Dom Tomás Balduíno: “Governo do Pará vendia terras no mapa”, por Alceu Castilho

dom tomás balduíno

Em 2006 fiz uma longa entrevista com Dom Tomás Balduíno (1922-2014), em Brasília. Eu editava o site da Agência Repórter Social – que não existe mais. Por isso reproduzi a entrevista em meu blog

Por Alceu Castilho, em Outro Brasil

Dom Tomás Balduíno recebe neste dia 15 de junho, da Universidade Federal de Goiás, o título de Doutor Honoris Causa. Em 2006, pela Agência Repórter Social, fiz com ele uma longa entrevista, em Brasilia. Quase seis anos depois, com o bispo emérito prestes a completar 90 anos, ela se mantém atual. Na época eu a publiquei com o seguinte título: “Aldo Rebelo é quem deveria estar na Papuda”. Isto após o ministro, então presidente da Câmara dos Deputados, mandar prender centenas de sem-teto, do MLST, que estavam no gramado do Congresso. O MLST perdera o controle de um ato e dezenas de sus integrantes invadiram a Câmara. Foi a senha para a prisão em massa (os sem-teto passaram a noite no Ginásio Nilson Nelson) e para um massacre dos meios de comunicação – um dos temas tratados por Balduíno na entrevista. O título atual se refere a um trecho em que ele detalha como o governo paraense vendia as terras, nos anos 60, por mapas aéreos. Sem se importar se ali havia índios. Segue o texto como foi publicado em 2006:

Em entrevista sobre o País e sobre sua vida, o líder da Comissão Pastoral da Terra falou (antes de Lula) de uma nova Constituinte, de uma “guinada para a direita” e desejou a prisão de Aldo Rebelo

BRASÍLIA – No dia 23 de julho, durante o Encontro Nacional dos Povos do Campo, Dom Tomás Balduíno concedeu uma longa entrevista à Agência Repórter Social. Por sua importância histórica, ela é reproduzida aqui na íntegra. O coordenador da Comissão Pastoral da Terra fala de conjuntura, mas percorre em sua fala centenas de quilômetros de uma história fundiária violenta. E faz projeções nada otimistas em relação ao futuro do País, que estaria sofrendo uma “guinada para a direita”, “pela pressão dos meios de comunicação”. Ele defendeu uma nova Constituinte antes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva falar disso, com repercussão bastante negativa. Motivo: o Congresso elege as elites, conforme o que o sociólogo Chico de Oliveira chamou de “fila dos idiotas”. Dom Tomás não deixa pedra sobre pedra. Sobre o episódio do MLST, disparou: “Aldo Rebelo é quem deveria estar no presídio da Papuda”. (mais…)

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Ministro da Agricultura [ou será do Agronegócio?] defende “regras para a demarcação de terras indígenas”: PEC 215

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Presente à abertura da 80ª ExpoZebu, o ministro da Agricultura, Neri Geller (PMDB), afirmou que dará todo suporte para a votação da PEC (Proposta de Emenda Constitucional) 215. A proposta transfere da União para o Congresso Nacional os poderes para demarcar terras indígenas e motivou vários protestos na Câmara dos Deputados até o governo federal se posicionar contra o projeto no fim do ano passado. De acordo com Geller, a Constituição não deixa claros os critérios de demarcação indígena e a situação representa insegurança para os produtores rurais. “Sou a favor (da PEC). As demarcações têm que ter limites e regras. Por isso, o Congresso tem que votar a PEC 215”, declara.

O ministro argumenta que a reivindicação das comunidades indígenas é a qualidade de vida. No entanto, ao ser questionado sobre a resistência à PEC e as manifestações realizadas para barrar a votação da proposta no Congresso Nacional, Geller se esquivou e disse apenas que o projeto voltará a tramitar na Câmara dos Deputados. “O Ministério da Agricultura vai dar todo suporte para isso. Já deveria ter acontecido na década de 90. O governo está muito comprometido segurança jurídica no campo”, salienta.

 

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Itão Kuêgü – “As hiper mulheres”

Vídeo postado en Vimeo por LA REVOLUCION ES AHORA!

Combate Racismo Ambiental

As informações abaixo foram retiradas da página do premiadíssimo documentário As Hiper Mulheres, que merece ser visitada. Embora não apresente o vídeo em si, ele traz dados importantes, como os créditos, com os nomes d@s indígenas participantes, e o próprio making of do vídeo, que no original tem legendas também em espanhol, francês e inglês. Uma observação: para as legendas, os diretores optaram por usar termos coloquiais, para serem fieis ao espírito e ao humor existentes nas relações entre @s indígenas.

Sinopse: Temendo a morte da esposa idosa, o marido pede que seu sobrinho realize o Jamurikumalu, o maior ritual feminino do Alto Xingu (MT), para que ela possa cantar mais uma última vez. As mulheres do grupo começam os ensaios enquanto a única cantora que de fato sabe todas as músicas se encontra gravemente doente. (mais…)

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CNA do agronegócio e de Kátia Abreu contesta portaria sobre “lista suja” do trabalho escravo

Ilustração: Nani
Ilustração: Nani

CNA afirma que inclusão de empresa nesse cadastro traria danos irreparáveis de imagem [sic]

Última Instância

A CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil), principal grupo representante do setor patronal do agronegócio, ajuizou uma Adin (ação direta de inconstitucionalidade 5115) no STF (Supremo Tribunal Federal) questionando uma portaria que dita regras para a criação de um Cadastro de Empregadores que tenham submetido trabalhadores a condições análogas às de escravos.

Segundo a CNA, essa portaria fere princípios constitucionais como o da legalidade, proporcionalidade e da presunção de inocência, por criar atribuições na Administração Pública que deveriam ser regulamentadas por lei. Para a CNA, “essa portaria, baseada no inciso II do parágrafo único do artigo 87 da Carta da República, tem nítido caráter de regulamento, não podendo extrapolar essas específicas funções normativas”.

A Portaria Interministerial 2, de 12 de maio de 2011, foi assinada conjuntamente pelo ministro do Trabalho e do Emprego e pela ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. (mais…)

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