Desde o dia 19 de outubro um grupo de lideranças Ka’apor decidiu não mais esperar pelo governo e deram continuidade ao monitoramento de seu território com o reavivamento e limpeza dos limites para realização de vigilância. Por conta própria, resolveram mobilizar todas as aldeias da Terra Indígena Alto Turiaçu. Desde 2011 vêm realizando reuniões, estudos, oficinas nas aldeias, elaboração de pequenos projetos através de sua associação para realizarem o monitoramento, vigilância e proteção de seu território que vem sendo alvo de agressões, violências e ataques por madeireiros, fazendeiros, garimpeiros, caçadores, posseiros.
No dia 20 de outubro um grupo de Ka’apor da Aldeia Ximborenda, município de Maranhãozinho, se deslocaram para as margens do Rio Gurupiúna para encontrar com outros grupos da Região do Turiaçu e Gurupi e foram surpreendidos com ameaças, tiros e agressões por parte de madeireiros e indígenas Tembé que foram aliciados para o garimpo, uso de drogas, que constituíram casamentos com não indígenas e moram em povoados da região de Centro Novo do Maranhão, Centro do Guilherme e Santa Luzia do Paruá.
Deslocaram-se para a aldeia mais próxima para buscar refúgio e apoio. No dia seguinte encontraram com grupos da região do Turiaçu e Gurupi que se deslocavam para o Rio Gurupiúna. Impedidos de atravessar o rio, decidiram montar acampamento às margens esquerda, fazer roça coletiva e criar uma aldeia para manter o monitoramento permanente.
No dia 26 de outubro cerca de 20 Ka’apor de duas aldeias da região do Paruá e Maracaçumé se deslocavam para o Rio Gurupiúna quando foram novamente surpreendidos com tiros e perseguições na estrada às proximidades da Vila do “Barro Branco”, município de Centro do Guilherme. Diante das ameaças, o grupo resolveu retornar para as aldeias.
Neste mesmo dia, outro grupo de Ka’apor se deslocava para a região da divisa com a TI Awá para a busca de apoio em alimentação, e foram avisados que madeireiros da Região da Vila da Conquista e Vitória, município de Zé Doca, não permitirão mais a passagem de indígenas pelas estradas que levam a sede daquele município. Os fatos já foram comunicados à Funai e Policia Federal que ainda não se pronunciaram e tomaram procedimentos sobre o caso. Enquanto isso, mais Ka’apor se deslocam para o acampamento visando o trabalho de limpeza e monitoramento dos limites.
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Enviada para Combate Racismo Ambiental por JSM Andrade.