
Com redução de partes existentes, presidente terminará seu mandato com saldo negativo
Fábrica de mosquito transgênico é inaugurada e pressão aumenta para a comercialização do mosquito.
Viviane Tavares – Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz)
Foi inaugurada, no dia 29 de julho, a fábrica da empresa britânica Oxitec, responsável por produzir exemplares de aedes aegypti geneticamente modificados. Assim como noticiado pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) em maio deste ano, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) autorizou o método de mutação genética, mas a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda não autorizou a comercialização. Se for aprovada na Anvisa, o Brasil será o único país a usar esses insetos transgênicos em escala comercial.
Os testes já foram realizados em locais como Panamá e Ilhas Cayman, mas os mosquitos não foram liberados para serem comercializados. Nos Estados Unidos, a pesquisa não chegou nem a ser autorizada. No Brasil, os municípios de Juazeiro e Jacobina, na Bahia, receberam a pesquisa, que começou no ano passado. A cidade de Jacobina, logo depois da experiência, decretou estado de emergência em relação ao aumento de casos de dengue. E agora no mês de julho, renovou o decreto de situação de emergência em face da epidemia da doença.
Em nota, a Agricultura Familiar e Agroecologia (AS-PTA) afirma que outra preocupação dos ecologistas é que não há segurança de que as larvas não sobrevivam, pois mesmo em condições ideais, 3% delas sobrevivem e, segundo a nota, a empresa que produz o mosquito sabe disso. No texto, eles informam sobre a pesquisa do engenheiro químico e professor da Escuela de Ingeniería Universidad do Chile, Camilo Rodriguez, que há quatro anos estuda os efeitos da tetraciclina, um antibiótico largamente utilizado, principalmente pela indústria pecuária, e que faz com que a larva do aedes aegypti sobreviva. “Segundo o estudioso, como o antibiótico pode estar no meio ambiente, a larva pode facilmente entrar em contato com essa substância. É impossível fazer pesquisas independentes sobre esse assunto, pois o mosquito é patenteado pela empresa que produz toda a literatura que temos a respeito, isso por si só já deveria ser motivo de desconfiança”, aponta o comunicado. (mais…)
Depois de resistir a vários convites, o poeta amazonense Thiago de Mello decidiu concorrer pela primeira vez, aos 88 anos, a uma vaga na Academia Brasileira de Letras (ABL). Com sete décadas de vida literária, o autor do poema “Os Estatutos do Homem”, traduzido para mais de 30 idiomas, se candidata à cadeira 32, que foi ocupada pelo escritor Ariano Suassuna, e terá como concorrente o jornalista Zuenir Ventura.
Com exclusividade para o Blog da Amazônia, Thiago de Mello aceitou listar os motivos de sua candidatura. Um dos pontos: “Porque quero ver a minha Amazônia fazendo parte da vida da Academia”. Um dos poetas vivos mais populares da língua portuguesa, o amazonense de Barreirinha publicou os livros “Silêncio e Palavra” (1951), “Narciso Cego” (1952), “Vento Geral” (1960), “Faz escuro mas eu canto” (1965), “A canção do amor armado” (1966) e “De uma vez por todas” (1996), entre outros, além da antologia de traduções “Poetas da América de Canto Castelhano”. (mais…)
Grupos buscam diálogo para evitar que ‘mediações’ e cumprimento de mandados de desocupação sejam realizados por meio de força policial
por Patricia Iglecio, da RBA
“Queremos pressionar pra ver se o Judiciário pelo menos se reúne com os movimentos, escuta, estuda, e dá mais um tempo, porque mal se sabe da reintegração e o batalhão da polícia já marca o dia da saída das famílias”. As palavras são da coordenadora da União das Lutas dos Cortiços e Moradia (ULCM), Maria dos Anjos Brás do Santos, e resumem o pedido de diálogo que os movimentos de moradia da região central de São Paulo querem com o Poder Judiciário sobre as reintegrações de posse. Durante ato realizado nesta terça-feira (5), no centro de São Paulo, o objetivo foi sensibilizar os juízes.
Dezenove entidades de luta por moradia estiveram reunidas no Pátio do Colégio, em frente ao Tribunal de Justiça, no centro de São Paulo, para marchar em direção ao Fórum João Mendes. Maria dos Anjos aponta que, nos últimos quatro meses, “aumentou muito” o número de reintegrações de posse na região central e os movimentos querem debater com o Judiciário para que seja traçado um plano de ação.
“Em 15 dias, 30 dias, o que você faz com uma ocupação com 150 famílias? Em 30 dias, dá pra você resolver para onde vão essas famílias?”, questiona a coordenadora da ULCM, movimento que ocupava três prédios no centro, mas que, no final do mês de julho, teve parte do grupo removida. Com o número crescente de reintegrações, os movimentos buscam fortalecer a articulação entre eles e realizam reuniões semanais. A militante conta que há solidariedade nas lutas, e que famílias despejadas são abrigadas por diferentes movimentos. “Estamos conversando para arrumar uma solução. Se o movimento não se juntar, a gente não vai conseguir nada”, argumenta Maria dos Anjos. (mais…)
Uma semana depois da reintegração de posse, realizada nas terras da antiga fábrica de Cotonifício, em Moreno, as famílias de trabalhadores sem teto encontram-se indignadas e relatam total abandono e descaso por parte da prefeitura do município e do Estado. Parte destas famílias foi acolhida pelos trabalhadores rurais ligados ao MST que ocupam o Engenho Una, bem como os próprios sitiantes do local, que também está localizado no município de Moreno. Estas encontram-se atualmente alojadas de maneira improvisada na Casa Grande e no Galpão do Engenho.
