O ataque às torres gêmeas do World Trade Center, há exatos dez anos, num atentado que não só amputou a paisagem de Nova York, mas acima de tudo tirou a vida de milhares de pessoas, acordando o mundo para tensões inauditas, foi a mais completa experiência de uma catástrofe de que se tem notícia, afirma com convicção o historiador britânico Eric Hobsbawm. “Porque foi vista em cada aparelho de TV, nos dois hemisférios”, justifica em seguida. Mas, quando ele coloca a mesma catástrofe no plano maior da história das civilizações, daí faz com que afirmação superlativa submeta-se a outras associações de ideias, que nos convidam a pensar. E pensar muito.
Aos 94 anos, Eric John Ernest Hobsbawm mais uma vez dá provas de que o caminhar da humanidade se faz com passos que medem séculos e a melhor unidade da história, no seu jeito de ver o mundo, é a “era”, e não os dias, os anos, nem mesmo as décadas. Aqui mesmo, nestas páginas, ele nos contará por que acha que já entramos na “era do declínio americano”, sem em nenhum momento subestimar o país que por muito tempo ainda exportará seu formidável “soft power” – o cinema, a música, a literatura, a moda, os estilos de vida, enfim, todo um aparato cultural.
Hobsbawm concedeu esta entrevista dias atrás, de regresso a Londres depois do descanso de verão. Respondeu por escrito ao conjunto de perguntas. Ao construir as respostas, vê-se como selecionou os exemplos que melhor ilustram seu raciocínio, sempre com invejável disposição intelectual. Ao final do questionário, e depois de revelar até os projetos que gostaria de desenvolver “se fosse mais jovem”, terminou a entrevista com a seguinte afirmação: “Isso é tudo o que eu quero dizer”. (mais…)
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