Monocultivos de soja – pressão constante sobre a floresta no Baixo Amazonas

Queimada para se livrar da matéria orgânica do desmatamento
Queimada para se livrar da matéria orgânica do desmatamento

Por Vânia Carvalho, em Portal de Agroecologia da Amazônia

A ampliação de monocultivos de soja em Santarém e Belterra é visível e aterradora. Nos ramais que cortam a BR 163 espalham-se grandes extensões de novas terras desmatadas com plantios de grãos transgênicos para exportação com uso intensivo de insumos químicos e agrotóxicos.

As poucas grandes árvores poupadas testemunham que ali existia uma floresta.
estrada vazia

As estatísticas da Produção Agrícola Municipal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmam a ampliação da área plantada e quantidade produzida de soja no Pará, concentrada no Sudeste Paraense e no Baixo Amazonas.

Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal
Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal

A soja começou a se ampliar no Pará pelo Baixo Amazonas, a partir de 2002, com os municípios de Santarém e Belterra. Depois se ampliou para o Sudeste Paraense suplantando o Baixo Amazonas a partir de 2005. A partir de 2008, Ulianópolis passa a ser o principal produtor paraense, seguido por Santarém, Santana do Araguaia, Paragominas, Dom Eliseu e Belterra. No ultimo registro de 2011 foram quase 30 hectares de área de soja no Baixo Amazonas e no Pará chegou a mais de 106 mil hectares. Um processo “em miniatura”, semelhante ao que acontece no Mato Grosso: destruição do meio ambiente, êxodo rural e pouca riqueza pra região.

Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal
Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal

Paragominas tem a maior área plantada com soja no Pará

Discretamente a soja se expandiu no município de Paragominas, que recebeu o titulo de “município verde”. Em área plantada, Paragominas desponta e se diferencia dos demais municípios atingindo quase 40 mil hectares com o grão em 2011.

Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal
Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal

A floresta está cada vez mais no horizonte….

plantação nascendo
Muitas áreas desertas, sem casas, 
sem gente, sem bicho, sem mato….
plantação e nuvens

Agricultores familiares e moradores da beira da BR 163, vizinhos dos monocultivos, reclamam do agrotóxico e associam o veneno usado na soja, ao aumento de insetos, queda na produtividade da lavoura, alergias. Mas as pessoas tem medo. Na região já ocorreram muitos conflitos, ameaças e agressões contra ambientalistas e lideranças sindicais de trabalhadores e trabalhadoras rurais que criticam e denunciam a expansão destruidora das monoculturas de grãos na região.

Porto da Cargill e BR 163 – infraestrutura para o agronegócio

Para qualquer visitante fica claro que os principais investimentos produtivos na região de Santarém e BR 163 estão ligados à produção de monocultivos de grãos. Pela Rodovia BR 163 percorrem principalmente caminhões de grãos vindos do Mato Grosso para o Porto da multinacional Cargill.

 porto
 

A presença deste porto graneleiro da Cargill em Santarém, instalado ilegalmente em 2003, sem estudos de impacto ambiental e sem debater com a sociedade, com apoio dos governos e políticos locais, regionais e nacionais, da esquerda pra direita, representa o poder do agronegócio exportador cujo modelo concentrador, agroquímico poluente e empobrecedor da fauna, flora, numa das regiões ainda mais ricas do Pará, nunca foi contestado com firmeza. Pelo contrário, foram os governos que permitiram a instalação da multinacional de forma irregular. Apesar das diversas manifestações e denúncias dos movimentos sociais da região, de trabalhadores e trabalhadoras rurais, pescadores/as, organizações de mulheres, ambientalistas, religiosos, cientistas, a sociedade não foi ouvida.

Atualmente, apesar da queda do preço do milho e da soja, o Porto está utilizando o máximo de sua capacidade, tem soja e milho pra todo lado vindos do Mato Grosso e dos campos vazios de Santarém e Belterra. E já se discute escoar os grãos por outras paragens… Não é novidade aqui na Amazônia o que a multinacional Cargill vai deixar pros Santarenos: solo arrasado, poluído por agrotóxicos; grãos transgênicos contaminando a produção de sementes crioulas; a insegurança alimentar com a expulsão de agricultores familiares; destruição de quintais diversificados…

 ponte de madeira arrebentada

Enquanto isso, nas vilas agrícolas, projetos de assentamento, de comunidades da agricultura familiar, dificuldades de transporte, com ramais e pontes intrafegáveis, é paisagem constante.

 Mas os/as agroextrativistas resistem bravamente…

Com sua forma saudável e diversificada de produzir…apesar das dificuldades…

Reflorestamento e fruticultura

colhendo cacau

Coleta da laranja

casal agricultores

Criação de abelha sem ferrão- aumento da produtividade das frutíferas

liturgia

E mais um dia nasce na Pérola do Tapajós…

nascer do sol no rio

Comments (2)

  1. Tania, já viu um invasor de publicidade na matéria…onde está escrito Baixo Amazonas….antes do primeiro gráfico…aconteceu tbem na minha página e lutei pra tirar….os cara fazem e tudo pra inserir publicidade…

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