rua na região e encaminhou o documento para o Ministério Público.

Na verdade, o albergue já existe, apenas será transferido. Hoje ele funciona na altura do número 3ooo da Rua Cardeal Arcoverde, com capacidade para 80 pessoas. Em dezembro ele será transferido para um novo endereço, na mesma rua, só que 1km pra cima, e poderá abrigar até 120 pessoas.

O mais interessante é que o abaixo-assinado foi parar nas mãos do promotor Maurício Antônio Ribeiro Lopes, que não só indeferiu o pedido dos moradores e comerciantes de Pinheiros como também encaminhou o caso para a delegacia especializada em crimes raciais e delitos de intolerância. (mais…)

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