Povo Guarani Mbya retoma Terra Indígena Irapuá, território imemorial

Por Patrícia Bonilha, de Brasília, no Cimi

A sensação térmica era de alguns graus abaixo de zero na madrugada da última quinta-feira (25) na beira da BR 290, quando cerca de quinze famílias Guarani Mbyá retomaram a área de 222 hectares da terra indígena Irapuá, delimitada pela Fundação Nacional do Índio (Funai) em janeiro de 2011. As ofensivas da bancada ruralista no Congresso Nacional sobre os direitos indígenas adquiridos, a proposta do governo federal de dificultar o processo de demarcação, a postura ambígua do governo Tarso Genro (PT-RS) – que diante dos setores do agronegócio se coloca contrário às demarcações, e na frente dos indígenas diz que é favorável a elas – e a longa demora na conclusão do processo de demarcação da TI Irapuá foram os motivos que levaram os indígenas a ocupar novamente, após 30 anos, o vale do Rio Irapuá, uma das áreas mais antigas de tradição dos Guarani no país.

À tarde, o procurador da República se reuniu com os indígenas na área ocupada e manifestou total apoio às famílias. Ele afirmou que a ocupação da área já declarada como sendo indígena é justa e se comprometeu a enviar um ofício para o Ministério da Justiça para que seja imediatamente publicada a portaria declaratória da terra indígena Irapuá, já que ela não se enquadra dentro das áreas que o governo tem objeção em demarcar por causa dos conflitos com pequenos agricultores.

Localizada entre os municípios de Caçapava do Sul e Cachoeira do Sul, a cerca de 260 quilômetros de Porto Alegre (RS), a área é considerada um território sagrado essencial para os indígenas pelo fato de que ali moraram inúmeros caraí (caciques), pajés e guerreiros considerados muito importantes na história dos Guarani Mbyá. Além disso, é na terra que os Guarani podem exercer o nhande reko (o modo de ser e viver dos Guarani). “Não há condições de viver como Guarani em uma beira de asfalto, sem natureza, sem pássaros, sem rio, sem terra”, afirma Matias Benno Rempel, do Grupo de Apoio aos Povos Indígenas (Gapin). (mais…)

Ler Mais

Lideranças indígenas denunciam situação caótica da saúde em reunião da CNPI

Foto: Cimi
Foto: Cimi

Renato Santana, Assessoria de Comunicação do Cimi

Mesmo com a ausência de Antônio Alves, coordenador da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), o último dia da reunião ordinária da Comissão Nacional de Política Indigenista (CNPI) foi aberto, na manhã de ontem (26), tratando da “caótica” situação da saúde indígena no país.

O encontro teve início na última quinta-feira (25), no Centro de Formação de Política Indigenista da Funai, em Sobradinho, Distrito Federal. A CNPI é formada pelas bancadas indígena, indigenista e do governo federal.

“Tínhamos serviços e não temos mais, como o serviço de urgência e fornecimento gratuito de remédios. Fora que quando os parentes vão para atendimentos na cidade e não recebem alimentação”, afirma Marcos Tupã, da região Sudeste.

Tupã explica que o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) do Litoral Sul está inoperante. Por conta disso, os Guarani ocuparam a sede do distrito em Itanhaém (SP). Outros pontos foram destacados. (mais…)

Ler Mais

Fim de feira no Mineirinho?

A Pública – Tradicional feira de artesanato, no entorno do ginásio, parou suas atividades no último dia 21 de abril; 650 expositores e 4 mil empregos estão em risco

O motivo dos feirantes terem saído do Mineirinho em abril deste ano foi a instalação de estruturas temporárias para a Copa das Confederações (Foto: Reprodução/Thereza Marques)
O motivo dos feirantes terem saído do Mineirinho em abril deste ano foi a instalação de estruturas temporárias para a Copa das Confederações (Foto: Reprodução/Thereza Marques)

Por Ciro Barros e Giulia Afiune

“Com o fim dessa feira, a minha vida foi desmoronando”. A frase é da artesã Antônia Lúcia Pereira Lima, expositora da Feira de Artesanato do Mineirinho e presidente da ONG Mineirinho (ex-ASFEMAA, Associação da Feira Mineira de Arte e Artesanato do Mineirinho). Desde 2009, às quintas-feiras e aos domingos, ela expunha seus trabalhos de patchwork em tecido na feirinha montada no ginásio Jornalista Felipe Drumond, o Mineirinho, próximo ao Mineirão, estádio-sede das competições mundiais de futebol.

