México: tortura é prática ‘generalizada’ no país, diz relatório da ONU sobre direitos humanos

Após passar 11 dias no país, relator especial das Nações Unidas diz que “contexto de impunidade” faz parte da rotina mexicana

Opera Mundi

O relator especial das Nações Unidas sobre Tortura, Juan Méndez, afirmou nesta segunda-feira (09/03) que “a tortura e os maus-tratos são generalizados no México”. A declaração faz parte da conclusão que Méndez apresentou em um relatório elaborado após uma visita ao país latino-americano em 2014.

Para o funcionário das Nações Unidas, a violência no México ocorre “em contexto de impunidade” e torturas acontecem com o intuito de “punir ou extrair confissões ou informação”.

Com a presença de uma delegação mexicana, o relatório desenvolvido por Méndez será debatido hoje, no Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra. Para uma fonte diplomática do México consultada pela Agence France-Presse, o artigo tem provas “insuficientes”, pois apresenta a ótica de apenas uma visita de 11 dias ao país.

A violência no México voltou ao centro de atenções da comunidade internacional, depois de 43 estudantes da escola de Ayotzinapa desaparecerem no dia 26 de setembro passado. Apesar de o caso chocar o país e o mundo, dados apontam que 5,6 pessoas são dadas como desaparecidas por dia em território mexicano.

Assista a trechos da entrevista de Omar García sobrevivente de 26 de setembro:

Atualmente, mais de 23.605 pessoas estão desaparecidas no México. Somente em 2014, 5.098 pessoas sumiram. O número é 13% maior do que o registrado em 2013. Todos os anos são feitas milhares de denúncias por familiares, mas dificilmente os casos de desaparecimento são investigados e solucionados, como pode ser verificado no episódio de Ayotzinapa.

Além de evidenciar mundialmente o problema dos desaparecimentos no México, o caso dos 43 estudantes trouxe à tona a questão das valas comuns, onde são enterrados corpos não identificados.

Em novembro passado, o então presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica, afirmou que a impressão que tem é de que o México é uma espécie de “Estado falido”. De acordo com o mandatário, a vida humana no país “vale menos do que a de um cachorro” e situação é pior do que a vivenciada em uma ditadura, “que pelo menos tem enfoque político”, sendo que neste caso, trata-se somente de “corrupção” e “dinheiro”.

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