II Carta da Autodemacação Munduruku: O governo ataca contra a demarcação da Terra Sawré Muybu preparando o leilão da Flona Itaituba I e II

Foto Larissa Saud
Foto Larissa Saud
“Será que as autoridades do Governo e da Justiça Federal podem concordar na  preparação de um leilão que vai destruir parte de nossa terra indígena?”  Essa é a pergunta que os indígenas da etnia Munduruku de diversas comunidades fortificam com a segunda carta  da auto demarcação do Território DAJE KAPAP EYPI, no médio rio Tapajós. 
 
 Nesta carta, os indígenas denunciam o ‘fechar os olhos’ dos orgãos dos Governo e  o  desrespeito aos povos indígenas que habitam a região  da Flona Itaituba I e II, que será leiloada  com o fim de legalizar a exploração de madeira na area. Aldeias Munduruku localizam-se próximas às fronteiras de demarcação das Flonas, sendo as mesmas parte de seu território, pois são fontes de subsistência indígena: possibilitam a caça, pesca e agricultura.  Os indígenas exigem a  punição de madereiros e garimpeiros que estão os ameaçando em seu próprio  território. Os moradores dessas terras que querem apenas seu território seja demarcado, assim como o rio e a floresta sejam preservados.  Por fim, a carta cobra um esclarecimento à perseguição  contínua feita pelo Governo. (Autodemarcação no Tapajós)
Carta nº 02: 

O Governo ataca contra a demarcação da Terra Sawré Muybu preparando o leilão da Flona Itaituba I e II  

Mais uma vez o Governo faz demonstração da falta de respeito com o nosso povo e  continua trabalhando contra os direitos dos povos indígenas. Todo mundo sabe que nós povo Munduruku estamos fazendo a autodemarcação de nossa terra Sawré Muybu, conforme os pariwat¹ chamam, e a gente foi pego de surpresa com o edital do Serviço Florestal Brasileiro para fazer o leilão da Flona Itaituba I e II para exploração da madeira de nossa floresta. O governo fala que tem sobreposição da Flona com a nossa terra e que essa é uma das desculpas usadas para o atraso na demarcação, mesmo a gente sabendo que a Constituição Federal define o direito primeiro da terra indígena. (mais…)

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Cacique Raoni Metuktire: Carta de apoio ao povo Munduruku lutando contra os projetos de hidrelétricas no Tapajós e no Teles Pires

Raoni

Por esta carta, eu, Cacique Raoni Metuktire, líder do povo Mebengokre (Kayapó), gostaria de apoiar os Munduruku e os outros povos indígenas e ribeirinhos empenhados na luta contra as hidrelétricas Teles Pires e Tapajós e, especialmente, a caravana que eles organizam nos dias 26 e 27 de Novembro pelo rio Tapajós.

Desde sempre venho lutando não só para o meu povo como também para todos os povos indígenas da Amazônia, para que possamos viver em paz sem problemas em nossa terra. Hoje, após tantos anos de luta, somos ainda obrigados a lutar porque eles estão destruindo nossas florestas, estão destruindo nossos rios sem os quais não podemos sobreviver. Estes rios são o sangue de nossas veias, sem eles a terra e os animais vão morrer, e nós com eles.

Estou muito preocupado com meus irmãos Munduruku e com os outros povos indígenas e ribeirinhos dos rios Tapajós e Teles Pires. Se o governo realizar seu projeto de destruição, estes povos vão morrer. Por causa das barragens, os peixes não poderão mais subir o rio para se reproduzirem. A floresta será alagada e apodrecerá, a água se tornará tóxica para os peixes e os homens. A atividade em torno das barragens acabará com a floresta e não terá mais caça. A pesca e a caça tradicionais que alimentam essa população não serão mais possíveis. Os mosquitos proliferarão por causa da água parada dos reservatórios, e aqueles que não terão deixado suas terras serão obrigados a fugirem para escapar da malaria. (mais…)

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Belo Monte vai gerar energia sem reassentar famílias

Belo Monte_1A hidrelétrica pretende iniciar produção de energia com apenas 15% das famílias reassentadas e atingidos temem maior risco de enchentes neste inverno devido à alteração do fluxo do rio

MAB

O fim do ano vai chegando e “inverno” vira uma palavra muito falada pelos atingidos por Belo Monte em Altamira, no Pará. Significa a época das chuvas e da cheia dos rios, com alagamento de boa parte da cidade nas áreas de palafita. É um período difícil: milhares de famílias ficaram desabrigadas no último ano e foram parar em abrigos provisórios, onde originalmente se guardam cavalos.

