Antropólogo defende princípio do bem-viver como alternativa ao desenvolvimento

Henyo Barretto defende que índios e quilombolas devem ter autonomia para definir seus modos de vida

Francisco Brasileiro – Da Secretaria de Comunicação da UnB

O antropólogo Henyo Barretto defende um novo paradigma de desenvolvimento para as chamdas comunidades tradicionais, como índios e quilombolas: o princípio do bem-viver, nascido em comunidades indígenas das Américas, em especial as andinas. Barretto é Diretor Acadêmico do Instituto Intenacional de Educação do Brasil e foi professor da UnB até o ano de 2006. Ele fez uma palestra no Centro de Pesquisa e Pós-Graduação sobre as Américas (Ceppac) nesta segunda-feira, dia 30 de agosto.

Uma das alternativas à lógica hegemônica do desenvolvimento industrial que ganhou força nos últimos anos é o etnodesenvolvimento. O conceito surgiu no final da década de 70 a partir dos trabalhos de teóricos como Rodolfo Stavenhagen e Guillermo Bonfil. Essa proposta prevê uma maior valorização das culturas locais, a criação de um espaço de diálogo com povos tradicionais, mas ainda lançando mão de linguagem e termos hegemônicos, como o desenvolvimento e subdesenvolvimento. Para Barretto, um dos problemas dessa perspectiva é que ela ainda pretende impor aos índios conceitos eurocêntricos.

Barretto conta que essa perspectiva globalizante despreza a dimensão local da vida em comunidade. “Ainda não existe uma forma de estabelecer esse diálogo com as comunidades tradicionais sem desvalorizar suas culturas”, defende Barretto.

Em oposição a essa concepção, o príncipio do bem-viver ignora qualquer ideia de desenvolvimento. “Nessa forma de perceber o mundo, o que importa é administrar a vida em escala local, sem a pretensão de se estabelecer em uma escala nacional e global”, diz o pesquisador.

O bem-viver surgiu de movimentos sociais da américa latina, com destaque para os povos andinos. “O bem-viver constitui uma luta pela liberação dos espaços locais da cultura hegemônica”. Barretto acredita que os conflitos que surgem dessa oposição é natural e salutar, porque fornece alternativas. A concepção do bem-viver já atrai, além de povos indígenas, grupos camponeses, comunidades alternativas e ecovilas.

Segundo o pesquisador a concepção já integra a política de alguns países. A Bolívia e o Equador adotaram esse princípios em suas constituições. “O governo boliviando está inclusive propondo uma carta de direitos da mãe terra”, acrescenta Barretto. Ele diz que essa perspectiva já é debatida em movimentos sociais como MST e Via Campesina.

http://www.unb.br/noticias/unbagencia/unbagencia.php?id=3810

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