AL – Quilombolas denunciam extração de areia

Na margem do rio é possível ver o trator carregando o caminhão com a areia extraída
Na margem do rio é possível ver o trator carregando o caminhão com a areia extraída

Gilson Monteiro

Depois de toda a devastação provocada pela enchente de 2010, a comunidade quilombola Muquém, em União dos Palmares, enfrenta agora os danos da extração de areia no rio Mundaú.  Há dois meses, as 120 famílias remanescentes de quilombo que vivem aos pés da Serra da Barriga passaram a conviver com o trânsito praticamente ininterrupto de caçambas carregadas de areia, de domingo a domingo.  O resultado é o assoreamento do Rio, acabando com as margens onde as donas de casa lavavam roupas, estradas de barro danificadas além do perigo para crianças que circulam próximo aos veículos. A área onde está sendo extraída a areia era exatamente onde ficava uma quadra de areia improvisada onde os pequenos remanescentes de quilombolas praticavam esporte. O problema será debatido numa reunião na comunidade, agendada para a próxima semana.

A retirada da areia é criticada porque os 22 hectares de terra onde vivem os quilombolas é uma área de posse coletiva, sem divisão de lotes. Mesmo assim, o “proprietário” da área onde está sendo retirada a areia não comunicou à associação.

“A areia que está sendo tirada está acabando com as margens do rio, onde muita gente lava roupa. As crianças agora não têm mais a quadra de areia, que ficava justamente onde as caçambas são carregadas. As estradas estão assim, um atoleiro só. “Como você está vendo, as caçambas carregadas de areia não param de passar. Esse movimento é de dia e de noite, de domingo a domingo. As terras pertencem à comunidade, nada aqui é particular. Tudo que é feito tem que ser combinado com todos. A associação não foi comunidade, já vimos as caçambas chegando”, reclama Albertina Nunes da Silva,  presidente da Associação dos Remanescentes de Quilombos de Muquém.

http://www.ojornalweb.com/2011/06/19/quilombolas-denunciam-extracao-de-areia/

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