CIMI – No dia 15 de abril de 2013, na casa de José Frei, patriarca do povo Guarassugwe, aconteceu o primeiro encontro deste povo, onde cerca de 20 indígenas se reuniram, todos familiares de José Frei e Ernestina Guarassugwe. Alguns chegaram a viajar 10 horas de barco, no rio Guaporé, a fim de participar desta primeira conversa.
A reunião foi articulada por Maura Guarassugwe, que após ter voltado do Abril Indígena regional organizou o grupo para uma conversa para traçar quais estratégias serão adotadas para a luta pelo reconhecimento da identidade indígena e pelo reconhecimento do Território tradicional.
Foi emocionante escutar as historias de vida das pessoas “pela primeira vez podemos falar abertamente que somos índios, sempre tivemos que esconder a nossa identidade. Meu pai e minha mãe diziam que não poderíamos falar a língua materna, para ninguém saber que éramos índios”, disse Lourenço Guarassugwe.
Os presentes se interaram sobre os direitos que estão assegurados na Constituição Federal de 1988, nos artigos 231 e 232, que garantem aos povos indígenas serem reconhecidos como povos, bem como seus territórios tradicionais.
Ao fazer a memória, o grupo desenhou o mapa do território tradicional, numa construção coletiva. Alguns falavam: “eu sonho direto com o lugar onde nascemos e onde estão enterrados nossos antepassados, nosso vovô. Nossa terra era um lugar bonito, onde podíamos caçar, pescar e viver tranquilos. Depois nos tiraram de lá e hoje temos que viver na cidade e também na Bolívia, porque lá vamos atrás de trabalho, para garantir a nossa sobrevivência”.