I Festival Internacional Amazônida de Cinema de Fronteira: 12 a 18 de abril

O Festival Internacional Amazônida de Cinema de Fronteira – FIA CINEFRONT é um evento com caráter de mostra e debate de obras cinematográficas que abordam a realidade de regiões consideradas periféricas, caso da Amazônia. Desde o período colonial explorada como fonte de matéria-prima e recursos minerais, foi tomada durante a Ditadura Militar como vazio demográfico a ser ocupado por questão de “segurança nacional” e hoje figura como região de potencial hidrelétrico, do agronegócio e da mineração.

A Amazônia exporta riqueza e acumula conflitos sociais e degradação ambiental graves e é nesse cenário que surge a importância da produção do cinema documentário e ficcional que tematize e problematize a sociedade e suas contradições. Mais que trazer à tela a realidade vivenciada nestes contextos, o FIA CINEFRONT propõe o debate do conceito de “fronteira”, cuja perspectiva tende a fortalecer a lógica segundo a qual o mundo e a sociedade têm um centro legítimo de existência.

O festival quer demonstrar, por meio do cinema, que existe uma dinâmica social própria que envolve vida, trabalho, cultura, modos singulares de existir e de se relacionar com o mundo e com o meio em que se vive, independentemente daquilo que é engendrado pelos interesses dos chamados “centros”. É em nome do “desenvolvimento econômico” dos “centros” que as periferias – fronteiras – são drasticamente impactadas. O Festival surge como mostra de denúncia da degradação humana e ecológica permeada pelo desenvolvimento econômico, mas celebra as lutas sociais e a re-existência popular local abrindo espaço ao cinema, à imagem, à fala e ao fazer cinematográfico desde os fronts.

O festival pretende homenagear, a cada edição, diretores e produtores fílmicos cujo conjunto de suas obras represente contribuição cinematográfica para reflexão da realidade vivida nas “fronteiras-periferias” de nossa sociedade, na Amazônia e no mundo.

Nesta edição, denominada “1º FIA CINEFRONT”, homenageamos os diretores Vicente Rios e Adrian Cowell, pela premiada série produzida para TV “A Década da Destruição”. Constituída de vários filmes cujas imagens foram feitas durante as décadas de 1970 e 1980, a série apresenta a realidade amazônica, em especial a luta pela terra e a violência de fazendeiros contra trabalhadores rurais, bem como o conflito entre a antiga mineradora CVRD (atual Vale S/A) e garimpeiros em Serra Pelada, os impactos da construção da hidrelétrica de Tucuruí, a realidade de devastação ambiental e a história de vida-morte de personagens como Chico Mendes.

A obra de Cowell e Rios constitui-se no “maior projeto de documentação da devastação da Amazônia jamais realizado. A seriedade, o comprometimento demonstrado pelo documentarista ao longo dos dez anos, surpreendem pelo acompanhamento incansável das histórias dos personagens, que são acompanhados por esse período. Também a coragem, como nas filmagens de tiroteios entre posseiros de terra e pistoleiros, em festas e tiroteios em garimpos, como o registro de um garimpeiro morto por um tiro de fuzil, a escravidão na produção de carvão, ameaças de fazendeiros” [Felipe Milanez , Carta Capital, 11/10/2011].

Por tudo isto, o evento será um momento histórico de reconhecimento amazônida da importância artística e crítica, mas também política e acadêmica, da obra cinematográfica dos dois diretores. O documentarista Adrian Cowell faleceu em 2011, mas Vicente Rios, seu câmera e co-diretor no Brasil, estará presente no festival para receber as homenagens e debater o legado da obra “A Década da Destruição”. Vicente Rios é documentarista e supervisor do acervo Histórias da Amazônia, do Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia da PUC-GO, que guarda no Brasil as obras de Adrian Cowell doadas pelo próprio diretor à instituição.

