Ato liderado pelo deputado estadual Marcelo Freixo (Psol) reuniu lideranças religiosas e artistas na praia de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro
Texto e foto de André Naddeo, para o Terra
Uma marcha pelo direito ao Estado laico e contra o pastor e presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Congresso Nacional, deputado federal Marco Feliciano (PSC) reuniu manifestantes e lideranças religiosas na manhã deste domingo, na praia de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro. A organização estimou a presença de 1,5 mil pessoas no ato.
Com faixas com dizeres como “Nada deve ser impossível de mudar”, e com gritos contra o atual presidente da CDH, como “Feliciano, você vai ver, a maioria não precisa de você”, o ato foi liderado pelo deputado estadual e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, Marcelo Freixo (Psol), e contou com representação de artistas globais, como a atriz Luana Piovani, além do deputado federal Jean Wyllys (Psol), da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Humanos.
“Vivemos num Estado laico, esse é o principal ponto, e não a religiosidade dele. Suas falas e convicções representam a violação dos direitos humanos, ele não tem condições de representar uma comissão tão importante”, opinou Freixo, ciente também de que Feliciano não vai abrir mão do cargo e que a estrutura do Congresso Nacional é quem deve se mobilizar para retirá-lo.
“Não é nosso objetivo, e sim mexer com a estrutura do Congresso e com a opinião pública. A gente espera que o Congresso tome uma posição, pois é um assunto muito sério”, completou.
Jean Wyllys, por sua vez, entende que a estrutura engessada de distribuição de comissões acabou por legitimar a posição de Feliciano, uma vez que a indicação foi do próprio PSC.
“Quando a gente identificou isso, sugerimos o nome do (deputado) Hugo Leal, que é um cara com diálogo aberto”, lembrou. “Um cara reacionário como o Feliciano não pode estar nesta posição. Estamos pressionando. A maneira dele agir é arbitrária, e vamos continuar lutando”, acrescentou Wyllys.
Feliciano foi eleito presidente da CDH mesmo com um histórico de declarações tidas como homofóbicas e racistas. É contra representações como esta que o padre Ricardo Resende, uma das lideranças religiosas presentes, e membro do Movimento Humanos Direitos, fez questão de marcar presença no ato desde domingo ensolarado.
“Cristo é aquele que acolhe, não que repele. A homofobia e o racismo negam os valores essenciais do cristianismo. E esse deputado representa exatamente o contrário à frente de uma comissão tão importante”, disse.
Dentre os manifestantes que, ao tomarem conhecimento da causa, se juntaram à marcha, estava dona Angela Chagas, 64 anos. Com um avental feito, propositalmente, com saco de farinha, e com o escrito “fora, Feliciano”, ela criticou a juventude que prefere aproveitar o domingo de sol e não gasta uma hora sequer para protestar contra o que considera um ultraje do Congresso Nacional.
“Estou indignada. A gente tem que lembrar que político tem medo de massa, quem manda somos nós, mas tem que fazer as pessoas saírem de casa”, lembrou.
Além de Freixo e Willys, participam da organização do ato a Comissão de Direitos Humanos da OAB, a Comissão de Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), a Justiça Global, e a Rede Fé e Política do Rio de Janeiro.