Um dos movimentos que a Purpose incubou é o Walk Free, que luta contra todas as formas de escravidão ainda existentes em pleno Século XXI. O movimento acaba de lançar um relatório impactante, o “Global Slavery Index 2013”, que documenta e pela primeira vez cria um ranking da escravidão em 162 países. A principal conclusão é a de que em todos o mundo existem atualmente cerca de 30 milhões de pessoas escravizadas.
As formas de escravidão são as mais diversas, incluindo pessoas forçadas a trabalhar em troca de dívidas, tráfico de seres humanos, especialmente de crianças, trabalhos forçados, casamentos forçados e outras formas de escravidão reconhecidas por tratados internacionais. Em todos os casos, o traço comum é que a pessoa tem sua liberdade individual negada e é usada, controlada e explorada por outra pessoa ou grupo de pessoas em troca de sexo, dinheiro e/ou satisfação do desejo de dominação. Obviamente os grilhões que mantêm uma pessoa escrava em pleno Século XXI são mais sofisticados do que há alguns séculos e incluem dívidas financeiras, intimidação, isolamento, casamento forçado, entre outros.
Os 10 países com maior prevalência de escravidão moderna, combinando número de escravos comparado com a população total, além casamento de crianças e tráfico humano, são: Mauritânia, Haiti, Paquistão, Índia, Nepal, Moldova, Benin, Costa do Marfim, Gambia, Gabão. Entretanto, se forem considerados apenas os números absolutos os campeões são a Índia, com 14 milhões de escravos, e a China, com cerca de três milhões.
Do outro do ranking, os países melhor colocados são a Islândia, Irlanda, Reino Unido, Nova Zelândia, Suíça, Suécia, Noruega, Luxemburgo e Finlândia. O que surpreende é que mesmo estes países não estão totalmente livres de escravidão. O relatório da Walk Free aponta que somente no Reino Unido existe um estimado de 4.200 a 4.600 escravos modernos. Evidentemente estes números, tanto em termos relativos como absolutos, não se comparam aos piores casos da lista, mas mostram que a escravidão moderna é uma mal disseminado e resiliente mesmo às legislações e formas de governos mais modernas.
No relatório da Walk Free é possível conhecer a posição de cada país globalmente e também compará-los com outras nações na mesma região. Para isso, são considerados não apenas as estimativas de números absolutos de pessoas vivendo em escravidão, como também cinco fatores de risco: existência ou não de políticas anti-escravidão, garantia dos direitos humanos, nível de desenvolvimento econômico e social, nível de estabilidade do país e desigualdade de gênero.
Considerados todos estes elementos, a posição do Brasil ranking nem de longe é tão ruim, mas também não é uma maravilha. Estamos listados na 94a. posição global, entre 162 nações, com um estimado de 200 mil a 220.000 pessoas vivendo em escravidão. Comparado com os outros 26 países do continente americano também estamos em uma posição intermediária, em 13o. Lugar. Distante do campeão Haiti, mas perdendo para países como Trinidad-Tobago, Honduras e Guatemala. O informe específico sobre o Brasil pode ser lido aqui.
O país melhor colocado nas Américas é Cuba, que também faz bonito no ranking global, ao ficar próximo do seleto grupo de 15 países com menores índices de escravidão moderna.
Este é o primeiro ano que o Índice de Escravidão Global é lançado. A ideia da Walk Free é que as informações divulgadas sirvam para dar visibilidade ao tema da escravidão moderna e seja usado por grupos da sociedade civil e por autoridades governamentais para fortalecer as ações e políticas de combate a esta tragédia global.
O índice Global de Escravidão 2013 pode ser acessado aqui.
–
Enviada para Combate Racismo Ambiental por Vanessa Rodrigues.