MPF/BA ajuíza ação para suspender efeitos da 12ª rodada de licitações para exploração de gás de xisto

A ação foi proposta levando em consideração os riscos de impactos socioambientais que podem ser ocasionados com a exploração de gás de xisto pela técnica de fraturamento hidráulico na Bacia do Recôncavo.

MPF/BA

O Ministério Público Federal na Bahia (MPF/BA) ajuizou ação civil pública com pedido liminar para a suspensão dos efeitos decorrentes da 12ª Rodada de Licitações de Blocos Exploratórios, promovida pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), e dos contratos já assinados, em relação aos blocos da Bacia do Recôncavo, no que tange à exploração do gás de xisto pela técnica do fraturamento hidráulico. A ação pede, ainda, que não sejam realizados novos procedimentos licitatórios para a exploração de gás de xisto na região, enquanto não houver prévia regulamentação do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e não for realizada a Avaliação Ambiental de Áreas Sedimentares (AAAS).

A 12ª Rodada de Licitações, realizada em novembro de 2013, disponibilizou blocos na Bacia do Recôncavo para a exploração de gás de xisto por meio da técnica de fraturamento hidráulico. Dos 50 blocos que foram ofertados na Bacia do Recôncavo, foram arrematados 30 (correspondentes a uma área de 868,59 km²), que se localizam nos Municípios de Candeias, Camaçari, Cardeal da Silva, Dias D’Ávila, Entre Rios, Esplanada, Mata de São João, Pojuca, São Sebastião do Passé e Simões Filho. Há blocos que se sobrepõem a áreas com restrições ambientais e a zonas urbanas.

De acordo com parecer técnico do Grupo de Trabalho Interinstitucional de Atividades de Exploração e Produção de Óleo e Gás do Ministério do Meio Ambiente (GTPEG), esse tipo de exploração pode gerar vários danos, como contaminação das reservas de água potável e do solo, possibilidade de ocorrência de tremores de terra, emprego de excessiva quantidade de água para o fraturamento hidráulico, etc. Alertou-se também que esse tipo de exploração demanda a perfuração de um número de poços elevado em relação à produção do gás convencional, o que intensifica os riscos e impactos.

O parecer fez uma série de recomendações sobre esse tipo de exploração, dentre as quais se destaca a necessidade de realização de uma Avaliação Ambiental de Áreas Sedimentares (AAAS), que é um estudo multidisciplinar focado numa análise socioambiental dos impactos a serem provocados na área a ser explorada, em que são identificadas as medidas de segurança e as áreas aptas e não aptas à exploração. No entanto, a ANP disponibilizou os blocos sem a realização desse estudo.

Ressaltou-se que o INEMA se manifestou superficialmente sobre a questão, limitando-se apenas a avaliar a sobreposição dos blocos com áreas protegidas, sem nenhuma análise dos efeitos da atividade de exploração e produção do gás sobre os aquíferos.

De autoria da procuradora da República Caroline Queiroz, a ação busca evitar que esse tipo de exploração ocorra de forma prematura, sem uma estrutura regulatória adequada, sem estudos mais robustos sobre a viabilidade dessa técnica e sem que a questão tenha sido amplamente discutida junto à sociedade.

Gás de xisto – Segundo o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), o gás de folhelho, conhecido como gás de xisto, é um gás natural que se encontra aprisionado em formações de baixa permeabilidade. Sua exploração passou a ser economicamente viável na década de 90, a partir do desenvolvimento da técnica do fraturamento hidráulico, que consiste em fraturar as finas camadas de folhelho (rocha argilosa de origem sedimentar)com jatos de água sob pressão. A água recebe adição de areia e de produtos químicos que mantêm abertas as fraturas provocadas pelo impacto, mesmo em grandes profundidades.

Em alguns países como Itália, Áustria, Dinamarca e Alemanha, a técnica de fraturamento hidráulico está proibida. Já nos Estados Unidos, onde é utilizada, a situação é considerada preocupante, pois foram encontrados vários pontos de contaminação.

Número para consulta processual na Justiça Federal: 0030652-38.2014.4.01.3300.

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Juliano Bueno de Araujo.

Comments (3)

  1. Parabéns à vcs bahianos por essa vitória…aqui no oeste do Paraná, temos uma luta grande contra essa aberração que esse governo ditatorial quer nos impor.Fizemos uma manifestação que levou mais de duas mil pessoas ã rua,na cidade de Toledo;em Cascavel também há um grupo que luta nesse sentido, e conseguimos com que um juíz do MPF,suspendesse o início do ”estupro” de nossas terras.O consórcio de empresas que é detentora do lote, está recorrendo da decisão;querem nos ferrar à todo custo…

  2. Então quer dizer que todas essas regiões estão condenadas, assim como todos os seus habitantes?

    A 12ª Rodada de Licitações, realizada em novembro de 2013, disponibilizou blocos na Bacia do Recôncavo para a exploração de gás de xisto por meio da técnica de fraturamento hidráulico. Dos 50 blocos que foram ofertados na Bacia do Recôncavo, foram arrematados 30 (correspondentes a uma área de 868,59 km²), que se localizam nos Municípios de Candeias, Camaçari, Cardeal da Silva, Dias D’Ávila, Entre Rios, Esplanada, Mata de São João, Pojuca, São Sebastião do Passé e Simões Filho. Há blocos que se sobrepõem a áreas com restrições ambientais e a zonas urbanas.

    Somente os que já foram prejudicados conseguem dimensionar, nós não precisamos desses caminhos para honrar Nosso País!!! Contem Comigo também!

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