Sete mapuches são internados, e o poeta Nicanor Parra inicia greve de fome solidária

A saúde dos mapuches em greve de fome no Chile há 74 dias continua se deteriorando. Três grevistas se somam a outros quatros que foram internados nessa semana no Hospital de Concepción, ao mesmo tempo aumentam os pedidos para que o presidente Sebastián Piñera encontre uma solução para o conflito. A reportagem é do Página/12, 24-09-2010. A tradução é do Cepat.

Os três grevistas identificados como Jorge Cayupán, Eduardo Painemil e Camilo Tori, foram transferidos para centros assistenciais. Os três apresentaram vários problemas de saúde devido a longa greve de fome. Natividad Llanquileo, porta-voz dos presos em greve de fome na prisão El Manzano, de Concepción, disse que outro dos grevistas Héctor Llaitul, perdeu de 24 a 25 quilos. “Eles estão conscientes. Conversamos muito sobre a repercussão. De repente têm uma ‘apagão’ de consciência, mas depois lembram o que está acontecendo. Estão instáveis, mas com disposição de continuar o protesto”, declarou Llanquileo a Rádio Cooperativa. O deteriorado estado de saúde dos presos em jejum tem motivado vários pedidos as autoridades para que atendam as reivindicações do grupo de grevistas, antes que algum deles morra.

Os mapuches, acusados por delitos cometidos durante protestos em luta por suas terras, reivindicam a anulação da lei Antiterrorista, criada pela ditadura de Augusto Pinochet pela qual estão sendo processados. Essa lei contempla a aplicação de penas duplicadas  –  ditadas pela justiça civil e militar – para os casos em que os aborígenes promovam distúrbios na reivindicação de suas terras.

Llanquileo esperava que Piñera que falaria na Assembléia Geral das Nações Unidas “pudésse se referir à aplicação de leis especiais ao povo mapuche, entre elas, a Lei Antiterrorista que se converteu em uma lei racista”. “Esperamos que dê uma explicação não apenas as Nações Unidas, mas também ao povo sobre que está acontecendo aqui no Chile em relação a greve de fome. Que se pronuncie de maneira favorável para que se possa solucionar o mais rápido possível”, disse.

Anteontem, o arcebispo de Concepción, Ricardo Ezzati, nomeado como facilitador do diálogo no conflito entre o Estado e os mapuches, e o Instituto Nacional de Direitos Humanos do Chile pediram ao governo de Sebastián Piñera alternativas de  modificação da Lei Antiterrorista e a justiça militar que estão em tratativas no Congresso, mas que se encontram num ritmo muito lento pelas diferenças entre as posições do governo e da oposição.

A oposição divulgou duras críticas ao governo pela rejeição da situação parlamentar às modificações propostas pela Concertación Democrática à Lei Antiterrorista. A presidenta do Partido pela Democracia (PPD), Carolina Tohá, acusou o governo de “falta de coragem”, pois “estamos num momento que não permite operações cosmésticas nem ‘letras minúscula’”.

O senador do Partido Socialista Camilo Escalona garantiu que o governo “não quer se entender com a oposição e quer impor a sua opinião”, enquanto que na Democracia Cristã, o líder da bancada de Deputados, Gabriel Silber, disse que o governo “falta com a verdade” e definiu sua atitude como “inexplicável soberba”.

Enquanto isso, um grupo de mapuches ocupou de maneira pacífica as dependências da Organização Internacional do Trabalho (OIT) em Santiago, segundo informou em um comunicado a Coordenadora de Familiares de Presos Mapuche em greve de fome. Mapuches Autoconvocados de Nahuel Huapi ocuparam pacíficamente o paço de Bariloche, onde desde a manhã de ontem e até segunda-feira, Oskar Moreno, integrante do Lof Mapuche-Tehuelche Valentin Saihueque, manterá uma greve de fome.

Também iniciou uma greve de fome no Chile o poeta Nicanor Parra.

http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=36640

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