Bang, Bang, Pow, Pow – Faroeste e futebol em terra Guarani-Kaiowá

Cacique Lide Solano Lopes ameaçado de morte por pistoleiros
Cacique Lide Solano Lopes ameaçado de morte por pistoleiros

“O senhor pode chamar a Polícia Federal aqui? Estão atirando em nós.” Quase um ano e meio depois da histeria em torno da carta que anunciou a morte coletiva, a vida pouco mudou para as famílias indígenas do Pyelito Kue

Bruno Morais, Le Monde Diplomatique Brasil

Era a tarde do domingo de carnaval e do outro lado da linha estava Lide Solano Lopes, cacique do acampamento Pyelito Kue. No dia 12 de fevereiro, cerca de 250 indígenas Kaiowá e Guarani haviam retomado a Fazenda Cambará, propriedade de Osmar Bonamigo, e levantaram barracos ao redor da casa que servia sede. Ao fundo da ligação, se escutava o tiroteio.

Entre a cerca e a estrada

Para se chegar ao Pyelito Kue vindo do município de Amambai é preciso entrar a esquerda em um acesso de terra na rodovia MS-386, logo antes da cidade de Iguatemi. Vinte quilômetros adiante se avista um amontoado de barracos de lona e estacas de madeira, espremidos entre uma cerca e uma estrada vicinal – ao final do ano de 2012, Polícia Federal e Funai acompanharam os funcionários da fazenda que assentaram os postes e passaram os arames, cumprindo a ordem judicial que reservava um hectare de terra para permanência dos indígenas enquanto se concluía o processo de demarcação. Até a retomada da Fazenda Cambará, era esta a sina das famílias do Pyelito: sempre entre a cerca e a estrada. (mais…)

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Ditadura usou aparato bélico contra os povos indígenas, diz Padre Ton

Padre Ton“A Comissão sustenta que os militares usaram um aparato bélico contra os índios”, disse.

Rondônia Dinâmica

Ao registrar ontem (15) em plenário os 50 anos do Golpe Militar, o deputado federal Padre Ton (PT-RO) fez um recorte para falar da situação dos povos indígenas que, segundo ele, foram mais vítimas do regime instaurado em 1964 do que as vítimas de outros grupos.

“A Comissão da Verdade, que investiga crimes cometidos pelo governo ou agentes do regime autoritário, suspeita que tenham sido mil mortos ou desaparecidos políticos entre 1964 e 1985. A construção de estradas na Amazônia, no governo do general Garrastazu de 1969 de 1973, matou 8 mil índios, segundo estima a comissão”, disse Padre Ton, parlamentar que coordena, desde novembro de 2011 a Frente Parlamentar de Apoio aos Povos Indígenas.

Na época, segundo relatório produzido pela Comissão Nacional da Verdade, a ordem dos militares para levar à frente grandes projetos de desenvolvimento na Amazônia, especialmente a abertura de estradas, era eliminar a presença e resistência dos indígenas existentes. (mais…)

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RJ – Lançamento do livro “Um homem torturado: Nos passos de frei Tito de Alencar”: 17/4, às 19h, na Livraria Travessa do Leblon

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O livro de Leneide Duarte-Plon e Clarisse Meireles teve lançamento ontem em São Paulo. Leia, abaixo, o Prefácio de Vladimir Safatle  e um trecho de Xavier Plassat

Prefácio

Um homem torturado é a reconstrução da militância de uma das figuras mais trágicas da resistência à ditadura militar: frei Tito. Frade dominicano, preso e torturado junto com outros religiosos que deram apoio logístico à ALN de Carlos Marighella, Tito suicidou-se anos depois em um convento francês. A tortura havia conseguido quebrá-lo psicologicamente, transformando sua vida posterior em um inferno de delírios e alucinações.

Sua história é uma das representações mais bem acabadas do engajamento da esquerda católica na luta contra as ditaduras latino-americanas, engajamento que foi apenas um capítulo da longa história de setores da Igreja Católica em sua aliança com movimentos operários e comunistas no século XX. Na América Latina, solo para o desenvolvimento da teologia da Libertação, tal aliança chegou a levar religiosos, como o colombiano Camilo torres, a entrar diretamente na luta armada. Neste sentido, o livro de Leneide Duarte-Plon e Clarisse Meireles é documento importante para o esclarecimento de um processo político fundamental na compreensão da história recente latino-americana. Ele reconstrói contextos históricos esquecidos e distantes, principalmente após a guinada conservadora produzida no interior da Igreja Católica a partir de João Paulo II. (mais…)

