Cerca de 200 lideranças indígenas dos povos Tembé, Asurini do Trocará, Kayapó, Gavião e Kaapor ocuparam ontem, 22 de abril, a Secretaria de Saúde Indígena (SESAI), pertencente ao Distrito Sanitário Especial de Saúde Indígena (DSEI) Guatoc, em Belém, no Pará. As lideranças afirmam que se trata de uma ocupação pacífica que tem como principal objetivo denunciar a precariedade da gestão da saúde indígena e exigir a exoneração da atual gestora Daniela Cavalcante.
As comunidades denunciam que os pólos de saúde indígena têm diversas realidades: alguns não recebem medicamentos há sete meses, outros receberam durante poucos meses e há também outros que há anos não recebem nada. Outro grave problema é que há dois meses não há veículos para a retirada de pacientes das aldeias e para que o transporte das vacinas seja feito.
Segundo os indígenas, não há nenhum telefone para contato. Além disso, como a internet colocada nos pólos não funciona, eles não têm condições de repassar as informações exigidas por internet pelo próprio DSEI.
Eles afirmam que o Secretário Especial da Saúde Indígena, Antônio Alves, vem sendo avisado há meses de todos os problemas e precariedades da SESAI. No entanto, a situação não mudou. A nota à imprensa escrita pelas lideranças afirma que eles não são inimigos do Estado e que estão “apenas lutando por nossas conquistas e nossos direitos”.
As lideranças indígenas denunciam ainda que vêm sofrendo ameaças, chantagens e perseguições pelo fato de denunciar os problemas enfrentados pelas comunidades.
Segundo os indígenas, a situação é tão grave que o Ministério Público Federal já abriu inquérito para apurar as irregularidades.
O caos na saúde indígena é descrito pelas lideranças como resultado da falta de um processo democrático e participativo em que a indicação de pessoas para a ocupação de cargos na saúde não prioriza a afinidade com a causa indígena, o conhecimento cultural desses povos e, sobretudo, o respeito aos direitos indígenas.