MS – O porque das ameaças ao presidente da FETEMS Roberto Botareli

RobertoPor Karina Vilas Boas, em Outra Face

Não poderia me calar diante de tamanha injustiça e indignação, não só por ser assessora de comunicação da FETEMS (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul) e acompanhar diariamente a luta do professor, Roberto Magno Botareli Cesar, para manter viva a história de luta por um mundo melhor da maior entidade sindical do nosso Estado.

As ameaças de morte recebidas pelo nosso presidente na última quarta-feira (4) e quinta-feira (5), por telefone e depois a intimidação da vinda de dois motoqueiros que conheciam muito bem a rotina dele na entidade, deixam claro um cenário que me enoja em Mato Grosso do Sul, o coronelismo estampado, escrachado, onde os “coronéis” mandam, desmandam e se acham donos do nosso Estado. Diante disso muitos se calam, diante disso muitos perdem suas vidas e posso citar alguns como Marçal de Souza (30 anos de impunidade), Marta Guarani, Dorcelina Folador, Oziel Gabriel e assim por diante, todos que perderam as suas vidas por lutarem com a bandeira da igualdade e por serem contra o latifúndio, a monocultura, a concentração de terra, de riquezas, o narcotráfico, enfim por acreditarem que um mundo melhor é possível.

Roberto Botareli é pai, avô, tem mais de 30 anos de história e militância sindical, por de trás dele existem mais de 30 movimentos sociais e sindicais que apoiam a luta pela demarcação de terras indígenas, pelos direitos da classe trabalhadora e por inúmeras outras bandeiras, mas com certeza pelo fato de ser o presidente de uma Federação que historicamente, em seus 35 anos, que sempre lutou pela consolidação de uma sociedade mais igual, por ser a maior entidade sindical de MS, foi o nome escolhido pelos “coronéis” de MS para a intimidação e ameaças.

Tudo isso não me surpreende, mas me indigna e me indigna de mais, afinal de contas eu sou brasileira, militante de esquerda, acredito na democracia respaldada por uma Constituição Federal e sou obrigada a temer, pois estou na FETEMS, faço parte dessa luta e sei do que esses caras são capazes, eles tiram vidas, eles ficam impunes, eles usam influências e milhões de outras questões que me dão embrulho no estômago citar.

Até quando vamos assistir uma democracia republicana sendo comandada por latifundiários, por burgueses, pelo capitalismo sórdido que mata por dinheiro, por dinheiro e por mais dinheiro? Atenção autoridades públicas desse país o povo está cansado, cansado e cada vez mais cansado de esperar e nada acontecer.

Digo mais o professor Roberto sou eu, é você, é um monte de pessoas que sonham em morar em um Brasil mais digno e humano, onde as minorias possam viver em paz, pois numa boa até agora, por exemplo, no caso da disputa de terras em Mato Grosso do Sul, eu não vi os indígenas, movimentos sociais e sindicais, organizando “Leilão da Resistência” ou qualquer coisa parecida para contratar “segurança armado” para colocar em áreas de disputas, muito pelo contrário eu vi, participei e fotografei uma linda campanha de arrecadação de alimentos e suprimentos básicos para serem levados para estas áreas, pois as pessoas estão passando fome, enquanto fazendeiro está preocupado em se armar e mandar bala em gente inocente.

Além disso, numa boa não é uma guerra de ameaça, de gente armada e assim por diante que vai resolver o problema, os indígenas e fazendeiros deveriam querer a mesma coisa, mais depois de “Leilão da Resistência”, depois da ameaça de morte ao nosso presidente, fica claro que o processo não é mesmo esse, nossa luta, que fique bem claro, é pela PAZ NO CAMPO, nós nunca dizemos e nem afirmamos que não deve haver indenização para os fazendeiros, por suas terras ou bem feitorias feitas nelas, afinal de contas foi um erro do estado escriturar terra indígena, o que nós queremos é que essa situação se resolva sem um banho de sangue, sem mortes, o que nós queremos é de fato que o poder público federal entenda que a “casa tá caindo”, que os ânimos estão a flor da pele e eles não estão FAZENDO NADA para resolver este impasse e isso pode causar uma catástrofe em Mato Grosso do Sul.

Para terminar eu faço sim parte da turma “Mexeu com ele. Mexeu comigo!”, contra as ameaças recebidas pelo professor Roberto, em defesa da vida, dos direitos humanos, da liberdade de expressão e da democracia plena SEMPRE!!!

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