Entre os filmes da série que serão apresentados no FIA CINEFRONT estão: “Barrados e Condenados” [2001], “Chico Mendes, eu quero viver” [1989], “Montanhas de Ouro” [1990], “Uma Dádiva da Floresta” [2001] e “Matando por Terras” [1991], este último praticamente inédito no Brasil, filmado ao longo da rodovia Belém-Brasília durante o período de 1986, ano em que foram assassinadas mais de 100 pessoas. O filme denuncia como grandes fazendeiros, prestes a perder os benefícios adquiridos durante o governo militar, contratam pistoleiros para expulsar grupos de sem-terra acampados. Casas queimadas, assassinatos, famílias expulsas: fatos que levam à retaliação dos sem-terra com queimadas de pastos e protestos, forçando os pistoleiros a abandonar o local e o INCRA a intermediar a partilha das terras. A obra dos diretores narra uma realidade ainda presente na Amazônia, em especial no estado do Pará.

Além disto, o festival ainda contará com o lançamento do filme “Ameaçados”, da diretora Júlia Mariano [Osmose Filmes] e a apresentação do filme “Toxic Amazon” de Felipe Milanez, jornalista e documentarista, pesquisador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra – Portugal. Contaremos com a presença de ambos nas sessões para debater suas produções com o público.

Filmes produzidos por diretores locais também comporão o Festival: “Terra pra Quem” [Camila Fialho e José Viana], “Gritos dos Excluídos – Marabá” [Evandro Medeiros e Airton Pereira], “Minerando Conflitos” [Thiago Cruz] e “Cabelo Seco no Encontro dos Rios” [Joseline Trindade]. Acontecendo no período de 13 a 18 de abril, o evento pretende instalar sessões de exibição e debate sobre os filmes em escolas, no Cine Marrocos, na praça São Felix de Valois, na Curva do S, em Eldorado dos Carajás e no campus universitário da UNIFESSPA em Marabá e Rondon do Pará. A entrada é franca.

Comissão Organizadora:

Comments (1)

  1. ATENCIOSAMENTE LEIA:

    Maria, os ladrões (guerreiros) da petrobrás também têem apresentaram diplomas para os autos cargos, eu quero vê são os diplomados naturalmente através do conhecimento da vivência e batalha árdua incessante cotidiana entre os armados até os dentes. Diferente dos que buscam através do lazer turístico e sensacionalismo no espaço protagido colhes imagens e informações e após se enfeitado de hérois publicam se recheiam e se provendo “Star” Herois . produções nada diferentes da dos mensaleiros ou dos hérois da petrobrás unidos a políticos e restante do mesmo nível e pário! Falo por conhecimento amiga, mal me dirigio a palavra, só queria se dirigir ao François, embora várias vezes François lhe repetia, você iria ganhar muito em conhecimento e valentia e verdadeira amazonas, petulante e em sua arrogância e de star junto com o outro inglês nem me dirigio a palavra, conversava somente com François, eis então a figura real do Don Ruan, no Xingu- Pa e Amazônia e assim esses protótipos da enganação chegam nas regiões do nosso planeta verde. E assim , pude conhecer o trabalho desse dito cujo em terreno e cuja onça de papel fabricada por eles na escolhina pra enganar achando eles, trochas, na Ilha da fazenda e onde eles colocaram o Valente Xingu na sua cheia levou e foi nas terras da mangueira e pousada ecológica, sem mts da barragem, terras de um dos nossos revoltados e combatente amigos do Xingu, durante todo esses anos de luta e sobre Besta Monstruosa destruidora do nosso berço de sustentabilidade e conviviabilidade de entrelaçadas culturas do amigo e grande Xingu. Beijão Linda! Magnólia: Date: Wed, 4 Mar 2015 10:32:25 -0300
    Subject: Re: celular
    From: [email protected]
    To: [email protected]
    CC: [email protected]; [email protected]

    ok, Catherine, c’est dommage…de tout façon, je vous remercie.
    a bientôt,
    Suzana

    Diretora
    visite Filmambiente | Rio de Janeiro

    Em 4 de março de 2015 09:41, Catherine Lacroix escreveu:
    Non nous n’avons pas de traduction espagnole …
    Bien à vous
    Catherine

    Le 4 mars 2015 à 11:57, Suzana a écrit :

    Bonjour Catherine et merci pour votre reponse.
    Est-ce que vous avez au moins le film traduite au Espagnol? On peut essayer de le sous-titrée a Barcelona. Et je vais demandé si ils peut invite une de vous.
    A bientot
    Suzana

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