“Estado e União são uma espécie de coautores do crime”, dispara o advogado José Batista Afonso, sobre a morte do casal de extrativistas José Claudio e Maria do Espírito Santo. Desde 1992, José Batista trabalha como defensor de Direitos Humanos no Estado do Pará. Formado em teologia, atuou de 1992 a 1996 como agente de pastoral da Diocese de Conceição do Araguaia e coordenou, em Xinguara, oMovimento Pela Vida e Contra a Violência. Em 1996, Batista, como é conhecido, começou a trabalhar na Comissão Pastoral da Terra (CPT) da Diocese de Marabá, no sudeste paraense, região marcada por graves conflitos agrários. Após ingressar na faculdade de direito no mesmo ano, passou a atuar na assessoria dos movimentos camponeses da região, entre eles, MST, MAB e Fetagri. A reportagem é de Evandro Corrêa e publicada pelo jornal O LIberal, 14-06-2011.
Atualmente advogado da CPT de Marabá, Batista também foi membro da Coordenação Nacional da entidade e é um dos articuladores nacionais da Rede Nacional dos Advogados e Advogadas Populares (RENAP). No sudeste do Pará, advoga a causa de trabalhadores ligados aos movimentos sociais do campo. Acompanhou o processo de Eldorado dos Carajás, atuou como assistente da acusação no processo que apurou os assassinatos do advogado Gabriel Sales Pimenta e da missionáriaDorothy Stang. Ele também atua em dezenas de processos que visam a apuração de assassinatos de camponeses na região, entre eles, o assassinatos das liderançasOnálício Barros (MST), José Dutra da Costa (FETAGRI) e acompanha as apurações das mortes dos extrativistas, José Cláudio e Maria do Espírito Santo, assassinados na manhã do dia 24 de maio, na zona rural do município de Nova Ipixuna.
Como reconhecimento por seu trabalho, recebeu, em dezembro de 2008, o Prêmio João Canuto de Direitos Humanos e foi também condecorado, em abril de 2009, com a Medalha Chico Mendes, concedida pelo Movimento “Tortura Nunca Mais”, sediado no Rio de Janeiro. As regiões sul e sudeste do Pará, onde atua o advogado José Batista Afonso, são conhecidas nacional e internacionalmente, pelas graves violações dos direitos humanos no campo. São mais de 800 assassinatos de trabalhadores rurais, lideranças sindicais, advogados e religiosos nas últimas décadas.
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