‘Comissão da Verdade é aquela que a correlação de forças permite’

Correio da Cidadania – Dando prosseguimento à série de depoimentos sobre a Comissão Nacional da Verdade, o Correio entrevistou o jornalista Alípio Freire. Freire foi preso político entre 1969 e 1974, período no qual enfrentou a Operação Bandeirantes (Oban) e o Departamento de Ordem Política e Social (Dops). Recentemente, lançou o documentário “1964 – Um golpe contra o Brasil”.

Com a experiência e conhecimento de quem sofreu na pele os anos de chumbo, participou ativamente dos movimentos pela retomada da vida democrática do país e prosseguiu ativo nos diversos e acirrados debates e polêmicas em torno à vida política da nação, Freire entende a atual Comissão da Verdade como aquela que a correlação de forças do país permite. Apreciação que se apóia em serena e profunda reflexão, a partir da retomada da história de uma nação que vem, desde os seus primórdios coloniais, se apoiando em pactos obscuros e espoliadores das classes dominantes, internas e externas, com o poder político (imperial ou republicano), sempre em detrimento dos desfavorecidos.

Em face desta percepção, Freire acredita que teremos um Brasil de antes e outro de depois da atual Comissão da Verdade, que não pode e nem deverá ser a última a acertar as contas com o passado de repugnante memória.

Comments (1)

  1. Concordo. O trabalho da Comissão é sério, há pessoas notáveis lá, mas creio que, no momento, não é possível ir mais longe. No Brasil sofre-se da imaturidade de querer que uma pessoa – ou um grupo – resolva de repente problemas que se arrastam a décadas, às vezes séculos, sem solução. Isso é puro voluntarismo, que não substitui o trabalho metódico e paciente que respeite as condições históricas concretas.

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