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Bacia do Jequitinhonha é devastada pelo garimpo ilegal em Minas

Da mina de água cristalina que sustenta animais e seres humanos à mina de ouro que ainda está espalhada pelo leito e atrai garimpeiros, o Jequitinhonha sofre pelo que oferece a uma região de contrastes (Leandro Couri)
Da mina de água cristalina que sustenta animais e seres humanos à mina de ouro que ainda está espalhada pelo leito e atrai garimpeiros, o Jequitinhonha sofre pelo que oferece a uma região de contrastes (Leandro Couri)

Garimpeiros revolvem leitos atrás de ouro e diamantes, sem critérios nem fiscalização e fazem as águas se degradarem com mais rapidez em Minas

Mateus Parreiras (textos) e Leandro Couri (fotos), Estado de Minas

Diamantina, Couto de Magalhães de Minas e Serro – A estreita faixa de mata ciliar que protege a nascente do Rio Jequitinhonha é tão densa que as tramas de espinhos e árvores do cerrado impedem até identificá-la de fora da vegetação. Para ter acesso ao ponto onde a água aflora, é preciso subir pela calha do córrego até a cabeceira. O esforço é recompensado pela paisagem lacrada na vegetação agreste. Nela, pássaros pousam nas margens e bebem da água límpida que desce pelo leito de seixos brancos e redondos. Mas toda essa pureza dura pouco, já que o Jequitinhonha é o rio que mais tem sido degradado nos últimos anos em Minas. O trecho mais preocupante fica a 140 quilômetros da cabeceira, entre os municípios de Diamantina e Couto de Magalhães de Minas, no garimpo ilegal de Areinha. Um lugar tão devastado que as margens são de areia extraída do fundo do manancial, o curso natural foi seguidas vezes desviado e as águas se tornaram tão vermelhas que lembram sangue. (mais…)

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Campanha pela demarcação das terras guarani em São Paulo

petiçao terras guarani sp

Por Coletivo Verde América

Assine a petição que exige do Ministério da Justiça a demarcação das Terras Indígenas Guarani na Grande São Paulo:.

Participe, também, do ato no dia 24/4, com a concentração no Vão Livre do MASP, às 17h, com a presença de várias comitivas de guaranis das diferentes aldeias deste povo na região. Acompanhe AQUI.

Mais informações: resistenciaguaranisp@yvyrupa.org.br e Comissão Guarani Yvyrupa – CGY.

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Lara Schneider.

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Belo Monte: Justiça ordena cumprimento de condicionante para proteger Terras Indígenas

União em Belo Monte. Foto - Lunae Parracho (REUTERS)
União em Belo Monte. Foto – Lunae Parracho (REUTERS)

Juiz obriga a empresa a garantir o funcionamento das unidades de proteção territorial nas terras indígenas ameaçadas pelo intenso fluxo migratório atraído pela obra da usina

A Justiça Federal obrigou a Norte Energia S.A a cumprir uma das condicionantes indígenas da usina de Belo Monte, que trata da proteção territorial das Terras Indígenas impactadas pelo intenso fluxo de migrantes que a obra atraiu para a região. Essa condicionante está com várias pendências e, de acordo com o juiz Frederico de Barros Viana, a falta de proteção territorial pode “ocasionar prejuízos irreversíveis às comunidades indígenas afetadas pelo empreendimento hidrelétrico”. Ele impôs multa de R$ 50 mil por dia à empresa em caso de descumprimento da decisão. (mais…)

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As muitas mortes de um curso d’agua

Vale do Arrudas, em Contagem, poluição atinge curso d'água alguns quilômetros depois da nascente
Vale do Arrudas, em Contagem, poluição atinge curso d’água alguns quilômetros depois da nascente

Degradada pela mineração de quartzito e recuperada por reflorestamento do entorno, nascente do Rio das Velhas tem águas poluídas menos de mil metros após área de preservação

Mateus Parreiras, Estado de Minas

Ouro Preto, Sabará, Santa Luzia – Debaixo das pedras de um dique para conter erosões empoça uma água limpa, que mal tem forças para escorrer morro abaixo, entre degraus e lajes de uma jazida de quartzito que funcionou por 200 anos. A área, reflorestada e cercada em 2003, no Bairro São Sebastião, em Ouro Preto, na Região Central de Minas, preserva a nascente primária do Rio das Velhas, como parte do projeto “Flores e Águas do Velhas”, financiado pelo Fundo Estadual de Proteção de Bacias (Fhidro)

