Multiplicar sementes, conhecimento, sabedoria, respeito, diversidade, cultura e iniciativas.
Projeto itinerante que promove o fortalecimento e multiplicação das sementes crioulas valorizando a sabedoria ancestral, através de ações para a troca de conhecimentos e registro de iniciativas, integrando comunidades tradicionais e ecovilas.
Cada dia somos mais os que percebemos a necessidade de uma mudança em nossa maneira de viver como sociedade. As cidades já não se sustentam… Talvez por isso cada vez mais surgem novas ecovilas no Brasil. Um êxodo urbano se iniciou, e com isso, muitas iniciativas interessantes. Porém, precisamos nos informar para que estas não interfiram de maneira negativa na biodiversidade local.
Conhecendo bem a terra e reconhecendo os povos locais podemos evitar colapsar os espaços preservados ou esgotar os recursos naturais que ainda existem.
Este projeto é uma parceria entre Lowconstrutores descalzos e Raiz das Imagens, dois coletivos que vem trabalhando há algum tempo em comunidades indígenas e centros de permacultura.
Esta viagem surge a partir de um trabalho anterior de pesquisa e mapeamento de iniciativas sustentáveis que já vem sendo desenvolvido de forma independente percorrendo diversas regiões do Brasil. Levamos meses conhecendo, vivendo e registrando o trabalho realizado em ecovilas, comunidades tradicionais e sítios de produção familiar.
Somos dois filhos da terra, Bruno (Lowconstrutores), um bioconstrutor e agrofloresteiro e Rodrigo (Raiz das Imagens), um cineasta experimentador. Seguimos o fluxo, caminhando pelo Brasil onde a Mãe Terra clama por atenção e respeito. Desde que iniciamos este projeto já temos vários parceiros e voluntários. Pretendemos ampliar este coletivo para que o número de semeadores seja cada vez maior e a multiplicação se estenda por todo o país.
Assim como já viemos atuando nestes últimos meses pela região da mata atlântica do RJ, nesta nova caminhada pretendemos realizar vivências em comunidades tradicionais, ecovilas, sítios de famílias agrícolas e institutos de permacultura, promovendo e colaborando em ações efetivas para uma integração entre técnicas de permacultura e técnicas tradicionais/intuitivas com o objetivo de ampliar a biodiversidade e melhorar a qualidade da vida no campo.
Estas vivências em lugares da zona rural do país buscam incentivar uma integração e reconhecimento mútuo entre as diferentes culturas. Faremos ações de bioconstrução, permacultura, eco saneamento, ou qualquer outro tipo de trabalho onde nossas mãos e conhecimento possam ser úteis entre as famílias de agricultores, comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhas e ecovilas. Sempre buscando respeitar estes grupos, atuaremos após sentir os desejos e necessidades, sintonizando com seus tempos.
Além de analisar o reflexo ambiental e a influência das novas comunidades para o povo tradicional da região onde se fixam, serão feitos registros audiovisuais, projeções e debates para difundir iniciativas sustentáveis. A proposta dos vídeos é servir como ferramenta pedagógica de divulgação das diversas experiências e do universo de possibilidades nas formas de se trabalhar e viver de maneira sustentável. Esta informação chegará aos mais variados locais onde se desperte o interesse e os conhecimentos poderão ser assimilados e (re)apropriados no decorrer da caminhada. Além disso todo material audiovisual será disponibilizado de forma gratuita na internet.
Outra questão fundamental é o fortalecimento das sementes crioulas e a valorização da sabedoria ancestral, que fazem parte da estratégia de troca entre estas comunidades.
A multiplicação de sementes crioulas é de extrema importância para nossa soberania alimentar e para a autonomia das comunidades que hoje persistem vivendo da terra. Só assim estas espécies seguirão existindo para todas as pessoas que futuramente despertem interesse no cultivo de alimentos saudáveis. Estas sementes estão há várias gerações sendo adaptadas ao clima local e são muito resistentes às intempéries e às pragas. Como não necessitam de aditivos químicos ou veneno, se desenvolvem com pouco cuidado do produtor.
Apesar de existir uma enorme variedade de sementes crioulas, estão cada vez mais escassas, sendo contaminadas através da polinização por espécies transgênicas, gerando sementes inutilizáveis.