As famílias, entrevistadas pela CPT, relataram as violações de direitos ocorridas no momento da reintegração de posse. Lucicleide Maria da Silva, de 33 anos, auxiliar de cozinha, classificou a ação do Estado como desumana. A trabalhadora sem teto, mãe de cinco filhas, comenta que no momento do despejo, cerca de 300 famílias encontravam-se no local. Muitas crianças e jovens portadores de deficiência foram colocados na rua sem ter para onde ir. “Todas estas famílias não tem pra onde ir, não tem casa, não tem terra, não tem nada. A gente vivia de aluguel e não tinha condições de pagar. Não vou botar minhas filhas na rua. Se não fosse isso aqui [solidariedade dos trabalhadores rurais], não sei onde a gente estaria agora”. (mais…)
Cimi Sul-Equipe Porto Alegre
Em ano eleitoral as barganhas políticas são as regras. Nada deve comprometer os acordos, conchavos, apoios e os financiamentos públicos e privados para as candidaturas políticas. Essa estrutura é tão perversa que inviabiliza as possibilidades de que pessoas sérias e comprometidas com as causas sociais disputem eleições. A regra, portanto, impõe o atrelamento de questões econômicas e sociais à politicagem. Nesse sentido, a presidente da República Dilma Rousseff – juntamente com seu partido político – optou por paralisar os procedimentos de demarcação das terras indígenas e quilombolas, e o fez para não desagradar certos setores a ela articulados, que também “apadrinham” sua candidatura à reeleição. Assim, a presidente vem mostrando concreta e inegavelmente quais são as suas prioridades ao governar.
A Fundação Nacional do Índio (Funai) comandada por uma presidente interina há mais de um ano, acatou a determinação da chefe do poder Executivo e, ao longo de quase dois anos, não demarcou nenhuma terra. Talvez seja por interina e comandar o órgão indigenista oficial de modo provisório, a presidente da Funai não manifesta descontentamento, não se compromete com os povos indígenas e aceita a estagnação como regra. A Funai, que deveria demarcar as terras indígenas, protegê-las e fiscalizá-las, permanece alheia aos graves conflitos de que são vítimas os povos indígenas de diferentes regiões brasileiras. O mesmo ocorre com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no tocante aos territórios quilombolas, ou seja, a política de omissão vigora, mesmo com as garantias legais e as responsabilidades atribuídas a este órgão oficial. (mais…)
A notícia aqui existente, que recebemos e publicamos, continha equívoco sério envolvendo uma pessoa já falecida. Como se deletássemos tudo desapareceriam também os dois comentários enviados a respeito, optamos por manter o título, a foto e esta explicação. (Tania Pacheco).
Nesta terça-feira (05/08), cerca de mil famílias de trabalhadores do Movimento do MST e do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) ocuparam quatro fazendas nas regiões Norte, Sul e região metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
Uma das principais ações foi a reocupação da Fazenda da Palma, na Colônia Z3, realizada por cerca de 200 famílias do MST, despejadas do local no final de maio.
A área foi ocupada pela primeira vez em abril deste ano durante a Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária. O local possui aproximadamente 7.000 hectares, localizado em Pelotas, na região Norte.
Outras ocupações aconteceram nos municípios de Esmeralda, na fazenda Agência, de 2.060 hectares; em Charqueadas, no Horto Florestal da Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica do RS (CEEE), com 920 hectares e em Salto do Jacuí, na área do antigo Aeroporto da cidade, que se encontra desativado.
O MST reivindica, junto ao Governo do Estado, a desapropriação das duas áreas públicas da CEEE, que se encontram abandonadas, para o assentamento da famílias acampadas no estado. (mais…)
Há um sentimento crescente na cultura contemporânea de que a “humanidade” e o “mundo” — a espécie e o planeta, as sociedades e seus ambientes, mas também o sujeito e o objeto, o pensamento e o ser — entraram, já faz algum tempo, mas apenas agora com uma evidência cada vez mais difícil de ignorar, em uma conjunção cosmológica nefasta, associada frequentemente aos nomes controversos de Antropoceno e Gaia. O primeiro termo designaria um novo tempo, ou antes um novo conceito e uma nova experiência da temporalidade, nos quais a diferença de magnitude entre a escala da história humana e as escalas cronológicas da biologia e das ciências geofísicas diminuiu dramaticamente, senão mesmo tendeu a se inverter, com o “ambiente” mudando mais depressa que a “sociedade” e o futuro próximo se tornando, com isso, cada vez mais imprevisível e ominoso.
O segundo, “Gaia”, nomearia uma nova maneira de ocupar e de imaginar o espaço, chamando a atenção para o fato de que nosso mundo, a Terra, tornado, de um lado, subitamente exíguo e frágil, e, de outro lado, suscetível e implacável, assumiu a aparência de uma Potência ameaçadora que evoca aquelas divindades indiferentes, imprevisíveis e incompreensíveis de nosso passado arcaico. (mais…)