Brasil-Peru: Madeireiros e nativos se enfrentam em faixa de fronteira

Em um sinal de crescente ativismo indígena e impaciência com os burocratas ineficazes, comunidades do Peru-Ucayali e Brasil-Acre se uniram, nos últimos dias, para patrulhar uma região fronteiriça vulnerável, repleta de madeireiros ilegais e traficantes de drogas fortemente armados.

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Acampamento ilegal na fronteira Brasil-Peru
No início deste mês, uma equipe conjunta de índios Ashéninka do Alto rio Tamaya, no Perú, e do povo Ashaninka do outro lado da fronteira, no Brasil, encontrou vários acampamentos, onde madeireiros parecem estar operando fora de concessões legalmente reconhecidas. Os índios também descobriram um campo de exploração madeireira a, apenas, 200 metros da fronteira, o que levou a suspeita de que os madeireiros estão posicionados para arrebatar madeira valiosa do território nacional brasileiro.

Na fronteira da Amazônia, extremo oeste do Brasil, onde estão localizadas as terras indígenas dos Ashaninka, essa “é uma estratégia conhecida”, disse o líder Isaac Piãko Ashaninka à Comissão Pró-Índio do Acre: “eles montam um acampamento bem próximo da fronteira para tirar a madeira do Brasil.” Piãko disse que a equipe encontrou troncos de madeira nobre como mogno e cedro, recentemente derrubados, assim como árvores em pé do lado Brasil marcados para o corte.

Equipados com unidades manuais de GPS, os líderes indígenas apresentaram as informações georeferenciadas às autoridades brasileiras, em uma reunião na semana passada, na cidade fronteiriça de Cruzeiro do Sul. Funcionários dos órgãos competentes, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA e Polícia Federal, prometeram estudar o assunto e, inquietos, indicaram que estão dispostos a realizar vigilância aérea e reforçar a sua presença na zona de fronteira.

Os Ashaninka brasileiros vem se apresentando, nos últimos anos, como uma força bem organizada e influente, como um modelo para outros povos menos afortunados. Seu território foi legalmente reconhecido e membros do seu povo desfrutam de um nível, relativamente, elevado dos serviços de saúde e de educação pública. O mesmo não se pode dizer de seus parentes, no Peru. Nos últimos dez anos, eles vêm reivindicando o título legal de suas terras. O Governo ainda precisa agir e isto deixa os Asheninka peruanos expostos a invasão constantes de madeireiros ilegais e uma série de outras ameaças que colocam todos no limite, quando a noite cai na floresta, e as últimas fogueiras se apagam.

No mês passado, membros da comunidade Ashéninka de Saweto encontraram três de seus motores sabotados após um confronto entre nativos e lenhadores no mato.

Os Ashaninka (Brasil) e Ashéninka (Peru) são grupos indígenas intimamente relacionados e partilham de uma língua comum e costumes semelhantes.

http://www.cpiacre.org.br/1/index.php?option=com_content&view=article&id=149:madeireiros-e-nativos-se-enfrentam-em-faixa-de-fronteira&catid=35:noticias&Itemid=55

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