Tatiana Félix – Adital
A América Latina e o Caribe são as regiões que mais avançaram na luta contra a fome nos últimos 20 anos, informou a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) na apresentação do relatório “Situação de Insegurança Alimentar no Mundo (SOFI 2013)”, feito nesta semana no Chile.
Segundo a FAO, “são notáveis” os números da América Latina e Caribe, que registrou uma redução de mais de 2 milhões de famintos desde o último informe publicado em 2012, demonstrando assim que a região está conseguindo alcançar o primeiro dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM): a erradicação da extrema pobreza e da fome. De acordo com as Nações Unidas, 20 países latino-americanos já reduziram a prevalência da desnutrição pela metade.
Atribui-se a esta conquista a uma série de fatores como o sólido crescimento econômico nas últimas décadas, maior abertura ao comércio internacional, a estabilidade política, entre outras. No entanto, para o representante regional da FAO para América Latina e Caribe, Raul Benítez, ainda “não podemos nos conformar enquanto não tivermos Fome Zero em nossa região”.
Fome crônica
Apesar do progresso na América Latina, a fome ainda provoca profundas marcas na África Subsaariana, região que, segundo a FAO, “teve apenas um progresso modesto” nos últimos anos, e continua registrando a mais alta prevalência de subnutrição no mundo: um em quatro africanos (24,8%) sofre com a fome.
Em nível global, o relatório da FAO indica que 842 milhões de pessoas – ou 1 em cada 8 – sofreram com a fome crônica no período de 2011 a 2013, em todo o planeta. A maioria dessas pessoas vive em regiões em desenvolvimento. Mas, embora o índice de famintos ainda seja alto, os números atuais são menores do que os 868 milhões registrados no período de 2010-12, demonstrando um lento avanço na erradicação da fome e no alcance dos ODM.
O crescimento econômico continuado nos países em desenvolvimento melhorou a renda e o acesso à comida; também houve aumento na disponibilidade de alimentos que foi estimulada com o crescimento da produção que recebeu incentivos com investimento público. O relatório também apontou que a remessa de dinheiro feita por migrantes tem tido um papel fundamental na redução da pobreza, levando a melhores dietas e progresso na segurança alimentar.
Políticas para melhorar a produtividade agrícola, aumento da disponibilidade de alimentos, políticas de proteção social e de aumento da renda de famílias pobres foram apontadas como medidas importantes para reduzir a fome no mundo.
Os dados e as recomendações do SOFI 2013 serão discutidos por governos, sociedade civil e representantes do setor privado na reunião de 7 a 11 de outubro do Comitê de Segurança Alimentar da FAO, na sede da Organização em Roma, na Itália.
O relatório “Situação de Insegurança Alimentar no Mundo” é publicado todos os anos pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), em parceria com o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (IFAD) e o Programa Mundial de Alimentação (PMA).
Ações
Uma das ações de combate à fome é a campanha global contra executada pela FAO e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) o desperdício de alimentos, intitulada “Pensar, Comer, Preservar. Diga não ao desperdício”. A FAO estima que cerca de 1,3 bilhão de toneladas de alimentos em condições de consumo são desperdiçados todos os anos, em todo o planeta.