Mato Grosso possui mais de 30 mil indígenas divididos em 40 etnias diferentes. Representantes dos Bororo, Bakairi, Xavante, Waurá, Kuikuro, Karajá, Mehinako e Umutina estão em Cuiabá participando do VI Encontro Indígena
Com Guariroba – O Encontro começou nessa segunda-feira na Casa Dom Aquino. Daniel Munduruku, escritor indígena, autor de mais de 40 livros, foi o primeiro palestrante do dia. O livre pensador conversou com o público sobre a necessidade de vencer o preconceito. Para ele, as pessoas não suportam o diferente. “As relações na sociedade globalizada são quadradas, egoístas e impõem limites entre as pessoas. Essa sociedade vendeu uma imagem de um índio que não existe: ‘índio é tudo igual’, ‘índio é preguiçoso’, ‘índio é contra o desenvolvimento’, quando, na verdade, a sociedade é incapaz de perceber que o modo de vida indígena vai do lado do contrário do modelo desenvolvimentista proposto para o país”.
Daniel, que também é filósofo e doutor em educação, defendeu uma política mais séria na educação. “A educação é antiga demais, não representa quem realmente somos, e as escolas têm sido espaços de reprodução de preconceitos, e os professores não estão preparados para lidar a questão”.
Sobre a invasão da terra indígenas Munduruku pelas tropas militares, ele disse que foi vergonhoso. “Eles chegaram armados com metralhadoras, helicópteros e encontraram os índios com arco e flecha. Dá para imaginar isso? Lutar contra índios armados com arco e flechas mirados para metralhadoras?”
E terminou dizendo sobre a criminalização dos povos indígenas nos meios de comunicação. “A mídia vende o modelo globalizado de economia onde os indígenas são vistos como inimigos, aqueles que não querem o progresso, quando na verdade estamos defendendo os direitos da mãe Terra e de todos os brasileiros, as pessoas poderiam se colocar no lugar dos indígenas; assim, elas teriam outra percepção”.
O encontro está sendo realizado na Casa Dom Aquino, na Avenida Beira Rio, e segue até a sexta-feira. Para entrar no Encontro Indígena, é necessário doar um quilo de alimento não-perecível, que será doado para aldeias de Mato Grosso. Durante a programação, aconteceram apresentações musicais, dança e rituais indígenas; além disso, os visitantes podem participar das rodas de conversa e das palestras. A Casa Dom Aquino também abriga o Museu Pré-Histórica, que também merece ser visitado. O local guarda, entre outras coisas, fósseis de dinossauros que viveram no cerrado mato-grossense.
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Compartilhada por Rizza Guarani Kaiowá.