Os protestantes e a ditadura

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Documentos inéditos do projeto Brasil: Nunca Mais – até agora guardados no Exterior – chegam ao País e podem jogar luz sobre o comportamento dos evangélicos nos anos de chumbo

Rodrigo Cardoso

No primeiro dia foram oito horas de torturas patrocinadas por sete militares. Pau de arara, choque elétrico, cadeira do dragão e insultos, na tentativa de lhe quebrar a resistência física e moral. “Eu tinha muito medo do que ia sentir na pele, mas principalmente de não suportar e falar. Queriam que eu desse o nome de todos os meus amigos, endereços… Eu dizia: ‘Não posso fazer isso.’ Como eu poderia trazê-los para passar pelo que eu estava passando?” Foram mais de 20 dias de torturas a partir de 28 de fevereiro de 1970, nos porões do Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), em São Paulo.

O estudante de ciências sociais da Universidade de São Paulo (USP) Anivaldo Pereira Padilha, da Igreja Metodista do bairro da Luz, tinha 29 anos quando foi preso pelo temido órgão do Exército. Lá chegou a pensar em suicídio, com medo de trair os companheiros de igreja que comungavam de sua sede por justiça social. Mas o mineiro acredita piamente que conseguiu manter o silêncio, apesar das atrocidades que sofreu no corpo franzino, por causa da fé. (mais…)

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Última fronteira do capitalismo brasileiro

César Sanson*

O Brasil assiste um terceiro ciclo de expansão capitalista. Após o modelo nacional-desenvolvimentista encabeçado por Vargas a partir dos anos 30, que resultou no início das bases da industrialização brasileira e do modelo de industrialização associado ao capital transnacional, e que foi iniciado por Juscelino Kubitschek nos anos 50, temos agora o modelo neodesenvolvimentista, iniciado por Lula e continuado por Dilma Rousseff.

Esse modelo neodesenvolvimentista em substituição ao modelo neoliberal levado a cabo por Fernando Henrique Cardoso retoma as bases dos modelos anteriores – período Vargas e JK – e vem reorganizando o capitalismo brasileiro. As bases do modelo neodesenvolvimentista se fazem a partir da recuperação do papel do Estado como indutor do crescimento econômico. Um Estado que alavanca a infraestrutura para assentar as cadeias produtivas do capital privado.

Uma das pontas de lança do modelo em curso é a hiper-exploração de uma das últimas fronteiras do país: a Amazônia legal. A região já foi palco de um primeiro ciclo de exploração, nos anos 70, a partir da tese da geopolítica de segurança dos militares que decidiram ocupá-la com o projeto de transferência de populações para a região. O ciclo desenvolvimentista em curso na região nesse momento, entretanto, é incomparavelmente maior e o aumento da violência e dos impactos ambientais e sociais na região está relacionado a essa nova dinâmica. (mais…)

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Americanos esterilizados em programa de eugenia lutam por indenização do Estado

Elaine Riddick (Foto: Arquivo pessoal)
Elaine Riddick (Foto: Arquivo pessoal)

Programa para evitar que pobres e deficientes mentais procriassem levou à esterilização de mais de 60 mil até 1979 nos EUA

BBC

Em 1968, nos Estados Unidos, Elaine Riddick foi violentada por um vizinho que ameaçou matá-la se ela relatasse o ocorrido a alguém.

Criada em ambiente cercado de abusos, filha de pais violentos, na empobrecida cidadezinha de Winfall, na Carolina do Norte, a adolescente tinha 13 anos de idade.

Nove meses mais tarde, quando estava no hospital, dando à luz uma criança – fruto do crime de que tinha sido vítima – Riddick foi violentada pela segunda vez, agora pelo Estado – ela diz. Uma assistente social que a tinha declarado ‘mentalmente fraca’ pediu ao Eugenics Board – órgão americano encarregado de implementar no país as ideologias da eugenia – que esterilizasse a adolescente.

Hoje tida como uma falsa ciência, a eugenia foi um dos pilares do Nazismo na Alemanha e chegou a ser considerada um ramo respeitável das Ciências Sociais. O termo quer dizer ‘bom nascimento’ e foi criado em 1883 pelo britânico Francis Galton. A ideologia propunha o estudo de agentes capazes de melhorar ou empobrecer as características raciais de gerações futuras, física ou mentalmente. (mais…)

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CSA: um crime ambiental

Os impactos causados pela Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), da Thyssenkrupp e da Vale, em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio de Janeiro, estão longe de acabar. No dia 8 de junho, o Ministério Público (MP) denunciou pela segunda vez a siderúrgica por crimes ambientais. O diretor de Sustentabilidade da empresa, Luiz Claudio Ferreira Castro, também responderá processo na 2ª Vara Criminal de Santa Cruz.

A CSA é acusada de não comunicar aos órgãos competentes os impactos ambientais causados por suas atividades, como estabelece a Lei 9.605/1998 (*). Para o MP, Luiz Castro, por ser gestor técnico da CSA, tinha como obrigação relatar os impactos. As penas para esses crimes incluem prisão e multa. “Esta é mais uma vitória do movimento social, ou seja, dos pescadores que perderam seu sustento, e da comunidade que perdeu sua saúde”, afirmou a bióloga Monica Lima, que acompanha o caso.

