Língua Ferina – Os trabalhadores do canteiro de Belo Monte continuam com a paralisação iniciada na sexta-feira, 05 de abril. “Neste momento, o Sítio de Belo Monte, um dos maiores canteiros, com mais de 4 mil trabalhadores, está parado. A Guarda Nacional continua nos cercando. Ontem à noite cortaram nossa luz por um tempo, nesse momento estamos sem comida. O clima é de muita tensão, apreensão e o sentimento é de que estamos encurralados”, disse um operário ao sítio da CSP-Conlutas, que apoia a mobilização.
Na segunda-feira, a entidade encaminhou ao Ministério Público Federal denúncia sobre a ação de intimidação e de truculência que a Força Nacional de Segurança empregou contra trabalhadores da usina. De acordo com o integrante da CSP-Conlutas, Walter Santos, a ação correu durante manifestação pacifica realizada por eles no sábado (6). Após uma passeata, cerca de 450 trabalhadores foram demitidos e a Força Nacional obrigou os trabalhadores a entregarem seus crachás.
No sábado, a Força Nacional de Segurança chegou a deter dois sindicalistas com um mandado proibitório inválido, emitido pela Justiça contra o Movimento Xingu Vivo em março. De acordo com denúncia feita ao Ministério Publico Federal, a Força Nacional usou armas tanto para repreender quanto para demitir trabalhadores do canteiro de Pimental.
Na noite de terça-feira, uma ação dos militares teria provocado pânico entre os operários e um deles continua desaparecido. De acordo com a denúncia, o homem, conhecido como “Belém”, foi retirado de um dos alojamentos do canteiro de obras Belo Monte pela Polícia Militar sem qualquer ordem de prisão, e não foi visto desde então.
A tensão continuou nesta quarta-feira, com o confinamento de trabalhadores no interior do canteiro Belo Monte. Homens da Tropa de Choque da Polícia Militar do Pará e da Força Nacional de Segurança impediam a saída de grevistas do canteiro de obras. Há informações que no local também não havia entrada de alimentos.
A pedido da CSP-Conlutas, representantes da Defensoria Pública se comprometeram a investigar o desaparecimento do operário e assegurar a saída dos trabalhadores em greve que se encontram confinados no canteiro de Belo Monte.
De acordo com Atnágoras Lopes, que foi até Altamira prestar solidariedade, os trabalhadores estão com medo de sair do canteiro devido ao desaparecimento do companheiro, além do forte aparato policial no entorno do Sítio de Belo Monte. “Eles estão acuados com a presença da força nacional e estão com medo de ficar no canteiro”, disse Atnágoras.
O representante da CSP-Conlutas protocolou um oficio no MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) denunciando as ameaças e a onda de demissões na obra.
Os milhares de operários que ainda estão parados exigem a reabertura de negociação para a pauta de reivindicação, motivo pelo qual a greve foi iniciada.
Foram listados mais de 35 itens de reivindicações que foram entregues ao departamento de relações sindicais do CCBM. As principais são: 40% de adicional por confinamento; baixada de 3 meses para todos; desfiliação geral do SINTRAPAV; fim do 5 por 1; equiparação salarial; fim do desvio de função. A greve questiona a atuação do Sintrapav (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada do Estado do Pará) filiado à Força Sindical, que, de acordo com os trabalhadores, é omisso e não apoia suas reivindicações. A CSP-Conlutas e o Sinticma (Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Madeireiras e da Construção Civil Leve de Altamira) apoiam os trabalhadores a lutar por seus direitos.
*As informações são da CPS-Conlutas e Movimento Xingu Vivo.
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Compartilhada por Cândido Guarani Kaiowá.