Do SpressoSP, no Brasil de Fato
Comercial do Metrô de São Paulo veiculado no rádio justifica a superlotação dos trens nos horários de pico e tem conteúdo machista. Por esse motivo, os deputados estaduais do PT Alencar Santana e Luiz Cláudio Marcolino protocolaram nesta terça-feira (25), na Promotoria de Justiça de Direitos Humanos de São Paulo, representação contra o secretário da Casa Civil do governo do Estado, Edson Aparecido; o diretor-presidente da CPTM, Mário Bandeira, e o diretor-presidente do Metrô, Luiz Antonio Carvalho Pacheco, pela veiculação da peça.
Na propaganda, depois de ressaltar os investimentos do governo do Estado de São Paulo no transporte sobre trilhos, o ator da peça, identificado como “Gavião”, diz que “é normal, nos horários de pico, trem e metrô ficarem lotados”. Em seguida, fala que é até boa a superlotação, pela oportunidade de “xavecar a mulherada”.
“Nos horário de pico é normal trem e metrô ficá lotado. É assim nas grande metrópole espalhada pelo mundo. Pá falá a verdade eu até gosto do trem lotado é bom pra chavecá a mulherada né mano! Foi assim que eu conheci a Giscreusa. Muito já foi feito e o governo sabe que ainda tem muito pra fazê (sic)”, diz a propaganda do governo do Estado veiculada em uma rádio da capital paulista.
Na representação, os deputados lembram dos casos de assédio sexual contra mulheres que vêm acontecendo nos trens do Metrô e da CPTM na capital (23 ocorrências registradas neste ano na Delegacia do Metropolitano – Delpom), e, observam que, “além da omissão em razão de não assegurar um transporte público digno que garanta a tranquilidade e preservação do direito básico da mulher de não ter seu corpo usado como instrumento da satisfação da lascívia masculina, ao contrário, o governo do Estado de São Paulo promove uma campanha publicitária que em nada contribui para a mudança desse estado de coisas e reforça a cultura machista”.
Para os parlamentares, com essa “propaganda sexista e estigmatizante dos usuários e das usuárias do transporte coletivo, o governo do Estado de São Paulo: 1) reforça a cultura machista da cantada e da abordagem agressiva das mulheres; 2) banaliza a violência sofrida cotidianamente pelas mulheres; 3) contribui para a legitimação da violência contra mulheres e 4) reforça a visão da mulher como objeto passivo do desejo do homem e de que seu corpo é público por isso pode ser alvo de cantada e de ‘xaveco’”.
A representação à Promotoria pede que sejam adotadas providências para a instauração de inquérito civil, para apuração das responsabilidades civis e administrativas; que oficie à Promotoria Criminal competente para apuração da prática de crime pela veiculação da propaganda institucional; que sejam adotadas providências para a imediata suspensão da propaganda, caso ainda esteja sendo veiculada; sejam adotadas providências para compelir o governo do Estado a promover propaganda educativa de promoção dos direitos das mulheres.
Pelo Twitter, a Rede Transamérica informou que a peça publicitária não está mais sendo veiculada.