Em fim de semana marcado por violência, polícia entra em confronto com detentos em greve de fome
Opera Mundi – O fim de semana foi marcado por violência e apreensão frente à greve de fome adotada por um grupo de detentos na prisão norte-americana de Guantánamo, em Cuba.
Os abusos policiais somados às más condições sociais em que vivem os presos resultaram em um confronto no último sábado (15/04). Segundo informações do Pentágono, militares norte-americanos dispararam armas de efeito moral contras os prisioneiros.
O objetivo da ação policial era isolar do convívio comum os que se encontravam em greve de fome, para colocá-los em celas solitárias. A medida, e também a forma agressiva como os militares abordaram os detentos, já fragilizados pela fome, causaram repúdio entre os demais detentos, que partiram para o confronto com os norte-americanos.
A edição desta segunda-feira (15) do jornal The New York Times desta segunda-feira (15/04) publicou um relato dramático de um dos detentos.
“Estou em greve de fome desde o dia 10 de fevereiro e perdi cerca de 15 quilos. Não vou comer até que devolvam minha dignidade. Estou em Guantánamo por 11 anos e três meses e nunca fui julgado ou acusado por nenhum crime. Disseram que eu era um guarda de Osama bin Laden. E apenas isso”, afirma um detento de 35 anos que foi preso no Afeganistão por suspeita ligação com os ataques de 11 de setembro.
Segundo o relato, oficiais norte-americanos amarram os detentos em camas dentro da prisão e injetaram soro fisiológico à força. “Fiquei amarrado à cama por 26 horas sem poder ir ao banheiro. Me colocaram um catéter, que foi doloroso, degradante e desnecessário”, afirmou.
Segundo informações do jornal espanhol El Mundo, os incidentes aconteceram no pavilhão 6 de Guantánamo, local onde 50 dos 130 presos estão locados. Segundo uma fonte do Pentágono que pediu sigilo, 41 detentos estão em greve de fome e 11 desses tem sido alimentados à força com soros.
Muitos deles não se alimentam há mais de dois meses em protesto contra os abusos praticados pelos militares. A informação partiu de advogados dos prisioneiros, que alertam para a precariedade da saúde deles, classificada de “extremamente grave”.