Agora, a palavra “inverno” adquiriu uma conotação adicional. Isso porque as obras da barragem seguem aceleradas. A construção do muro já chegou a 100 metros acima do nível do mar no início de outubro. O fluxo do rio já está alterado, a água pode subir mais rápido e demorar ainda mais para descer. Ou pior: a água pode subir e nem descer mais, já que o planejamento da Norte Energia, dona de Belo Monte, é começar a gerar energia no início do ano que vem. (mais…)

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Romana e o bilionário do amianto: a dor que não prescreve, por Eliane Brum

A italiana que se tornou símbolo da luta contra a fibra assassina é uma das vítimas derrotadas por Stephan Schmidheiny no tribunal que envergonhou a Itália

por Eliane Brum, El País Brasil

Quando a entrevistei, dois anos atrás, ela me disse que já não chorava. Em algum momento da sua luta contra a Eternit, as lágrimas secaram dentro de Romana Blasotti Pavesi. Passamos uma tarde e uma manhã conversando em seu apartamento em Casale Monferrato. É difícil acreditar à primeira vista que na pequena cidade do Piemonte a tragédia respira entre ruas e paisagens de cinema italiano, nas vitrines das confeitarias onde os krumiris, o delicioso biscoito de Casale, se oferecem a quem passa. Então pessoas como Romana começam a falar. E quando falam enumeram seus mortos. E a narrativa mais uma vez desafina com o cenário do apartamento em que sua solidão é acompanhada por uma população de bibelôs bem ordenados e coloridos, por uma coleção de pequenos elefantes de todas os formatos, origens e texturas – a maioria deles com a tromba para cima, que é como ela gosta. Romana pede um momento, diz com licença, e desaparece no quarto. Volta de lá com uma caixa. De dentro ela tira com a ponta dos dedos um cabelo longo e raro, com diferentes nuances de dourado e vermelho. Bello, molto bello. É de Maria Rosa, ela diz. A filha de Romana foi a quinta de sua família a morrer pelo câncer do amianto. (mais…)

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Documentos inéditos confirmam colaboração entre ditaduras da América do Sul

logo mpfProcuradores descobriram provas contundentes da existência da ‘Operação Gringo’, um braço da ‘Operação Condor’, em material recolhido na casa do coronel Paulo Malhães

O Grupo de Trabalho (GT) de Justiça e Transição do Ministério Público Federal (MPF) no Rio de Janeiro revelou a maior prova até hoje obtida de colaboração efetiva entre os regimes ditatoriais da América do Sul para a prática de crimes contra a humanidade. Os documentos foram obtidos na casa do falecido coronel Paulo Malhães, assassinado em abril deste ano, em cumprimento a mandados de busca e apreensão. A documentação foi compartilhada formalmente com a Argentina e já foi anunciada uma Reunião Especializada dos Ministérios Públicos do Mercosul, em Buenos Aires. Essa é a prova mais contundente até agora da ‘Operação Condor’, episódio histórico de cooperação entre as ditaduras latino-americanas.

Relatórios revelam a existência da ‘Operação Gringo’ – Após diligência na casa do coronel Paulo Malhães, o GT Justiça de Transição obteve documentos que comprovam a ‘Operação Gringo’, deflagrada durante a ditadura militar no Brasil, arquitetada e executada pelo Centro de Informações do Exército (CIE) do Rio de Janeiro, que se destinava, dentre outras funções, ao monitoramento, vigilância e prisão de estrangeiros que demonstrassem qualquer atividade considerada como ofensiva ao regime.