Para facilitar a forma de entender nossa proposta de integração, definimos três personagens que estão relacionados com a sabedoria e com as sementes, inspirados nos perfis das pessoas que encontramos no decorrer de nossa caminhada:
São muitos os tipos de centros de sustentabilidade que se instalam em zonas rurais do país. Alguns propõem grandes condomínios, outros criam loteamentos de terrenos. Muitos surgem da intenção de preservação do meio ambiente ou da proposta entre amigos de viver em comunidade e subsistir através da cooperação em comunhão com a natureza.
Muitas pessoas nestas comunidades têm grande conhecimento de permacultura, agrofloresta, bioconstrução, energias renováveis, saneamento ecológico, captação de água, economia sustentável, etc., e já vêm aplicando estes conhecimentos. A estes entusiastas chamamos: “Os novos guardiões da terra”.
Por outro lado, bem diferentes destes centros de sustentabilidade, existem no Brasil muitas comunidades tradicionais (quilombolas, indígenas, ribeirinhas, etc.), antigos povos que têm integrados em sua cultura um conhecimento prático secular de como viver da terra, colaborando com ela e respeitando a natureza para o bem da comunidade como um todo. Em geral, observamos nessas comunidades a prática de preservar e conservar sementes crioulas para seus plantios. A estes guerreiros chamamos: “Os velhos sábios da terra”.
A partir desta análise e vivências nestes lugares, percebemos que estes novos guardiões da terra “nascidos” nas ecovilas, assim como outras pessoas que buscam viver da terra, podem aprender muito com os velhos sábios, através de suas práticas tradicionais e intuitivas, além do conhecimento das sementes crioulas.
Por outro lado, as comunidades tradicionais e pequenos agricultores podem aprender muito com estes novos centros e suprir algumas de suas necessidades eminentes, trazidas pelo “progresso”, através de novas e diferentes técnicas. Aos caminhantes responsáveis de criar este elo entre a sabedoria antiga e a nova consciência chamamos: “Os semeadores”, neste caso, nós que pisaremos estas terras.
Esta viagem de integração busca recursos para realizar a itinerância tendo como principais núcleos de pesquisa e ação alguns lugares onde vêm sendo realizadas iniciativas importantes de sustentabilidade ou práticas seculares de subsistência. Mas isso não é tudo, estaremos buscando, na localidade de cada ponto de partida, a outras comunidades e famílias agrícolas que se interessem, a participação em eventos que surjam nestas datas e também a novas experiências que possam aparecer no decorrer do trajeto.
Nosso itinerário é fluído e flexível, consideramos vários pontos intermediários e até mesmo pequenas alterações em nossa rota, sempre que venham somar em conhecimento e enriquecer nesta caminhada.
1 – (MG) Inconfidentes
Iniciaremos a multiplicação no lugar onde se encontrarão os maiores multiplicadores da américa!
– Participação no III Encontro Internacional da Rede de Sementes Livres e IV Festa das Sementes Orgânicas e Biodinâmicas que acontecerá em Inconfidentes, MG, nos dias 22 a 25 de maio.
2 – (MG) São Gonçalo do Rio das Pedras / 3 – (MG) Milho Verde
Localizados entre Diamantina e Serro, no alto do Vale do Jequitinhonha, abrigam hoje várias iniciativas sustentáveis e pelo bem da vida na terra.
– Projeto Terra Mãe, conduzido por Marcos Guião, funciona dentro da infra estrutura da FuniVale. Importante trabalho de preservação de sementes crioulas e medicinais, bio-construção, agricultura orgânica e produção de medicinas a base de plantas da região (se tornou a unica farmácia do lugar).
– EcoVida São Miguel, um instituto de permacultura que tem uma de suas sedes em São Gonçalo do Rio das Pedras.
– Povoados de Ausente e Baú, comunidades quilombolas situadas em Milho Verde que viveram isoladas por décadas, autosuficientes e morando em casas de pau-a-pique e sapê.
– Duas ecovilas que estão surgindo na região, sendo uma em Milho Verde e outra em São Gonçalo do Rio das Pedras, no córrego do mel.
