Mineração: o rastro do desenvolvimento e conflitos territoriais no Brasil

Carvoaria em Açailandia (Foto: Phillipe Revelli)
Carvoaria em Açailandia (Foto: Phillipe Revelli)

Comunidades atingidas em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Maranhão desvelam impactos dos empreendimentos. Fórum realizado no Simpósio Brasileiro de Saúde e Ambiente promoveu debates a partir da experiência dos movimentos sociais

Leila Leal – Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz)

São promessas de criação de empregos, melhorias nas condições de vida, dinamização da economia e ‘crescimento’. Contrastando com esse discurso, que comumente acompanha a instalação de empreendimentos em mineração, um pouco depois chegam os impactos: poluição, adoecimento da população, alteração de paisagens, biomas e modos de vida das comunidades atingidas, remoções, contaminação de cursos d’água, assoreamento, inchaço populacional durante o período de obras, especulação imobiliária e trabalho escravo, entre outros, estão entre eles.

No Maranhão, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, diferentes comunidades impactadas por grandes empreendimentos de mineração relatam experiências que nos ajudam a entender o sentido do desenvolvimento e sua materialização na vida da população. As histórias e perspectivas das lutas pela saúde e ambiente foram compartilhadas no Fórum de Diálogos de Saberes, primeiro eixo do Simpósio Brasileiro de Saúde e Ambiente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva, que aconteceu de 19 a 22 de outubro em Belo Horizonte. O SIBSA, nessa segunda edição, trouxe a marca da integração entre a academia e os movimentos sociais para a compreensão crítica do cenário de conflitos territoriais e construção de perspectivas em justiça ambiental. Coerente com essa orientação, o Fórum articulou mais de vinte relatos de experiências de movimentos sociais que, aglutinadas em oito temas, proporcionaram um panorama dos conflitos resultantes do desenvolvimento no país. (mais…)

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O ódio nosso de cada dia, por Leandro Karnal*

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Finda a eleição, numa ressaca nacional o Brasil descobriu-se raivoso: dormimos num vale suíço e acordamos em Serra Leoa

Em Estadão/Controvérsia

A terra é chã…

O Brasil não tem terremotos ou furacões. Carecemos de tsunamis. O fundamentalismo religioso, aqui, é mais lembrado pela estética da saia e cabelos compridos que por genocídios. Mesmo não sendo um paraíso, todo brasileiro sabe que não vivemos no inferno. A Terra de Santa Cruz é um cálido purgatório, no máximo.

Esse quadro tem sido pintado, com cores mais fortes ou mais fracas, desde nossa cena fundacional, em 1500. Sérgio Buarque de Holanda usou a celebrada expressão “homem cordial” para descrever nossas raízes, em 1936. Ainda que tenha defendido que o cordial deriva de impulsivo pelo coração, não o dócil, o texto do pai do Chico foi lido sob o prisma do pacifismo. Na mesma década, Gilberto Freyre tinha pintado um latifúndio no qual a escravidão emergia com uma toada malemolente. Os dois clássicos foram absorvidos por um público pátrio que amou encontrar, mesmo onde não havia, uma base narrativa para nossa representação pacifista.

Contraponto necessário a nossa ilusão: nossos vizinhos são agressivos. Guerras civis devastaram Argentina e Colômbia. A escravidão custou mais de 600 mil mortos para ser abolida nos EUA. Aqui? Uma penada de ouro de uma princesa gentil num belo domingo de maio de 1888.

A expressão guerra civil não aparecia nunca nos livros didáticos do Brasil. Cabanagem, Balaiada, Farroupilha? Eram revoltas regenciais, termo didático, não sangrento e asséptico. A violência? Uma exceção. Euclides da Cunha destacou que a repressão a Canudos era algo único: “Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até o esgotamento completo”. Lá nos sertões ainda sobrevivia uma possibilidade de violência sem concordata, mas era excepcional. Caso ímpar num país de “acordões” e de gabinetes de conciliação, atavismo do século 17 que insistia em não morrer. (mais…)

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Em Minas Gerais, Conselho aprova licença prévia para mina da Manabi

Morro do Pilar. Com obras do mineroduto, cenário bucólico dividirá espaço com 6.000 trabalhadores
Morro do Pilar. Com obras do mineroduto, cenário bucólico dividirá espaço com 6.000 trabalhadores

Extração de minério no Morro de Pilar é parte do projeto que engloba ferrovia, mineroduto e porto no Espírito Santo

Any Cometti, Século Diário

A Unidade Regional Colegiada (URC) Jequitinhonha, do Conselho Estadual de Política Ambiental de Minas Gerais (Copam-MG), votou na madrugada desta sexta-feira (7) pela emissão da licença prévia (LP) do processo Morro do Pilar, da Manabi S/A, empresa que também pretende instalar no Espírito Santo um porto para escoar o minério extraído em Minas Gerais.

