Cobertura da “Marcha contra o Racismo” essa luta É NOSSA

Maykon

Na tarde de sábado (11) aconteceu em São Paulo a “Marcha contra o Racismo e contra a higienização sócio-racial e criminalização da pobreza”. A concentração foi na praça Santa Cecília, região central, e seguiu em caminhada pelas ruas de Higienópolis, um dos bairros mais elitizados da cidade.  A manifestação  reuniu cerca de 500 pessoas e 27 movimentos e entidades sociais. Durante o trajeto foram gritadas palavras de ordem contra o racismo e contra a opressão do Estado para com a população negra e pobre.

Inúmeros casos recentes de racismo e opressão foram citados, como o do incêndio da favela do Moinho; o caso da estagiária Ester Elisa da Silva Cesário, que recebeu ordem de que alisasse o cabelo para permanecer em seu estágio, em uma instituição de ensino; o menino etíope de seis anos expulso de um restaurante em São Paulo; o estudante da (USP) Nicolas Barretos agredido, sem motivo,  por um policial militar dentro do campus; a ação desastrosa na Cracolândia e o massacre do Pinheirinho.

E o povo seguiu pelas ruas do bairro burguês expondo toda a sua indignação e deixando claro que não irá mais tolerar o racismo e nem a violência do Estado e de seus órgãos repressivos. A marcha teve seu ponto principal quando entrou e ocupou o shopping Higienópolis, símbolo do capitalismo e do luxo, lugar frequentado somente pela burguesia paulista.

Os seguranças tentaram impedir, em vão, mas o povo negro, pobre e lutador entrou no espaço burguês: algumas lojas fecharam as portas, já que eles não estão acostumados a ver tantos negros juntos naquele lugar, onde negro só entra como empregado, e calado.

Aos poucos, a marcha ocupou os andares do shopping e o ato público contra o racismo continuou: palavras de ordem, falas de representantes de movimentos, cantos a Zumbi dos Palmares fizeram eco, o povo de mãos dadas, homens, mulheres, negros, brancos, punks, manos do rap, povo de luta e coragem.

Por volta das 17h30, a marcha saiu do shopping da mesma forma que entrou, com palavras de ordem, levando suas bandeiras com a cabeça erguida de quem sabe a importância do ato realizado. Essa tarde histórica na luta contra o racismo e contra a opressão não é o fim; pelo contrário, muitos outros atos acontecerão até que a população negra e pobre seja respeitada e tratada com dignidade nesse país.

“Continuaremos na rua em luta; lembre-se, a revolução não será televisionada, a revolução  se faz nas ruas”

O dia em que o povo tiver consciência de sua força e for para as ruas, todos juntos, negros, brancos, imigrantes, homossexuais, e lutarmos por justiça, por igualdade, então o sistema vai cair aos nossos pés.

Rap Nacional vamos se ligar…

Na marcha haviam alguns manos e minas do rap, mas a participação do público do rap nacional em manifestações de rua de extrema importância como esta ainda é muito pequena. Não basta tatuar o nome do grupo na pele, ir aos shows, vestir a camiseta: a luta é diária e deve ir além dos palcos e além das festas. Somo o rap nacional, a música negra, ritmo e poesia dos guetos: precisamos nos mobilizar mais, nos posicionar politicamente na luta. Em uma marcha contra o racismo, onde está o rap nacional?

Essa luta é nossa  ou não é ? Vamos refletir…

http://www.circulopalmarino.org.br/2012/02/cobertura-da-marcha-contra-o-racismo-essa-luta-e-nossa/

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