4 – (GO) Alto Paraíso – Chapada dos Veadeiros
– Vitaparque, comunidade e RPPN que atualmente trabalha com agricultura orgânica, oficinas e sustentabilidade e agora está iniciando a construção de uma estrutura para criar uma ecovila e dar cursos de bioconstrução e permacultura, integrando a sabedoria de pessoas dascomunidades quilombolas.
5 – (GO) São Jorge – Chapada dos Veadeiros
– Encontro de culturas tradicionais. Interação no evento com índios e mestres, donos de um conhecimento milenar que estarão ao nosso lado para prosas, oficinas e apresentações, compartilhando histórias e costumes.
6 – (GO) Cavalcante – Chapada dos Veadeiros
– Vivência e ações, imersos entre mais de 50 comunidades do quilombo Kalunga, os seculares sábios da terra, através de uma expedição com o mestre na região Thiago Roots.
– Integração no projeto de recuperação de sementes Pedal pela vida. Pesquisa e registro por famílias Kalunga em busca das práticas de subsistência e recuperação de sementes crioulas.
Pois é, sabemos que é um trabalho de formiga, assim mesmo estamos dispostos a seguir. Descrevemos em tópicos, para ficar mais fácil entender o que fazemos e propomos para esta itinerância:
– Ações/oficinas – realizar práticas efetivas (permacultura, agrofloresta, bioconstução, eco saneamento, etc…) em comunidades que tenham uma demanda imediata, proporcionando a troca de conhecimentos.
– Registro/oficinas de vídeo – realizar registro das iniciativas, sempre procurando integrar na “equipe” de vídeo os jovens destas comunidades interessados nesta prática, e com isso poder motivar os mesmos a valorizar suas próprias práticas.
– Troca de sementes – coletar, intercambiar, doar e multiplicar sementes crioulas, servindo de ponte entre estes diferentes grupos.
– Projeção / Debates / Conscientização – gerar debates nos lugares visitados a partir de projeções das práticas e ações realizadas no decorrer da caminhada e material de arquivo relacionado.
– Itinerância / Continuidade – deixar esta “semente da integração” plantada nos lugares onde passamos, nomeando os “guardiões da terra” em ecovilas como responsáveis por multiplicar as verdadeiras sementes crioulas dos “sábios da terra”, que logo serão distribuídas na região. Semear a união, o respeito, a biodiversidade e o conhecimento.
– Canal de difusão – criar um canal livre de difusão das iniciativas (website/blog) e através deste meio, abrir uma conexão com as pessoas que tenham objetivo de colaborar como “semeadores” ou “guardiões” e ampliar a rede de sementes.
Não conseguimos ficar parados. O tempo todo estamos caminhando, conectando as pessoas e a natureza, pela liberdade dos nossos filhos. E como isso é algo que gostamos tanto, não podemos guardar só para nós, precisamos compartilhar com todos.
Assim foi como chegamos aqui! Contando com este apoio coletivo, para tornar possível as ações, registros e metas deste projeto.
Necessitamos este recurso mínimo de R$21.900, que nos facilitará e abrirá mais possibilidades em nossa caminhada.
O recurso deste financiamento contempla: transporte (só de ida), alimentação (não consideramos hospedagem pois contamos com parceiros que acreditam no projeto), suporte audiovisual, materiais e ferramentas para as oficinas/ações (que serão doados às comunidades onde trabalhemos), ajuda de custo aos facilitadores (acreditamos neste trabalho, por isso dedicamos todo nosso tempo, são meses, pré, durante e pós), imprevistos, contrapartidas/envios e a porcentagem desta plataforma.
Disponibilizamos online nosso orçamento completo aqui.
Nosso cronograma se inicia em maio e a duração “oficial” das atividades programadas é de 3 meses. Com este projeto financiado poderemos sair tranquilos e cumprir todo o cronograma. Mas não é tão simples assim, nos conhecemos muito bem e não queremos deixar de buscar lugares, pessoas e sementes, assim, propomos metas adicionais para o recurso extra que permitirá a extensão da itinerância.
Para maiores informações sobre o projeto, clique aqui.
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Enviada para Combate Racismo Ambiental por Alexandre Pessoa.
Projeto maravilhoso! Parabens pela iniciativa, realmente sao os verdadeiros guardioes da terra.