A decisão se deu por 12 votos a favor, quatro contra e três abstenções. Durante a votação, foram incluídas 22 condicionantes sugeridas pela equipe técnica da Superintendência Regional de Regularização Ambiental (Supram) Jequitinhonha, que devem ser apresentadas antes da emissão da licença de instalação (LI). Ficou decidido pelos conselheiros, ainda, que outras 22 condicionantes, propostas pelo Ministério Público, serão discutidas em uma próxima reunião, em função do horário do término da votação. (mais…)

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Em São Paulo, atividades marcam centenário de Abdias Nascimento

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De 8 a 26 de novembro irão ocorrer debates, intervenções teatrais e exibição de filmes em homenagem ao ator e artista plástico referência para as artes negras do Brasil

Da Redação Brasil de Fato

A Biblioteca Mário de Andrade programou uma série de eventos, em São Paulo, para homenagear o centenário do poeta, ator, diretor, artista plástico e ativista Abdias Nascimento, conhecido como referência para as artes negras do Brasil.

A partir deste sábado (8), sociólogos, pesquisadores, poetas, atores e cineastas participarão dos encontros que irão ocorrer até o dia 26 de novembro, na capital paulista. Além dos debates, estão também programadas intervenções teatrais, oficinas e exibição de filmes.

A Biblioteca Mario de Andrade será o local da abertura do centenário. Irão participar da atividade o sociólogo e pesquisador da obra e contextos de Abdias do Nascimento, Marcio Macedo, e o poeta e biógrafo do homenageado, Éle Semóg. (mais…)

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Movimentos sociais querem articulação internacional por democratização da mídia

Foto: Chico Furtado/Coletivo Muruá
Foto: Chico Furtado/Coletivo Muruá

Daniel Mello – Repórter da Agência Brasil

Movimentos sociais discutiram ontem (7) os temas que devem ser levados para o Fórum Mundial de Mídia Livre na Tunísia, em março de 2015. Nesse sentido, a democratização dos meios de comunicação foi apresentada como uma pauta que precisa ser internacionalizada. “Organizar mais coletivamente a nossa participação em um processo internacional, que tende a devolver ao Brasil a pressão pela democratização da mídia”, disse a jornalista e ativista da Ciranda Internacional da Comunicação Compartilhada, Rita Freire.

O encontro de mídia livre ocorre junto com o Fórum Social Mundial. Até o fim do ano, os militantes da área de comunicação pretendem colocar em consulta pública um documento que será finalizado no fórum do próximo ano. Para isso, estão sendo feitas reuniões preparatórias como a de hoje. O grupo reúne-se novamente hoje (8), quando haverá comunicação por videoconferência com ativistas da Tunísia e da Faixa de Gaza.

Para a militante do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), Renata Mielli, a democratização dos meios de comunicação é um processo que fica incompleto se for feito isoladamente, apenas no Brasil. “Se nós não tivermos ações políticas internacionais, buscando a garantia de espaços democráticos de comunicação, nós vamos continuar tendo dificuldades internas. Porque o fluxo de informações que chega ao Brasil sobre o mundo é muito desequilibrado”, avaliou. (mais…)

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Dossiê feito com comitês populares indica violações de direitos em obras da Copa

2014_07_remocoes_copa_portal2014-gov-brCristina Indio do Brasil – Repórter da Agência Brasil

A Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa e das Olimpíadas (Ancop) lançou ontem  (7), na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no centro do Rio, o Dossiê Megaeventos e Violações dos Direitos Humanos no Brasil, que aponta as ações que ocorreram nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo de 2014 e que foi elaborado a partir das avaliações e participações dos comitês populares organizados nestas cidades. O documento, que analisa ainda os efeitos das Olimpíadas de 2016 na sociedade, trata de violações de direitos nas áreas de moradia; trabalho; acesso a serviços e bens públicos e mobilidade; esporte; meio ambiente; acesso à informação, participação e representação populares e segurança pública.

A integrante do Comitê Popular da Copa, Mariana Werneck, que participou da elaboração do dossiê, disse que um levantamento inicial da Ancop indicou que as intervenções nas cidades, em decorrência das obras dos megaeventos, como são classificadas a Copa e as Olimpíadas, iam atingir 250 mil pessoas, número que segundo ela, foi reduzido após o cancelamento de obras que estavam previstas na matriz de responsabilidade da Copa. (mais…)

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Democratização da comunicação: muito além do debate eleitoral

democratizaçao comunicaçaoPassadas as eleições, é hora de fazermos uma reflexão que vá além das disputas partidárias para entender onde podemos chegar, ou para que caminhos essa discussão pode nos levar

Por Eduardo Amorim*, Coletivo Intervozes

O debate pós-eleitoral incorpora um tema novo, antes discutido aprofundadamente apenas em grupos restritos. A agenda da democratização da comunicação não é nova. É fundamental para a política, economia, cultura e a vida nas cidades brasileiras.