E foi a Copa das Confederações que deu fim ao ganha-pão de Antônia e centenas de outros expositores no último dia 21 de abril. Por ser base de apoio para a competição, de  acordo com a Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo (SECOPA) de Minas Gerais, os artesãos tiveram que sair dali para que fossem montadas estruturas temporárias, como unidades de credenciamento, logística, apoio às atividades de mídia, saúde e segurança, serviços de hospitalidade, além de estacionamentos. (mais…)

Ler Mais

CPT entrega carta ao Papa Francisco

CIMI

A Comissão Pastoral da Terra (CPT), junto com as Pastorais do Campo, como Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP), Serviço Pastoral do Migrante (SPM) e Pastoral da Juventude Rural (PJR), enviaram, através de Dom Enemésio Lazzaris, presidente da CPT, Carta ao Papa Francisco chamando-o para conhecer a realidade das comunidades rurais no Brasil. O documento, assinado por Dom Enemésio, salienta a postura simples do novo Papa, e as recorrentes falas de aproximação da Igreja aos pobres. Da mesma forma, apresenta o trabalho das Pastorais do Campo, que ouvem os clamores desses povos e suas lutas cotidianas pela garantia de seus direitos e pela permanência na terra.

A Carta destaca que a regularização dos territórios tradicionalmente ocupados e da tão sonhada reforma agrária, ainda são assuntos intermitentes na pauta governamental. Ao mesmo tempo, as Pastorais demonstram esperança de que um dia o Papa possa visitar essas comunidades, dando uma demonstração concreta do compromisso da Igreja, conforme Jesus, com os pobres na terra.

Confira o documento: (mais…)

Ler Mais

Lideranças quilombolas alinham informações e nivelam discurso em Plenária Nacional

Da Plenária, que prosseguiu até ontem (25/07), saíram os delegados da III Conapir
Da Plenária, que prosseguiu até ontem (25/07), saíram os delegados da III Conapir

Discussões prosseguiram até o fim da tarde de ontem (25), quando foram designados 62 delegados para representar o segmento na III Conapir, em novembro

SEPPIR

Os representantes das comunidades quilombolas existentes em 25 estados do Brasil se reuniram na quarta-feira (24), na Plenária Nacional Quilombola, em Brasília, para debater o temário, alinhar discursos e compartilhar informações de modo a fortalecer a participação desses segmentos na III Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (III Conapir). A Plenária foi encerrada ontem (25) com a designação dos 62 delegados que participarão da III Conapir, que acontece de 5 a 7 de novembro, também na capital federal.

O auditório do Nobile Lake Side ficou repleto não só das 150 lideranças quilombolas, mas de autoridades políticas e pesquisadores. A abertura do evento contou com um momento emocionante, que foi a participação de Mãe Sebastiana de Oxossi, representando sua comunidade oriunda de Carrapatos (MG). Filha e neta de escravos, ela fez um relato tocante dos seus 70 anos de luta como quilombola e entoou cânticos tradicionais, sendo acompanhada pelos outros participantes. Mãe Sebastiana foi enfática ao dizer que “os governos precisam dar atenção às políticas para a população negra, destacando que o desenvolvimento do país depende também do desenvolvimento do povo negro”. (mais…)

Ler Mais

Quilombolas de todo o Brasil discutem pauta para a III Conapir

Durante o evento foi lançado o Guia de Políticas Públicas para as Comunidades Quilombolas

SEPPIR 

Cerca de 150 representantes de comunidades quilombolas de 24 estados brasileiros passaram a quinta-feira, 25, reunidos em torno das discussões sobre os eixos norteadores da III Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (III Conapir), que acontece entre os dias 5 e 7 de novembro, em Brasília. Durante o evento foi lançado o Guia para Políticas Públicas para Comunidades Quilombolas. A publicação traz informações sobre o Programa Brasil Quilombola, sobre programas e ações integradas direcionadas ao segmento, além de um breve histórico dessas comunidades no Brasil.Eles participaram da Plenária Nacional das Comunidades Quilombolas, coordenada pela Secretaria de Políticas para Comunidades Tradicionais (Secomt), da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) e preparada pela Comissão Organizadora Nacional da III CONAPIR. O evento foi realizado entre os dias 24 e 25, no Hotel Nobile Lake Side, em Brasília. (mais…)

Ler Mais

Juiz do Trabalho recebe proteção por risco de morte no Pará

Leonardo Sakamoto

O juiz do Trabalho em Marabá (PA) Jônatas Andrade está com proteção policial integral, desde esta quinta (25), por conta de suspeitas de que sua morte estaria sendo encomendada por fazendeiros da região.

