Tatiana Félix – Adital
As duras leis anti-aborto de El Salvador podem levar à morte Beatriz, uma jovem salvadorenha de 22 anos que está enfrentando uma gravidez de alto risco por sofrer com o lúpus, uma doença autoimune, e com uma insuficiência renal. Seus sérios problemas de saúde e sua gestação de quase cinco meses estão pondo em risco a sua vida. E como se não bastassem suas graves enfermidades, três exames já confirmaram que o feto que carrega no ventre é anencéfalo, condição que leva o bebê a morrer antes do parto ou, quando muito, em poucas horas ou dias depois de nascer.
Apesar deste quadro, a jovem gestante não consegue tratamento adequado, um aborto para interromper os riscos e os sofrimentos que ela e o bebê enfrentam. Segundo relata a Anistia Internacional (AI) do Chile, os profissionais de medicina não atendem Beatriz por temerem as penas que enfrentariam em caso do aborto, que é proibido em todas as circunstâncias no país, de acordo com o artigo 133 do Código Penal, e só o fariam mediante autorização expressa do governo.
Diante desta delicada situação, a Anistia Internacional chilena declarou que o descaso é “cruel e desumano” e que as autoridades salvadorenhas devem resolver o problema imediatamente. “A situação de Beatriz é urgente e não deve esperar mais. Suas possibilidades de sobrevivência dependem da decisão das autoridades. A demora é nada menos que cruel e desumana. O governo tem a responsabilidade de assegurar que Beatriz possa acessar o tratamento vital que necessita”, disse Esther Major, pesquisadora sobre América Central da Anistia Internacional.
O organismo já entrou com recursos na Corte Suprema de El Salvador e espera uma resposta, assim como do governo que ainda não deu parecer sobre o caso, apesar da urgência. Para reforçar o apelo junto às autoridades ao “acesso imediato e sem travas de Beatriz ao tratamento que necessita para salvar sua vida”, a AI pede ainda a ajuda da população e de ciberativistas para que assinem e enviem uma carta ao presidente salvadorenho Mauricio Funes, para a ministra da Saúde, María Isabel Rodríguez, e para a embaixada de El Salvador no Chile.
Quem desejar apoiar a causa de Beatriz deve primeiro assinar a carta no site da Anistia para então receber o texto em seu e-mail junto com as instruções de envio aos destinatários. Em seguida, é necessário imprimir a carta para que seja enviada por fax ou via postal.
Além de pedir a resolução imediata do problema de saúde de Beatriz, a AI aproveita a ocasião para pedir a despenalização do aborto: “Pedimos a despenalizar o aborto em todas as circunstâncias e a garantir às mulheres e às meninas um acesso seguro e legal aos serviços de aborto necessários para proteger sua vida ou sua saúde, ou se a gravidez for consequência de uma violação”.
Para enviar a carta, clique aqui.
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Enviada por José Carlos para Combate Racismo Ambiental.