O grito ouvido durante o discurso de posse da presidente Dilma Rousseff: “O povo não é bobo. Abaixo a Rede Globo!”. A fala da candidata Luciana Genro no início do debate final do primeiro turno. O questionamento à cobertura no caso da Escola Base. E tudo que ocorreu após a criticada edição do debate entre Collor e Lula em 1989 são apenas as exceções que comprovam a regra. O tema é mais uma vítima do silenciamento promovido pelas principais empresas de comunicação do Brasil.

Por isso, passadas as eleições, é hora de fazermos uma reflexão que vá além das disputas partidárias para entender onde podemos chegar, ou para que caminhos essa discussão pode nos levar, diante do contexto de um Congresso Nacional com forte representação conservadora e uma quarta gestão petista no Palácio do Planalto. Para iniciar, uma provocação: você se lembra de um tema que sofreu censura na sua cidade em 2014? A verdade é que o silenciamento acontece diariamente, apesar da maioria não ficar sabendo. Na crítica cultural, no jornalismo esportivo, na economia, nas páginas de política e também em relação aos direitos urbanos. (mais…)

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E Dandara dos Palmares, você sabe quem foi?

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Por Jarid Arraes, Revista Fórum

Novembro é oficialmente o Mês da Consciência Negra no Brasil. Apesar de ser importante e necessária, especialmente por se tratar de um país que teve séculos de escravidão de pessoas negras, essa data ainda é bastante incômoda para uma parcela da população. Mesmo assim, o mês de novembro mobiliza o movimento negro e desperta um interesse temporário nas escolas, instituições e noticiários, que costumam abordar o tema do racismo superficialmente no período próximo ao dia 20.

Aqueles que falam dessa data muitas vezes se recordam de Zumbi dos Palmares, que é o grande ícone da luta contra o racismo por sua resistência contra a escravidão. Mesmo na escola, muitos ouvimos falar de Zumbi e aprendemos que ele foi líder do Quilombo de Palmares, onde negras e negros que fugiam da escravidão podiam encontrar refúgio e organização política. No entanto, pouquíssimos sabem de quem se tratava Dandara dos Palmares, uma figura tão importante quanto Zumbi. (mais…)

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1º Encontro de Valorização da Cultura A’Uwe na TI Marãiwatsédé

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Foto: Joarcenia Setúbal/Funai

Funai – De 21 a 24 de outubro, na Terra Indígena (TI) Marãiwatsédé, no Mato Grosso, foi realizado o 1º Encontro de Valorização da Cultura A’Uwe, com a participação de jovens, professores, lideranças indígenas, anciões e representantes da Polícia Militar e da Secretaria de Assistência Social do município de Bom Jesus do Araguaia.

No evento, promovido pela Funai por meio da Coordenação Regional de Ribeirão Cascalheira e da Coordenação-Geral de Promoção da Cidadania – CGPC/DPDS, foram discutidos temas importantes para a valorização da cultura Xavante, incluindo o enfrentamento ao uso de álcool e drogas, situações de vulnerabilidade sociocultural, acesso aos programas Bolsa Família e Auxílio Maternidade, dentre outros.

Os professores indígenas destacaram a importância do encontro na perspectiva de propor outros caminhos, sensibilizando os jovens a aprenderem um pouco mais sobre a importância de ouvir os anciões, detentores de histórias, usos e costumes de seus antepassados. (mais…)

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RJ – Koinonia lançará série colaborativa em celebração pelo dia da Consciência Negra

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Koinonia

Koinonia, através do Observatório Quilombola, lançará no dia 17 de novembro a série “Novembro Negro”, reunindo fotos, vídeos e textos relacionados à temática quilombola, além de um calendário com os eventos realizados pelas comunidades remanescente de quilombo do Rio de Janeiro em celebração pelo Dia Nacional da Consciência Negra.

Para isto, estamos contando com a ajuda do público quilombola, de parceiros e todas e todos que quiserem contribuir. Os canais onde as informações estão sendo divulgadas seguem abaixo. Através deles é possível compartilhar com sua rede de amigos esta iniciativa, além de esclarecer possíveis dúvidas.

O e-mail [email protected] também está à disposição de quem quiser colaborar com este trabalho.

Toda informação deve ser enviada até o dia 12 de novembro. Contamos com todxs!

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Natasha Arsenio.

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