Akemi Nitahara* – Agência Brasil
Rio de Janeiro – No Brasil, a divisão de gêneros sempre fez com que as mulheres buscassem profissões mais ligadas à educação e às ciências humanas, enquanto os homens são levados para as ciências exatas e a engenharia. A afirmação foi feita ontem (9) pela ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para as Mulheres, ao participar do painel Mulheres e Inclusão na América Latina. O painel é parte da programação do Fórum de Líderes de Governo – América Latina e Caribe, que debate, até hoje (10), experiências sobre as oportunidades que a tecnologia da informação traz para a região.
Segundo a ministra, o evento é uma oportunidade para iniciar uma mudança nesse paradigma. “É necessário, é importante porque traz uma discussão que não está muito no campo das mulheres ainda, embora as mulheres estejam muito capacitadas para fazer. E há também a abertura de possibilidades de parceria com o setor privado”, destacou.
Eleonora citou o Programa Meninas e Jovens Fazendo Ciência, Tecnologia e Inovação, lançado no dia 13 de março. O termo de cooperação entre a Secretaria de Políticas para as Mulheres, os ministérios da Educação e da Ciência, Tecnologia e Inovação, a Petrobras e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) foi publicado ontem (8) no Diário Oficial da União e está em fase de implementação.
“É uma indução positiva para que as meninas, desde o ensino médio e fundamental, se interessem, e elas terão bolsa de estudo para isso, com orientação de professoras, de universidades e do próprio ensino”, disse a ministra. O projeto prevê, até o final de 2014, o investimento de R$ 12 milhões em chamadas públicas e feiras de projetos de iniciação científica e tecnológica. A estimativa é selecionar 250 projetos em todo o país.
No mesmo painel, a embaixadora do México no Brasil, Maria Beatriz Paredes, ressaltou que, para melhorar o incentivo à participação de mulheres nas profissões que envolvem mais tecnologia, é preciso resolver os problemas estruturais existentes no ensino da matemática. Além disso, ela questionou os líderes do setor de tecnologia da informação sobre o conteúdo de videogames que “não trazem nada de educativo, apenas incentivam a criança a saber quantas pessoas está matando”.
Na abertura do painel, a secretária executiva da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), Alicia Bárcena Ibarra, disse que as mulheres da região ainda enfrentam diversos problemas para chegar à autonomia econômica, como a tensão produtiva-reprodutiva, o trabalho remunerado e o não remunerado, as desigualdades no sistema laboral e o acesso a ativos econômicos como crédito, propriedade e tecnologia.
“A brecha digital entre homens e mulheres se mantém em todos os níveis educacionais. Em nove de dez países levantados, os homens acessam mais a internet do que as mulheres. Além disso, há um predomínio de programas sociais que reforçam as diferenças de gênero e as responsabilidade da mulher. É preciso um pacto político, com participação do estado, da família, mercado e sociedade para superar isso”, destacou Alicia.
*Edição: Nádia Franco
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Enviada por José Carlos para Combate Racismo Ambiental.