por Elaíze Farias
Carta enviada hoje (1 de abril) por Valdenir Boro, liderança indígena, sobre a intensa ação policial na aldeia munduruku. Os munduruku estão sofrendo forte pressão do governo federal para autorizar a construção de hidrelétricas no Tapajós. A situação é muito grave. Esta carta chegou a mim por meio do Rosha, do Cimi. Eis a Carta:
“Jacareaganga, 1 abril de 2013
Prezados Amigos,
Nós povo Munduruku em defesa de nossas florestas e de nosso território, minha Aldeia há pouco tempo foi literalmente invadida por policiais federais que resultou no assassinato de um parente nosso e varias pessoas feridas incluindo crianças, jovens, adultos, idosos e mulheres, numa ação covarde e criminosa, a mando de um governo que só pensa em crescimento, desenvolvimento, sem se preocupar com nossas culturas, nossas crenças, nossos costumes, nosso povo é um povo especial! Um povo que já existia muito antes deles chegarem aqui, nessa terra onde chamam de Brasil. Brasil é a nossa terra! Somos-nos os verdadeiros brasileiros, tudo que tinha aqui, antes era nosso.
Mas agora não temos direito mais a nada, e o pouco que temos querem nos tirar a força, para executarem projetos do governo como construção de Usinas Hidrelétricas em nossos rios, desrespeitando todos os nossos direitos e acabando com o futuro de nosso povo, já estou cansado de ver meus parentes indígenas sendo mortos, sendo expulsos de suas terras de origem, sendo desrespeitados, sou um guerreiro! E quero lutar junto com outros guerreiros para ajudar o meu povo e todos os povos do Brasil a ter um futuro melhor, mas para isso eu preciso de vocês meus amigos e parentes indígenas e não indígenas do Brasil e do mundo! Vamos se unir forma uma grande corrente de luta para ajuda nosso povo, nossas crianças e principalmente nossa mãe natureza, vamos mostra nossa força e o nosso espírito de guerreiro eu sou um grande guerreiro e não vou deixa meu povo abandonado, vou lutar ate a morte, mas morrerei com orgulho de esta lutando pelos meus direito.
Dia 27 de março cerca de 250 militares da força nacional, está em nossas terras, o governo está nos tratando como se fossemos terroristas e bandidos, esses policiais estão preparados para a guerra, nós não queremos guerra, queremos dialogar com o governo.
Por isso, meus amigos venho através desta, solicitar de vocês uma contribuição para a nossa marcha em defesa dos nossos Rios e Florestas na Amazônia, que iniciará dia 20/04/2013, saindo de Jacareaganga em direção a Altamira onde está se construindo a Hidrelétrica Belo Monte que está destruindo o Rio Xingu e 9 povos indígenas da região. Sabemos que somente a nossa luta poderemos impedir as construções das hidrelétricas nos territórios Mundurucanha.
Agradecemos desde já a sua contribuição, em anexo encaminhamos o orçamento.
Valdenir Boro”