Eduardo Costa
Volto a um assunto já abordado várias vezes nesse espaço, nos últimos três meses, para reafirmar o meu espanto diante da indiferença da sociedade diante da greve dos professores. O fato de o governador não ter se reunido sequer uma vez com a líder dos professores me incomoda, mas, considerando as dificuldades de caixa e os gigantescos números da Educação (são mais de 400 mil profissionais), posso compreender razões apresentadas por seus auxiliares para negar reajuste maior.
O que realmente me corrói é a ausência do meu sindicato – dos Jornalistas -, da OAB, da Assembleia, da Federação das Indústrias, enfim, todos nós, mineiros, que temos o direito e o dever de palpitar, buscar o entendimento e salvar o ano letivo de milhões de jovens pobres desse estado.
Vem um desembargador e dá uma canetada dizendo que o movimento paredista é absurdo… Ora, será que ele toparia viver com R$ 700 por mês? Será que ele acha razoável essa discussão, se o piso deve ser mil e pouco ou R$ 1.500? Outra coisa que me envergonha é a postura de colegas procurando desmoralizar o movimento, com essa história de greve política.
Nós, jornalistas, tínhamos de respeitar os professores, pois, com raras exceções (felizmente, estou entre elas) nossos salários são tão ridículos quanto o deles. Nós estamos jogando no lixo o nosso passado de escola pública, contribuindo para um mundo com aulas ainda mais mentirosas, porque, se esses já desolados professores forem humilhados, será o fim de toda e qualquer esperança… Eles estão no fundo do poço.
Aqui, trechos da carta que me enviou o professor Elivelto Aparecido Nunes, atualmente, fora do ofício por questões de sobrevivência: “Sou professor, mas não estou dando aula nesse momento. É com muita tristeza que venho acompanhando toda a greve. Falo sobre o desequilíbrio de forças entre professores e todo resto. (…) Sou como você, Eduardo. Vim de baixo, família humilde, faculdade com muito esforço. O Brasil não é pobre; é injusto e conservador. Sei também que educação é a única ferramenta capaz de mudar isso. É por isso que ela é tão maltratada. Sei que a maioria do povão gosta e confia no seu trabalho. Por isso nunca se esqueça de Inácia de Carvalho, dos pardos, pretos e pobres desta Minas tão rica. Faça o que puder por estes. Não digo tomar bandeira partidária e afins até porque não é seu papel. A classe mais humilde não tem conhecimento e nem posições políticas e por isso não tem o retorno que por direito é seu. Obrigado de um professor triste, desanimado como a grande maioria da classe”.
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