Por Laura Frutos, em Causas Perdidas
A imagem que de forma geral guarda a sociedade sobre os índios que habitam o país é, como qualquer visão estereotipada, um grande conjunto de clichês. Índios andam nus, usam ‘mim’ no lugar de ‘eu’, são ingênuos e não têm acesso à tecnologia. O problema é que essa visão estereotipada, que carrega bem mais equívocos do que os listados aqui, tem servido como critério para leigos definirem o quedeve ser um índio. Qualquer indivíduo indígena que fuja da imagem pré-concebida pela sociedade, é acusado de ter “perdido suas raízes” – como se fossemos, nós, homens brancos, quem tivéssemos o poder e o direito de definir o que são as raízes de um outro povo. Autodeterminação dos povos1? Ninguém nunca ouviu falar.
Pouca gente ouviu falar deles, mas os indígenas contemporâneos estão em toda parte. Você sabia, por exemplo, que a cidade de São Paulo tem a maior população indígena do país vivendo em região urbana? Você sabia que há aldeias hoje em dia duramente cavadas e sufocadas dentro das cidades? Pois é, nem todo índio mora na Amazônia. Segundo o CENSO do IBGE de 2010, 324 mil indígenas (o que significa 36% do total) vivem em áreas urbanas. São Paulo, a grande metrópole, é a quarta cidade com maior população indígena do país em números absolutos. São 12.977 índios vivendo na selva de pedra. Está surpreso? (mais…)