
Associação União das Aldeias Apinajé-PEMPXÀ
Antigamente nossos antepassados praticavam a agricultura de subsistência de forma espontânea, livre e natural. Diversas espécies de mandioca, milho, araruta, inhame, batata, abóbora, amendoim e macaxeira eram cultivados de maneira tradicional e sustentável. As perseguições por causa da terra, as doenças e as guerras de extermínio provocaram a desorganização sociocultural e a inevitável redução da população Apinajé. Como consequências, muitos conhecimentos e saberes sobre agricultura foram perdidos ou esquecidos. Algumas espécies de sementes também foram roubadas, destruídas ou usurpadas.
Recentemente em 1985, um convênio celebrado entre a Fundação Nacional do Índio-FUNAI e a Companhia Vale do Rio Doce- CVRD, hoje conhecida como Vale, introduziu nas aldeias São José, Mariazinha e Patizal a prática equivocada das roças mecanizadas. Na época foram adquiridos tratores, grades, roçadeiras, plantadeiras e colhedeiras, que foram utilizados poucos anos, para implantar os chamados “projetos comunitários”, aonde eram cultivados especialmente o arroz e o feijão.
Poucos anos depois o Convenio FUNAI/CVRD foi encerrado e as máquinas viraram sucatas e (ou) foram vendidas, deixando as famílias dependentes e acomodadas. A expectativa excessiva gerada por esses tipos de projetos e as “facilidades” ilusórias, supostamente trazidas pela mecanização intensiva, resultaram em incalculáveis prejuízos sociais, culturais e econômicos, que refletem até hoje de maneira negativa na vida das famílias Apinajé.

Antonio Veríssimo. Fev. 2014).
No entanto em 2010, os caciques, decidiram que parte dos recursos da compensação da UHE Estreito, a que temos direito, deveria ser aplicada na implantação e no fortalecimento de pequenas roças familiares nas aldeias Apinajé, localizadas nos municípios de Tocantinópolis e Maurilândia no Norte do Tocantins. O objetivo do projeto é Recuperar e Promover os Valores de nossa agricultura tradicional e assim buscar melhorar e garantir a Segurança Alimentar e Nutricional das comunidades.
O projeto prevê também o Resgate e Conservação das Sementes Tradicionais, com essa finalidade no período de 03 a 07 de setembro de 2012, participamos da 1ª Feira Mebengokré de Sementes Tradicionais que foi realizada na aldeia Moxkarako, Terra Indígena Kayapó no município de São Félix do Xingú (PA).
E nos meses de outubro e novembro de 2013, realizamos duas visitas de intercambio e troca de experiências aos camponeses e agricultores familiares dos municípios de Augustinópolis e Esperantina localizadas no Bico do Papagaio, extremo Norte do Tocantins. Na ocasião adquirimos nos assentamentos da região, sementes de milho, feijão, fava, arroz e mudas de batata, araruta, inhame, banana e ramas de mandioca, que foram plantadas nos projetos de 16 aldeias.
Nesse primeiro ano de execução do Programa Básico Ambiental-PBA Timbira a maioria das comunidades optou pelo eixo Segurança Alimentar, no qual foram aplicados recursos nas roças e casas de farinha. Mas estão previstos também investimentos na Segurança Ambiental, Segurança Territorial, Segurança Cultural e Apoio Institucional.

(foto: Antonio Veríssimo. Jan. 2014)
Conforme já era esperado, identificamos e enfrentamos alguns problemas durante a execução do PBA, porém os primeiros resultados alcançados são positivos e animadores.
De acordo com o Termo de compromisso assinado entre a FUNAI, CESTE e a Associação Wyty Cäte esses projetos deverão ser implantados até 2020, depois desse período serão realizados pelo Consórcio CESTE novos EIA-Estudos de Impacto Ambiental na Terra Indígena Apinajé, divulgado o referido RIMA/Relatório de Impacto Ambiental, se for constatado a continuidade dos impactos da hidrelétrica na Terra Indígena o Programa de Compensação deverá ser renovado.
Terra Indígena Apinajé, 21 de março de 2014.