Rio de Janeiro tem 46% de candidatos negros à Câmara Federal

Akemi Nitahara – Repórter da Agência Brasil

Com população estimada em 16,4 milhões pessoas, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o estado do Rio de Janeiro tem 12,1 milhões de eleitores. Só na capital, são 4,8 milhões de pessoas aptas ao voto. O município de São Gonçalo, na região metropolitana, com 678.379 eleitores, é o segundo maior eleitorado, seguido de Niterói, com 620.580 eleitores. Os menores são Macuco (6.560), São José de Ubá (6.946) e Laje do Muriaé, com 7.045 eleitores.

No estado, sete candidatos concorrem ao Palácio Guanabara. Dayse Oliveira, do PSTU, é a única mulher e também a única negra na disputa. Liliam Sá, do PROS, disputará com mais sete candidatos uma vaga ao Senado. Três deles se declararam pardos e um preto.

Para deputado federal, 1.080 candidatos concorrem a uma das 46 vagas na Câmara Federal. É a terceira maior bancada, atrás de São Paulo, com 70 deputados, e Minas Gerais, com 53. Do total de concorrentes, 332 são mulheres, o que corresponde à cota obrigatória de 30%. Um candidato se declarou da cor amarela, um indígena, 383 pardos e 114 pretos, totalizando 46% de candidatos negros no estado, pouco abaixo dos cerca de 51% de negros residentes.

Para a Assembleia Legislativa, 2.037 candidatos disputam 70 vagas, sendo 618 mulheres, também 30% da cota obrigatória. Do total, dois candidatos são indígenas, 43% negros, 623 pardos e 266 pretos. (mais…)

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Sampa, força da grana e barbárie

Em defesa do proprietário de imóvel abandonado, “Justiça” desaloja famílias no antigo Hotel Cineasta, em 2011. Só no centro de SP, já há mais vinte “reintegrações de posse” autorizadas
Em defesa do proprietário de imóvel abandonado, “Justiça” desaloja famílias no antigo Hotel Cineasta, em 2011. Só no centro de SP, já há mais vinte “reintegrações de posse” autorizadas

Judiciário e polícia postam-se para garantir o direito à especulação, quando perturbado por seres humanos buscando (que ousadia!) o direito de morar em alguma parte

Por Guilherme Boulos – Outras Palavras

A esquina da Ipiranga com a avenida São João, imortalizada em versos, testemunhou fatos bem pouco poéticos há menos de duas semanas.

Bebês sufocados com bombas de gás, pessoas desmaiando e outras sendo forçadas por policiais a deitar no chão molhado. Cadeirantes sem suas cadeiras de roda. Filhos perdidos das mães. Cenário de horror.

Ali, no cruzamento mais famoso de São Paulo, ficava até poucos dias a ocupação de duzentas famílias de sem-teto, no prédio do antigo hotel Aquarius, fechado e abandonado há mais de dez anos. (mais…)

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Fome: o ingênuo otimismo da ONU

retirantes

Por Juliana Dias, da Malagueta

A indiferença glacial a respeito da fome no mundo contrasta com os dados do sociólogo Jean Ziegler, que considera a destruição anual de dezenas de milhões de homens, mulheres e crianças pela falta de comida como o escândalo do nosso século. No seu estado atual, a agricultura mundial poderia alimentar, sem problemas, 12 bilhões de pessoas, quase duas vezes a população mundial. No entanto, a cada cinco segundos, morre uma criança de menos de dez anos, num planeta que transborda riquezas. Os neurônios do cérebro humano formam-se entre zero e cinco anos. Se nesse período não receber uma alimentação adequada, suficiente e regular, a criança ficará lesionada pelo resto da vida.

Aos 80 anos, Ziegler é o pensador suíço contemporâneo mais conhecido no mundo. Com mais de 20 livros publicados, combina sua produção intelectual com uma resistente intervenção social e política. Atuou como o primeiro relator Especial sobre o Direito Humano à Alimentação e membro do Comitê Consultivo do Conselho de Direitos Humanos, da Organização das Nações Unidas (ONU), entre 2000 e 2012. Seu último livro, Destruição em massa – geopolítica da fome (Ed. Cortez) é dedicado ao médico brasileiro Josué de Castro, um dos fundadores da agência da ONU para Alimentação e Agricultura (FAO), reconhecido internacionalmente por seu pioneirismo em denunciar o flagelo da fome.