Os documentos apreendidos constituem dois relatórios da Operação Gringo (confira a íntegra desses documentos). O primeiro (n° 8/78) tem 111 páginas e o segundo (n° 11/79) tem 166 páginas. (mais…)

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MST ocupa fazenda em protesto contra possível ida de Kátia Abreu para a Agricultura

Na ação de sábado, cerca de 2 mil membros do MST e outros movimentos camponeses ocuparam a Fazendo Pompilho, no RS (Foto: MST)
Na ação de sábado, cerca de 2 mil membros do MST e outros movimentos camponeses ocuparam a Fazendo Pompilho, no RS (Foto: MST)

Indicação da senadora ruralista, presidente da CNA, foi rechaçada por movimentos sociais e setores mais à esquerda do PT

Carta Capital

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) ocupou, no sábado 22, uma fazenda de cultivo de milho no interior do Rio Grande do Sul em protesto contra a possível nomeação da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) para o Ministério da Agricultura.

A indicação da senadora, presidente da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), foi rechaçada por movimentos sociais e setores mais à esquerda do próprio partido da presidenta Dilma Rousseff, o PT.

Na ação de sábado, cerca de 2 mil membros do MST e outros movimentos camponeses ocuparam a Fazendo Pompilho, à beira da BR 158, que liga a cidade de Palmeira das Missões, no Rio Grande do Sul, à região oeste de Santa Cantarina. Eles participavam de um acampamento internacional dos movimentos agrários no município gaúcho antes de invadirem a fazenda de um ex-prefeito da cidade.

O protesto na propriedade que, segundo o MST, mantém 2 mil hectares de cultivo de milho transgênico, é a primeira manifestação por parte do movimento agrário depois de ter sido divulgada a informação sobre a escolha da senadora como futura ministra da Agricultura no segundo mandato do governo Dilma. (mais…)

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O primeiro passo, por Janio de Freitas

Latuff agronegócioDa Folha de S. Paulo, no GGN

A escolha de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda, vista de fora, é uma decisão política, não econômica. Faz supor uma escolha de Dilma Rousseff por temor da voracidade com que os conservadores ambicionam a retomada do Poder perdido. Presenteia-os, parece, na suposição de aplacá-los.

De fora, ainda não há como saber –e muito menos crer– de algum entendimento prévio sobre linha de política econômica que possa tornar a escolha mais inteligível. Seja como for, coerente com o sentido da campanha de Dilma, não é.

A escolha não tem coerência nem com o momento em que é feita. Na manhã mesma em que fez uma reunião para definir a escolha, liberada não oficialmente à tarde, o caderno “mercado2” da Folha apresentava como manchete: “Desemprego recua em outubro e atinge 4,7%; renda bate recorde”. A seção “Economia” do “Globo”, com uma nota na primeira página, também dava como manchete: “Emprego em alta, renda recorde”.

Aos dois jornais não faltaram, claro, o “mas” e o “apesar de”. Ainda assim, das manchetes pode-se entender que a economia esteja mais para o massacrado Guido Mantega do que para o Joaquim Levy que bem poderia ser ministro em um governo de Aécio Neves. (mais…)

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Nota de repúdio das lideranças Kaingang contra a postura agressiva da PF e Brigada Militar

operacao KandoiaCIMI – Lideranças Kaingang reunidas na Aldeia Indígena Kandóia, no município de Faxinalzinho, Rio Grande do Sul repudiaram a mega-operação militar que mobilizou centenas de homens armados com objetivo de incriminar os indígenas pela morte de dois agricultores, mesmo com inquérito inconcluso. Confira abaixo o documento:

As lideranças indígenas do Rio Grande do Sul vêm através deste abaixo-assinado repudiar a operação da Polícia Federal que reuniu 60 agentes e 200 policiais da Brigada Militar, Corpo de Bombeiros, Pelotão Ambiental e Polícia Rodoviária Federal, buscando provas para incriminar os indígenas, possíveis autores do duplo homicídio ocorrido na Aldeia Indígena Kandóia. Entendemos que o poder coercitivo do Estado foi utilizado de forma excessiva, exorbitante, constrangedora e truculenta, pois adentraram na aldeia às 6 horas da manhã, perfilando mulheres, idosos e indagando para que as crianças dissessem os verdadeiros assassinos, obrigando idosos a realizarem exame para coleta de material para a prova técnica. Tal situação ocorre de maneira sistemática com o claro intuito de intimidar o movimento indígena que luta pela demarcação de seus territórios.