Mas o esforço para conservar a nascente do manancial que dá água a Belo Horizonte e é um dos principais tributários do Rio São Francisco se vê frustrado a menos de mil metros, ainda no bairro, onde o esgoto polui o curso d’água. Exames de laboratório feitos em amostras colhidas pela reportagem naquele ponto mostram que o Velhas praticamente nasce com 594% mais coliformes termotolerantes do que o aceito pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama). (mais…)

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“Ameaçados ao Nascer”: Degradação dos mananciais expõe desafios da preservação

Placa indicando a nascente do Rio São Francisco em Medeiros (EM)
Placa indicando a nascente do Rio São Francisco em Medeiros (EM)

Estudo que redefiniu a nascente do Rio São Francisco, na cidade de Medeiros, e não em São Roque de Minas, expôs a degradação da mina, sujeita a pressões de agricultura e pecuária

Mateus Parreiras, Estado de Minas

Medeiros, Vargem Bonita e São Roque de Minas – A definição de que o Rio São Francisco não brota em São Roque de Minas, onde fica a hoje considerada “nascente histórica”, mas em Medeiros, não mudou apenas a geografia brasileira. O estudo da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf), do ano de 2002, serve para mostrar que ainda hoje áreas onde afloram mananciais estratégicos estão desamparadas diante das pressões da degradação. Os olhos d’água de São Roque, inicialmente considerados como originários do Velho Chico, só estão preservados porque se encontram dentro do Parque Nacional da Serra da Canastra. Mas as 91 minas de água de Medeiros, agora reconhecidas como fontes do “Rio da Integração Nacional”, estão fora da área do parque e sofrem com desmatamento para plantações de eucalipto, cultivo de batata, feijão, soja e abertura de pastos. Para se ter uma ideia, o berçário do São Francisco preserva apenas 72% de suas condições primitivas, de acordo com Protocolo de Avaliação Rápida de Diversidade de Hábitats, que é adotado por especialistas em recursos hídricos. (mais…)

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“Vivemos talvez o período mais dramático da história indígena”, diz representante do MPF, Deborah Duprat

Foto: Joao Americo
Foto: Joao Americo

Sessão de pré-estreia do documentário “Índio Cidadão?” foi marcada por críticas a violações de direitos

Procuradoria Geral da República

Para a subprocuradora-geral da República e coordenadora da 6ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal (populações indígenas e comunidades tradicionais), Deborah Duprat, o momento atual é “o período mais dramático da história indígena”, marcado por “um grupo que promove o discurso do ódio”. O diretor do documentário, Rodrigo Siqueira, questiona: “Quanto tempo mais esse país vai negar sua identidade indígena?”. Ambos participaram, na tarde desta segunda-feira, 14 de abril, de debate que se seguiu à sessão de pré-estreia do documentário “Índio Cidadão?”.

Produzido pela 7G Documenta, o filme resgata a história da campanha popular promovida por povos indígenas na Constituinte, entre 1987 e 1988, e documenta a atuação recente do movimento indígena em defesa de seus direitos constitucionais, ameaçados, por exemplo, pela Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215 e pelo Projeto de Lei Complementar (PLP) 227. Em 2013, grandes mobilizações foram promovidas em Brasília pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). (mais…)

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PR – Por três horas, integrantes da Comunidade Quilombola Paiol de Telha fecham parte da PR-459

Integrantes da Paiol de Telha querem que o INCRA assine a portaria que declara os limites territoriais da comunidade (Foto: Divulgação/Comunidade Quilombola Paiol de Telha)
Integrantes da Paiol de Telha querem que o INCRA assine a portaria que declara os limites territoriais da comunidade(Foto: Divulgação/Comunidade Quilombola Paiol de Telha)

Trecho entre Reserva do Iguaçu e Pinhão ficou fechado nesta terça (15). Manifestantes da Paiol de Telha pedem declaração dos limites territoriais.

Alana Fonseca, do G1 PR

Integrantes da Comunidade Quilombola Paiol de Telha fecharam por três horas um trecho da PR-459, que fica entre os municípios de Reserva do Iguaçu e Pinhão, na região central do Paraná, nesta terça-feira (15). Os manifestantes pedem que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) assine a portaria que declara os limites territoriais da comunidade, além de outras reivindicações.

Segundo o sargento da Polícia Militar (PM) de Reserva do Iguaçu, Alvaci José Alves, o local só foi liberado pelos participantes depois que o prefeito da cidade marcou um encontro na quarta-feira, às 10h, para discutir as reivindicações. Entre as exigências dos integrantes, estavam mais lonas plásticas, canos para acesso à água potável e transporte escolar para as crianças. (mais…)

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