O 3 a 1 de 26 de março faz parte da programação especial da TV Brasil sobre o golpe de 64 e discute o legado, as controvérsias e as novas descobertas da Comissão da Verdade sobre o período autoritário no Brasil. Presidente da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro, Wadih Damous revela novas pistas à TV Brasil sobre o desaparecimento do ex-deputado Rubens Paiva durante a ditadura, um dos casos mais emblemáticos do trabalho da comissão. Rubens Paiva está a ponto de ter sua morte esclarecida graças aos depoimentos colhidos pela organização. Um dos mistérios por ser revelado, no entanto, era o destino dado ao corpo do político.
Segundo Damous, coronel reformado que participou do desaparecimento do político, o corpo de Rubens Paiva foi enterrado primeiramente no Alto da Boa Vista, no Rio, depois no bairro do Recreio dos Bandeirantes. Depois foi jogado num rio, com técnicas aprendidas na Agência Central de Inteligência (CIA) americana.
O procedimento foi um padrão usado para os desaparecimentos no país durante a ditadura após determinada época, de acordo com o ex-oficial. O militar diz, ainda, ter sido amigo pessoal do ex-presidente Médici. “Nada era desconhecido, desde o gabinete presidencial, passando pelos ministros das três Forças Armadas até o DOI-CODI ou o CENIMAR”, afirma Damous.
Participam do debate o professor de História Contemporânea do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) Francisco Carlos Teixeira e a pesquisadora do Núcleo de Estudos Contemporâneos da Universidade Federal Fluminense Janaina Cordeiro, que defendem a importância da comissão: “Enquanto não houver punição, pode acontecer de novo”, destaca Teixeira. O professor briga pela responsabilização de indivíduos e instituições civis no golpe e pelo estudo das bases históricas que ajudam a compreender o período: “O golpe não foi um raio a céu aberto”.
Apresentação: Florestan Fernandes Júnior
Produção: Paulo Fernandes
Edição: Renata Cabral
Direção: Rafael Casé