A reflexão de Ziegler sobre as causas da escassez de alimentos é pertinente para avaliar o recém-lançado Relatório de Insegurança Alimentar no Mundo (SOFI, sigla em inglês), divulgado pela FAO. De acordo com o documento, na última década a redução de famintos chegou a 100 milhões. O número de pessoas “cronicamente desnutridas” chega a 805 milhões no período de 2012 a 2014. Nos países em desenvolvimento, a desnutrição caiu de 23,4% para 13,5%. O Brasil foi o destaque do relatório, apontado como o país que, oficialmente, superou o problema da fome. (mais…)

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Nota Pública do Conanda repudia publicação com exposição de crianças e adolescentes

Secretaria de Direitos Humanos

O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente emitiu nesta quinta-feira (25) nota pública contra a exposição indevida de crianças e adolescentes, tendo como objeto a recente publicação de ensaio fotográfico com imagens de crianças e adolescentes pela Revista Vogue.

NOTA PÚBLICA

CONTRA A EXPOSIÇÃO INDEVIDA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Considerando que o art. 227 da Constituição Federal de 1988, assegura às crianças e aos adolescentes, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à dignidade, bem como o dever de colocá-los a salvo de qualquer forma de violência, crueldade e opressão;

Considerando que a Lei nº 8.069, de 13 de junho de 1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA reafirma o disposto na Carta Magna ao estabelecer que: “é dever de todos zelar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-o a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório, ou constrangedor”. (mais…)

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História e Cultura Africana e Afro-brasileira na Educação Infantil (Livro do Professor, para baixar)

livro unesco sobre história e cultura africana

UNESCO

O livro é uma ferramenta fundamental e disponibiliza tanto para os professores responsáveis e compromissados com a educação da primeira infância quanto para os interessados de modo geral em uma educação e em um país justo e igualitário, conteúdos sólidos para a formação e o conhecimento sobre a riqueza, as diferenças e a diversidade da história e da cultura africana e suas influências na história e na cultura do povo brasileiro, em especial, da população afro-brasileira. Download gratuito AQUI.

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Ruben Siqueira.

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Allen Frances: Transformamos problemas cotidianos em transtornos mentais

Allen Frances, este mês, em Barcelona. Foto: Juan Barbosa
Allen Frances, este mês, em Barcelona. Foto: Juan Barbosa

“A incidência real [da hiperatividade] está em torno de 2% a 3% da população infantil e, entretanto, 11% das crianças nos EUA estão diagnosticadas como tal e, no caso dos adolescentes homens, 20%, sendo que metade é tratada com fármacos. Outro dado surpreendente: entre as crianças em tratamento, mais de 10.000 têm menos de três anos! Isso é algo selvagem, desumano. Os melhores especialistas, aqueles que honestamente ajudaram a definir a patologia, estão horrorizados. Perdeu-se o controle”.

M.P.O. em El País

Catedrático emérito da Universidade Duke comandou a redação da ‘bíblia’ dos psiquiatras. Allen Frances (Nova York, 1942) dirigiu durante anos o Manual Diagnóstico e Estatístico (DSM), documento que define e descreve as diferentes doenças mentais. Esse manual, considerado a bíblia dos psiquiatras, é revisado periodicamente para ser adaptado aos avanços do conhecimento científico. Frances dirigiu a equipe que redigiu o DSM IV, ao qual se seguiu uma quinta revisão que ampliou enormemente o número de transtornos patológicos. Em seu livro Saving Normal (inédito no Brasil), ele faz uma autocrítica e questiona o fato de a principal referência acadêmica da psiquiatria contribuir para a crescente medicalização da vida.

Pergunta. No livro, o senhor faz um mea culpa, mas é ainda mais duro com o trabalho de seus colegas do DSM V. Por quê?

Resposta. Fomos muito conservadores e só introduzimos [no DSM IV] dois dos 94 novos transtornos mentais sugeridos. Ao acabar, nos felicitamos, convencidos de que tínhamos feito um bom trabalho. Mas o DSM IV acabou sendo um dique frágil demais para frear o impulso agressivo e diabolicamente ardiloso das empresas farmacêuticas no sentido de introduzir novas entidades patológicas. Não soubemos nos antecipar ao poder dos laboratórios de fazer médicos, pais e pacientes acreditarem que o transtorno psiquiátrico é algo muito comum e de fácil solução. O resultado foi uma inflação diagnóstica que causa muito dano, especialmente na psiquiatria infantil. Agora, a ampliação de síndromes e patologias no DSM V vai transformar a atual inflação diagnóstica em hiperinflação. (mais…)

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