Em Defesa da Uerj

Não, a universidade não é mera captadora de recursos por conta própria!

Sua função não é sair de pires na mão para compensar a falta de verbas públicas, necessárias à sua missão, sonegadas por governos privatistas, negadores da Educação como direito do cidadão e dever do Estado.

A situação é particularmente grave na Uerj. Enquanto o governo Cabral vive em lua-de-mel com as empreiteiras, o descompromisso com a Educação, com a lei constitucional de 6% da receita para a universidade estadual, os cortes substanciais, mesmo na já magra dotação da universidade, são a regra.

Descompromisso estendido à Saúde, sob ameaça imediata de privatização com as famigeradas “Organizações Sociais – OS”. Um governo que não recua nem diante das tragédias anunciadas como as estúpidas, desnecessárias e criminosas mortes do bondinho de Santa Teresa.

Vidas humanas são secundárias e desprezadas para um governo estadual a serviço dos grandes lucros dos empresários e banqueiros.

Não, a universidade é muito diferente disso!

Infelizmente vimos o espetáculo deprimente do atual reitor Ricardo Vieiralves ir ao programa eleitoral do PMDB, numa negação do mais elementar pluralismo da universidade, hipotecar apoio dele e, pretensamente, da Uerj, a Picciani e Cabral. Picciani se notabiliza apenas pelo seu enriquecimento geométrico e da própria família. Quanto a Cabral, nem precisamos nos aprofundar no seu desgoverno, mas não é muito estranho um reitor, responsável pela defesa da autonomia universitária, se portar como um mero preposto do governante da vez?

Não, a Uerj diz não a esse desrespeito de que foi vítima, desrespeito inaudito contra docentes, estudantes e técnicos-administrativos.

Os estudantes conquistaram o bandejão há quase 4 anos. A autorização para o bandejão saiu no “Diário Oficial” nesta época.  Repudiamos o uso eleitoreiro da inauguração às vésperas do pleito para a reitoria.

A fonte de recursos para o bandejão deve ser pública. Não servir de pretextos para novas privatizações.

Nem os livros escapam à sanha privatista de Vieiralves. A livraria da Uerj, com 13 anos de serviços bem-sucedidos, foi fechada.  Num país em que as livrarias são tão escassas, o reitor fecha uma indispensável dentro da universidade. Tudo para favorecer os negócios do contrato de uma livraria privada, sem descontos para a comunidade da Uerj, coisa corriqueira na livraria pública extinta.

É bom falar em livros na universidade, e multiplicá-los nas bibliotecas da Uerj, mas na gestão Vieiralves  os bibliotecários se queixam da completa falta de aquisições. Em numerosas bibliotecas faltam obras básicas de referência.

Mas o que se pode esperar de um reitor que acha normal a Uerj ter mais de 100 cursos pagos? Um deles, Ortodontia, custa R$ 58.800.  É isso mesmo, R$ 58.800!

Pouco importa para a atual reitoria que a Constituição afirme, com todas as letras, no capítulo sobre a Educação:

“O ensino será ministrado com base na gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais”.

Ou melhor, nada importa, a Constituição garante nosso direito, mas os cursos pagos negam. Será que é por isso que os valores são tão escondidos, nunca são anunciados publicamente nos cartazes de tais cursos?

Não, nós dizemos não. Defendemos as conquistas da Constituição do nosso país, resultado da luta do nosso povo contra a ditadura.

Para nós, o mundo não se reduz aos ditames do deus mercado.

O compromisso da universidade é com o conhecimento, e a crítica dele inseparável.

Nós dizemos não aos numerosos professores substitutos temporários, contratados com “salários” mensais de R$ 270 para três tempos, e R$ 318 para quatro tempos de aula semanais. É isso mesmo, muitos nesta situação humilhante, sem concurso público, exploração comum a  estudantes de pós-graduação feitos professores substitutos temporários.

Falta na Uerj um regime de dedicação exclusiva, indispensável à dignidade dos professores.

Será essa a autodenominada “grande gestão” do reitor Ricardo Vieiralves?

De fato, essa gestão privatista se baseia na redução de direitos:

No tratamento totalmente discriminatório do plano de cargos e carreiras dos técnicos em relação ao dos docentes.

Nos escassos concursos que ao admitir técnicos-administrativos o fazem com salários totalmente aviltados em relação à própria categoria.

Na ampliação constante do quadro de contratados, praticamente sem direitos trabalhistas, para não falar do estímulo a empresas terceirizadas.

Na nenhuma defesa do nosso HUPE diante do plano já aprovado, gestado no Banco Mundial, de privatização dos hospitais universitários do país.

Na privatização já tramada da Policlínica Piquet Carneiro, com sua transformação numa “Organização Social”.

Uma DIJUR que fecha os olhos aos cursos pagos, diz amém à criação de fundações na Uerj, caminho da privatização, e ameaça estudantes com inquéritos e punições.

Um reitor que prefere atos executivos em detrimento da discussão ampla, transparente e democrática.

Não, nós dizemos não!

Essa gestão que apregoa “responsabilidade com a Uerj” é o cúmulo da falta de compromisso com a Uerj pública e democrática.

Talvez por isso os adeptos da atual situação se mostrem tão preocupados com o surgimento do movimento em defesa da Uerj, e de uma candidatura identificada com o caráter público da universidade.

Queremos uma Uerj onde a democracia seja o ar que se respira, defensora do estado do Rio de Janeiro, dos interesses nacionais e comprometida com as necessidades do nosso sofrido povo.


Movimento em Defesa da Uerj

[email protected]

Somos todos responsáveis pela Uerj! Vamos juntos, estudantes, professores           e técnicos-administrativos, construir uma nova Uerj: pública, gratuita,     autônoma, democrática, defensora dos interesses do país e do nosso povo!

 

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