O MP também alega na denúncia que, mesmo a CSA já respondendo outra ação penal por danos causados ao meio ambiente durante os testes no alto-forno 1, em junho de 2010, não adotou medidas de precaução ao acionar o alto-forno 2, em dezembro do ano passado. Ainda de acordo com o MP, a população de Santa Cruz sofre com a poluição, que causa danos à saúde.

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Força nacional não evita mais uma morte no Pará

Dirceu Fumagalli, da Comissão da Pastoral da Terra, diz que a violência aumentará

No dia em que a Comissão Pastoral da Terra (CPT) confirmou o assassinato de mais um trabalhador rural no Pará, o coordenador nacional da entidade, Dirceu Luiz Fumagalli, fez um alerta. Para ele, o envio de homens da Força Nacional de Segurança para as regiões de conflito de terra não vai intimidar os mandantes desses crimes, porque “eles sabem que é uma situação temporária”. As perspectivas, diz Fumagalli, são de acirramento da violência se não houver umamudança da política de ocupação da Região Amazônica pelo governo. (mais…)

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Trajetória do combate ao racismo no Brasil é tema de palestra da ministra da Igualdade Racial na 17ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU

Proferido hoje (15), em Genebra, Suíça, discurso da Ministra destacou compromisso do governo brasileiro com a afirmação racial, reconheceu relevância do movimento negro para os avanços do combate ao racismo e homenageou Abdias Nascimento

O instrumento das cotas e o Programa Bolsa-Prêmio de Vocação para a Diplomacia foram ações afirmativas citadas hoje (15), pela ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros, para caracterizar o compromisso do Governo do Brasil com a igualdade racial. O discurso, proferido no Painel sobre boas práticas no combate ao racismo, durante a 17ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, em Genebra, Suíça, revelou momentos importantes da trajetória recente para a afirmação da questão racial no país, destacando o papel do movimento negro.

A ministra iniciou o discurso agradecendo o convite do Alto Comissariado para sua participação na 17ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos, justamente em 2011 – Ano Internacional dos Afrodescendentes, após dez anos da III Conferência Mundial contra o Racismo. Outra ressalva introdutória destacou o desempenho dos movimentos sociais negros para que os temas do racismo e da promoção da igualdade racial se consolidassem como questões nacionais. (mais…)

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Ministro da Saúde não recebe os Yanomami, não nomeia chefe do distrito sanitário e crise piora

A falta de posicionamento do ministro da Saúde Alexandre Padilha sobre quem continuará à frente do Distrito Sanitário Especial Yanomami (DSE-Y) gera revolta das lideranças, insegurança dos pilotos que temem nova apreensão das aeronaves e isolamento dos profissionais de saúde que trabalham na Terra Indígena Yanomami, aumentando a crise na assistência à saúde

A grande maioria dos polos base na Terra Indígena Yanomami continua sem receber os aviões que abastecem os postos de saúde e fazem a troca dos profissionais. A situação pode se agravar se os voos não forem normalizados, com a falta de remédios e insumos.

Neste domingo, 12 de junho, a empresa aérea contratada pela Funasa se recusava a fazer um voo para a aldeia Komixi (AM) alegando falta de garantia de que a aeronave voltaria para Boa Vista. O voo foi solicitado por profissionais de saúde que estavam no local e serviria para a remoção de uma criança que se encontrava em estado grave de saúde e portanto necessitava ser hospitalizada na capital. Mesmo as lideranças indígenas de Komixi garantindo que a aeronave não seria apreendida, a empresa se recusava a realizar o voo. Após uma intensa (e tensa) negociação entre a empresa e o DSE-Y, o voo foi realizado e no final da tarde a criança recebeu os atendimentos necessários em um hospital de Boa Vista. Leia mais. (mais…)

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Ecuador: Alrededor de 150 indígenas, afros y montubios iniciarán carrera en la Cancillería

Alrededor de 150 indígenas, afros y montubios iniciarán carrera diplomática en la Cancillería en los próximos meses, en el marco de una reforma interna de ingreso de personal al Ministerio de Relaciones Exteriores. El Gobierno impulsa la medida como un mecanismo de inclusión de estas nacionalidades al servicio exterior ecuatoriano.

“Va a ingresar nuevo personal a la carrera diplomática, también a lo administrativo, y serán ciudadanos que expresen la plurinacionalidad que hay en nuestro país”, indicó el canciller Ricardo Patiño.

Explicó que gobiernos anteriores convirtieron la diplomacia en exclusividad de “blancos y mestizos” que utilizaron a los indígenas, afroecuatorianos y montubios únicamente para manifestaciones folclóricas del Ecuador en el exterior. (mais…)

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Acampados reabrem escola municipal que servia de depósito de adubo em SC

Na contramão da tendência de fechamento de escolas públicas no Brasil, principalmente no campo, o acampamento do Terra Nova, organizado em conjunto por MAB e MST, no município de Serro Negro (SC), reabriram a escola municipal na comunidade rural do Umbu.

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Munidos de material de limpeza, enxadas, foices e facões, os acampados limparam e reabriram nesta última segunda-feira a escolinha que era usada pelo município como depósito de adubo orgânico.

A prefeitura de Serro Negro, no Planalto Sul catarinense, se dispôs a fornecer as carteiras de aula e o transporte para as crianças. O setor de educação do MST de Santa Catarina ficou responsável pelos educadores e pelo material pedagógico. (mais…)

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