O Grupo Tortura Nunca Mais/RJ vem a público expressar sua preocupação, indignação e repúdio em face da naturalização de formas de intimidação e de cerceamento da livre manifestação e organização que ferem o ordenamento jurídico do país e a existência de uma sociedade plural e garantidora dos direitos fundamentais.
Isto tem se manifestado por meio de uma relação espúria entre o aparato policial, o judiciário e os grandes meios de comunicação, um dos fundamentos do terrorismo de Estado instalado no Brasil em 1964. De forma alarmante, a violência cotidiana praticada e institucionalizada pela polícia é legalizada por parcela do Ministério Público e do Judiciário e legitimada pela grande mídia.
O “devido processo legal”, o “amplo direito de defesa”, a “presunção da inocência”, figuras jurídicas decisivas para um Estado Democrático de Direito, são transformadas em figuras retóricas.
A grande mídia apresenta uma surpreendente e nada casual coordenação com a ação polícial. Um jornalismo incriminatório que busca criar o ambiente necessário para a ampliação das ações repressivas da polícia. O que começou com repressão ostensiva ao direito de manifestação pública, se desenvolveu em prisões intimidatórias e em violações de liberdades constitucionais, ganhando uma nova dimensão quando instituições de defesa de direitos humanos, sindicatos e outras instituições da sociedade civil se tornam o foco da ação policial.
Destacamos o Instituto de Defensores de Direitos Humanos, que presta assessoria jurídica gratuita em violações de direitos fundamentais e que teve seus telefones grampeados, contas de emails invadidas e os contatos entre advogados e seus clientes monitorados.
Da mesma forma, quando o Sindicato dos Jornalistas do município do Rio de Janeiro cede seu espaço para entidades de direitos humanos e familiares de ativistas que tiveram seus direitos violados, a grande mídia aproveita para um combate de outro tipo: a fragilização de uma diretoria que se tornou um incômodo para os empresários das comunicações por suas posições firmes em disputas salariais e em relação às condições de segurança dos profissionais de imprensa, em especial, em um momento em que eles são seguidamente agredidos pela polícia em manifestações de rua. (mais…)