Jônatas tornou-se conhecido por julgar ações trabalhistas de centenas de milhões de reais que envolviam a Vale. No ano passado, recebeu o Prêmio Nacional Direitos Humanos, concedido pela Presidência da República, por conta de sua luta contra o trabalho escravo. Ironicamente, também atua na implantação de programas de proteção aos trabalhadores e lideranças sociais ameaçados de morte no Sul do Pará.

Denúncias que chegaram à Justiça do Trabalho afirmam que o fazendeiro Décio José Barroso Nunes estaria envolvido. A Polícia Federal procurou-o, nesta quarta (24) e ele foi ouvido no dia seguinte, em Rondon do Pará, negando qualquer envolvimento. Este blog não conseguiu localizá-lo até a publicação deste post.

Delsão, como é conhecido, também é acusado de ser o mandante do assassinato de José Dutra da Costa, o Dezinho, liderança de trabalhadores rurais morta em 2000 em Rondon do Pará. Além de desmatamento ilegal, grilagem de terra e violação dos direitos trabalhistas de empregados de suas madeireiras, serrarias e carvoarias. (mais…)

Ler Mais

A Maré de Francisco

Vinte dias antes de o papa Francisco desembarcar no Rio, um ato ecumênico reuniu cinco mil pessoas na Maré, um ajuntamento de favelas espremido entre a Avenida Brasil e a Baía da Guanabara. Homenageava as dez vítimas de uma operação policial que, na semana anterior, havia entrado na Maré em busca de bandidos lá refugiados depois de arrastão na Avenida Brasil. À frente da passeata que precedeu o ato estendia-se uma faixa: “A polícia que reprime na avenida é a mesma que mata na favela”. Entre os mortos da operação policial havia dois jovens sem ficha criminal e um sargento do Bope. Várias denominações religiosas evangélicas, além de uma congregação judaica, se fizeram representar. Dias antes os pentecostais haviam marchado pela paz

Maria Cristina Fernandes – Valor

Na noite em que abriu a Jornada Mundial da Juventude, o arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta, fez menção à chacina da Candelária, dez anos atrás, quando a polícia abriu fogo contra 70 pessoas abrigadas na marquise da igreja e matou oito. Mas a Igreja está muito distante daquela que, em 1968, celebrou, naquela mesma Candelária, um dos atos simbólicos da resistência à ditadura, pela morte do estudante Edson Luiz.

Contactada por Jailson de Souza e Silva, geógrafo da Universidade Federal Fluminense e coordenador da ONG Observatório de Favelas, a Arquidiocese do Rio informou que marcaria presença no ato da Maré. Nenhum padre, no entanto, apareceria por lá. Anunciou-se uma missa em memória das vítimas, mas a celebração tampouco aconteceu. (mais…)

Ler Mais

Chacina da Candelária completa 20 anos com autores soltos

Crime faz duas décadas no momento em que se inicia a Jornada Mundial da Juventude. Enquanto todos os condenados estão em liberdade, vítimas e ativistas lutam para que tragédia não caia no esquecimento

Deutsche Welle

Eram 23h43 daquele 23 de julho de 1993 quando um grupo de homens mascarados abriu fogo contra mais de 70 crianças e jovens que dormiam em frente à Igreja da Candelária, no centro do Rio de Janeiro. Oito morreram, e os que sobreviveram ainda sofrem com as sequelas da violência.

Duas décadas depois, um dos crimes mais atrozes da história do Rio parece cair no esquecimento– e a sensação é de impunidade. A investigação da Chacina da Candelária, como o massacre ficou conhecido, levou à condenação de três policiais militares.

Considerado o principal responsável, Marcus Vinícius Emmanuel Borges recebeu indulto da Justiça e foi liberado após 18 anos de prisão. O Ministério Público do Rio recorreu da sentença, e o indulto acabou sendo suspenso. Desde então, ele é considerado foragido. Os outros dois condenados – Marcos Aurélio Dias Alcântara e Nelson Oliveira dos Santos Cunha – receberam penas superiores a 200 anos, mas também foram indultados e hoje estão soltos. (mais…)

Ler Mais