Jovem indígena comete suicídio na aldeia Tekoha Mirim, em Guaíra/PR

Jovens indígenas na aldeia Tekoha Mirim, em Guaíra/PR

CTI – Na noite de 27 de março, por volta das 20 horas, o jovem Sabino Rivarola, de 18 anos, cometeu suicídio por enforcamento na aldeia Tekoha Mirim, no município de Guaíra/PR. A situação extrema de miséria e pobreza em que vivem os índios na região oeste do Paraná, bem como a falta de perspectiva para o futuro de jovens e adolescentes levam muitos deles a cometerem atos dessa natureza.

Sabino vivia junto de sua mãe e sua avó, além de quatro irmãos mais novos em aldeia indígena localizada nas imediações da “estrada da faixinha”, próximo ao lixão municipal de Guaíra/PR. O jovem cursava o terceiro ano do ensino médio e pretendia tornar-se agente comunitário de saúde para ajudar sua família, que atualmente não possui nenhuma fonte de renda e depende de programas sociais do governo federal.

Nos últimos anos foram registrados cinco casos de suicídio de indígenas por enforcamento no município de Guaíra, além de inúmeras tentativas por envenenamento, a maior parte dos casos de pessoas entre 15 e 30 anos. Os Guarani são de longe a etnia indígena com os maiores índices de suicídio no país, tendo sido registrados 863 casos entre 2000 e 2011, sendo que estes números seguramente pode se estender a mais de 1000 mortos por enforcamento.

Nos últimos meses, o movimento de oposição à presença indígena em Guaíra tem aumentado extremamente de proporção, por vezes incitando o preconceito étnico-racial e disseminando informações distorcidas para mobilizar a população contra os índios. Segundo informações das lideranças, todos os índios que trabalhavam regularmente no município foram demitidos e existe um pacto da iniciativa privada para não oferecer emprego a pessoas de origem indígena.

Atualmente existem oito aldeias indígenas Avá-Guarani no município de Guaíra e cinco em Terra Roxa, que totalizam cerca de 1800 pessoas, sendo a sua maioria formada por crianças e adolescentes. A maior parte dos adultos atualmente se encontra desempregado e os jovens tem poucas perspectivas para conseguirem uma vida com maior dignidade. Sem o acesso a terra os índios tem dificuldades para prosseguir com seu modo de vida tradicional e, com a rejeição e o preconceito enfrentados na cidade, eles tampouco conseguem se adaptar a vida urbana, que os afasta de sua cultura, costumes e tradições.

“Ele se matou porque era muita dificuldade, muito sofrimento. A vida do índio é muito difícil”, afirma Arnaldo Dias, cacique da aldeia Tekoha Mirim. Arnaldo veio há cerca de seis anos da Terra Indígena Jaguapiré, localizada no município de Tacuru/MS. Arnaldo veio para viver junto de seus pais, que nasceram na região de Guaíra em meados da década de 1940.

O sepultamento do jovem Sabino Rivarola seria realizado no dia seguinte, na própria aldeia, com a realização de cantos e danças de oração, de acordo com os costumes indígenas.

Compartilhada por Sonia Guarani Kaiowá Munduruku.

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.