Desta forma, nós lideranças indígenas vimos a público manifestar nossa profunda decepção quando vemos a violação de nosso habitat, rasgaram a Constituição Federal que afirma no seu Art. 5º. XI – “A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem conhecimento do morador. III – Ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante”. Assim agindo o Estado Brasileiro, utiliza seu poder coercitivo, invade nossas casas, perturba nossos filhos e velhos em busca de uma “pseuda” justiça, onde os verdadeiros culpados se refrigeram no ar condicionado de seus gabinetes, pois negligenciam e nada fazem para que os processos demarcatórios avancem, permanecendo em suas mesas ou engavetados por vários anos.

Não vamos nos intimidar, vamos buscar os nossos direitos, não escrevemos a Constituição Federal e nem as leis vigentes em nosso país, mas as implementaremos e a invocaremos em prol de nosso povo até mesmo nas cortes internacionais, para que nossos filhos, mulheres e idosos não venham a ser molestados no seu repouso e no albergue de suas casas. Somos todos Kandóia.

Atenciosamente,

Lideranças Indígenas Kaingang

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Será lançado na Bahia livro sobre doenças ocupacionais na pesca artesanal, dia 27, às 17h

Lançamento-livro-paulo-pena

CPP – Acontece no próximo dia 27, às 17h , na Universidade Federal da Bahia (UFBA), o lançamento do livro “Sofrimento Negligenciado: doenças de trabalho em marisqueiras e pescadores artesanais”. O trabalho é o resultado de pesquisas que abordaram as principais doenças relacionados ao dia a dia de trabalho da pesca artesanal. Organizado pelos professores e médicos, Paulo Pena e Vera Lúcia Martins, a obra busca se aproximar das demandas, da linguagem  e do contexto de vida desses grupos.

O lançamento contará com a apresentação do Coral de Marisqueiras de Conceição de Salinas e  do canto do pescador Djalma, grande nome artístico da pesca da região. Além disso, haverá exposição do trabalho do fotógrafo Uendel Galter e de posteres de trabalhos apresentados em congresso sobre marisqueiras.

Processo e importância do livro 

No Serviço de Saúde Ocupacional da UFBA (SESAO), vários profissionais, médicos e de outras disciplinas, que na atuação junto ao Movimento de Pescadores e Pescadoras da Bahia (MPP BA) e ao Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP), visibilizaram as doenças ocupacionais dos pescadores, especialmente das marisqueiras, o que tem como resultado a incidência no governo do estado e nos  municípios para efetivar políticas públicas que possam dar respostas às situações evidenciadas.

Informações sobre a distribuição do livro ainda serão divulgadas.

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#DeOlhoNosRuralistas 14 – Kátia Abreu ministra de Dilma?, hoje, às 20h30

cartaz de olho rulalistasO programa será transmitido ao vivo, com link divulgado pouco antes: aqui, na página do Facebook, e pelo perfil @deolhonoagro, no Twitter.

De Olho Nos Ruralistas

A próxima edição do programa de WebTV De Olho nos Ruralistas, na segunda-feira (22), discutirá a virtual nomeação da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A nova bancada ruralista e as perspectivas em relação ao consumo de agrotóxicos serão outros temas centrais.

Os convidados são Daniel Santini e Susana Prizendt. Santini é jornalista da ONG Repórter Brasil e do site O Eco. Ele falará, por exemplo, da reeleição dos deputados que votaram a favor do novo Código Florestal. Susana coordena a seção paulista da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida. (mais…)

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