Negros ainda são invisíveis em cargos de comando em empresas

José Vicente* – Especial para o UOL

Uma das mais evidentes e persistentes faces da desigualdade social no Brasil poder ser medida pelo grau da participação dos negros nas variadas dimensões sociais do país.

A intensidade da presença desse grupo de brasileiros nos indicadores negativos dá várias mostras das distorções sociais econômicas ao longo do tempo, além de alimentar importantes debates e produzir diagnósticos categorizados sobre a permanência de um sentido, de um padrão de tratamento injusto e desigual em relação aos demais grupos sociais no Brasil.

A manutenção e a insistente repetição desses indicadores – a despeito das profundas transformações econômicas e sociais pelas quais o país tem passado nas últimas décadas, e que o alçaram à condição de uma das seis potências econômicas mundiais – não raras vezes tem sido entendida e apontada pelos debatedores e estudiosos dessa questão como expressão da discriminação e do racismo contra os negros e, especialmente, como uma das manifestações do racismo institucional como padrão de ação na condução desse tema, realizada, principalmente, por parte do Estado.

A educação brasileira, presa nas discrepâncias, distorções e incongruências socioeconômicas e políticas históricas de ineficiência, exclusão e elitismo sobejamente conhecidas, precisará indubitavelmente encontrar e criar meios e condições inovadoras para se alinhar com as necessidades de desenvolvimento e progresso do país, principalmente, diante das agruras, desafios, intercorrências e inexorabilidades da produção e consumo do atual mundo globalizado, montado nas exigências de competências, competitividade e síntese criativa. (mais…)

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O último trabalho de Eduardo

EduardoJosé Ribamar Bessa Freire – Taqui Pra Ti

A morte de um aluno jovem é, para o professor que a ele sobrevive, como a morte de um filho: uma inversão antinatural, uma cilada do destino, uma emboscada da história. Assim como existe pai órfão de seu filho, existe professor órfão de seu aluno. É o sentimento que compartilho com alguns colegas da Universidade Federal de Santa Catarina diante da morte de um dos nossos alunos, o guarani Eduardo da Silva Kuaray, do Curso de Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica. Ele foi vítima de um acidente fatal de carro neste 1° de novembro numa estrada do município de Imarui (SC).

Eduardo, filho caçula de Maria e Augusto da Silva, era quase um menino, apesar de ser pai de três filhos e de ter sido cacique da Aldeia Tekoa Marangatu. Fui seu professor em todas as etapas do Curso de Magistério Kuaa M´boe, que começou em novembro de 2003 no município Celso Ramos (SC), passou por Faxinal do Céu (PR) e terminou em São Francisco de Paula (RS) em maio de 2010. Durante esse tempo, encontrei Eduardo duas vezes cada ano. Aprendi muito com ele e com seus colegas.

No primeiro trabalho de avaliação, fizemos uma espécie de guia de fontes de documentos orais. Solicitamos aos alunos que entrevistassem os velhos sábios guarani e registrassem os saberes locais. Eduardo me apresentou narrativas coletadas com dona Maria Guimarães, do Tekoa Marangatu, reconstruindo a trajetória de vida dela.   (mais…)

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Fiocruz: Brasil tem 490 focos de tensão. Conflitos sociais aumentam no campo e nas cidades e serão desafio para Dilma

fiocruz 490 pontos

Nota: o estudo mencionado não aponta um crescimento de 40% nos conflitos em dois anos. Ele corresponde, sim, ao número total de casos acrescentados ao Mapa de Conflitos nesse período. Há muitos outros sendo pesquisados, e a maioria deles teve início antes mesmo do lançamento do Mapa na internet, em 2010. O que não significa, entretanto, que outros não continuem lamentavelmente a surgir. (Tania Pacheco) 

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Estudo da Fiocruz aponta que, em dois anos, focos de conflito em todo o país cresceram 40%

Por Renato Onofre e Tiago Dantas, em O Globo

SÃO PAULO – O aprofundamento dos conflitos sociais nos centros urbanos e os impasses ambientais no campo alimentam bombas-relógios prestes a explodir no Brasil. Mapeamento da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Ensp/Fiocruz) identificou 490 focos de tensão em todo o país, 40% a mais do que foi contabilizado pelo mesmo grupo em 2012. Desses, 147 (30%) estão em áreas urbanas e afetam diretamente a qualidade de vida da população. Os problemas sociais são um dos gargalos que a presidente reeleita Dilma Rousseff, os governadores e os parlamentares terão que enfrentar nos próximos anos. A dificuldade e o custo para conseguir moradia, a qualidade da mobilidade urbana e dos serviços públicos e a demora para resolver conflitos de terra são alguns dos principais pontos de tensão a serem resolvidos. (mais…)

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